O chamado

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A chuva caía em um ritmo monótono, ecoando no vidro da janela do pequeno apartamento de Sophia. Era uma noite típica de outono, em que as gotas dançavam no vidro, criando um padrão hipnotizante que parecia querer contar histórias. Com uma xícara de chá quente em mãos, Sophia se acomodou no sofá, pronta para mergulhar em mais um episódio do seu podcast favorito.

Ela sempre foi fascinada por mistérios, por aquelas histórias que pareciam desafiar a lógica e a realidade. Enquanto os apresentadores falavam sobre fenômenos inexplicáveis e mundos paralelos, Sophia não conseguia deixar de se perguntar o que havia além de sua vida monótona e previsível. A rotina de trabalho no escritório, os compromissos diários e as noites solitárias se tornavam cada vez mais pesados sobre seus ombros.

Assim que o episódio começou, uma música misteriosa envolveu o ambiente, e a voz do narrador preencheu o ar com promessas de segredos e aventuras. O episódio tratava de um áudio antigo, encontrado por acaso, que tinha o poder de transportar as pessoas para realidades alternativas. Sophia riu da ideia, considerando-a apenas mais uma das muitas ficções criativas que a distraíam de sua vida.

Mas, de repente, algo mudou. O narrador começou a descrever um áudio que, ao ser ouvido, poderia abrir portas para outras dimensões. A música intensificou-se, e um frio percorreu a espinha de Sophia. Com o coração acelerado, ela prestou atenção enquanto ele falava de sons ocultos, melodias que ecoavam entre os mundos, quase como um canto hipnótico que atraía aqueles que estavam prontos para ouvir.

Sem saber por que, Sophia pegou seu celular e procurou o áudio. Os olhos dela brilharam quando, por curiosidade, decidiu reproduzir o áudio que o narrador mencionara. O som envolvente começou a tocar, e uma onda de calor a envolveu. Era como se as palavras e a música se entrelaçassem em um feitiço, puxando-a para dentro da tela.

A sala ao seu redor começou a desvanecer. As paredes, as sombras e até mesmo o som da chuva desapareceram em um vórtice de luz e cores. Sophia tentou gritar, mas sua voz ficou presa na garganta. A última coisa que viu foi seu sofá se dissolvendo sob ela, e a sensação de estar flutuando a levou para um espaço vazio.

Quando a luz finalmente se dissipou, Sophia se encontrou em um lugar completamente diferente. Era um campo vasto, repleto de flores coloridas que balançavam suavemente com a brisa. O céu tinha um tom de azul mais intenso do que qualquer coisa que ela já tinha visto. Mas não era apenas a beleza do lugar que a deixou sem palavras; era a sensação palpável de que algo mágico estava prestes a acontecer.

Ela não estava sozinha. À sua frente, um homem estava parado, olhando para ela com um misto de surpresa e curiosidade. Ele tinha a pele morena e olhos castanhos que refletiam uma profundidade única, como se guardasse segredos ancestrais. O cabelo escuro caía em ondas despojadas, e uma expressão de determinação e suavidade misturadas emanava dele.

"Quem é você?" Sophia conseguiu perguntar, a voz trêmula de emoção.

"Dominic," ele respondeu, a voz ressoando com uma confiança que a fez sentir-se segura, mesmo em meio à confusão. "Você não deveria estar aqui."

A frase ecoou na mente de Sophia. "O que você quer dizer com isso?"

"Este não é o seu mundo," ele respondeu, e Sophia notou que a expressão dele mudara, como se o peso da realidade estivesse sobre seus ombros. "Mas você chegou aqui por um motivo. E agora, precisamos descobrir o que é."

Sophia sentiu seu coração disparar. Ela havia se encontrado em um novo mundo, mas, mais do que isso, ela havia se encontrado em um enigma que prometia mudar tudo. O medo e a excitação misturaram-se enquanto ela se preparava para explorar as possibilidades do desconhecido, ciente de que sua vida nunca mais seria a mesma.

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