Ataques

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A manhã seguinte despertou com uma serenidade inquietante, o sol se levantando timidamente sobre as copas das árvores da Floresta dos Ecos. Sophia e Dominic estavam de volta em sua morada, mas a conversa com Aria ainda pesava sobre eles como uma nuvem escura. Os ecos do que haviam enfrentado, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, reverberavam nas paredes de seu lar.

Sophia se levantou, os raios de sol filtrando-se através das janelas, criando padrões dançantes no chão. A luz quente a envolveu, mas a tensão em seu coração a fez hesitar. Havia algo diferente em sua vida agora, uma mudança irreversível após a batalha. A ideia de poder, e de como isso poderia afetá-la, ainda a consumia.

Dominic estava sentado na mesa da cozinha, o olhar fixo em uma xícara de café. Ele parecia perdido em pensamentos, e ao vê-la, um leve sorriso surgiu em seu rosto. "Bom dia," ele disse, a voz suave como a brisa da manhã. "Como você se sente?"

Sophia hesitou. "Ainda estou pensando na proposta de Aria," confessou, aproximando-se dele. "É tentadora, você não acha? A ideia de ter poder... de não ser mais vulnerável."

"Poder pode ser uma faca de dois gumes," Dominic respondeu, sua expressão séria. "Lembre-se do que vimos. O espírito que atacou você era alimentado pelo medo. E, quando você começa a buscar poder, pode acabar se perdendo no caminho."

Ela mordeu o lábio, as palavras dele ecoando em sua mente. "Mas e se isso significar que eu poderia te proteger de verdade? Não quero ser um fardo para você."

Dominic levantou a mão, acariciando o rosto dela. "Você nunca foi um fardo. O que enfrentamos juntos nos fortalece. Eu não quero que você se sinta pressionada a mudar por causa disso."

Sophia sorriu, mas a insegurança ainda a assombrava. "Eu só... quero ser a melhor versão de mim mesma. Às vezes, sinto que não estou à altura do que você merece."

"Você é perfeita do jeito que é," ele insistiu, a intensidade em seus olhos fazendo seu coração acelerar. "E lembre-se, eu escolhi você, e isso nunca mudará."

Um silêncio confortável se instalou entre eles, mas a sombra da conversa anterior pairava no ar. Sophia decidiu que precisava de um momento para refletir. "Preciso de um tempo sozinha," disse, quase em um sussurro.

"Claro," Dominic respondeu, percebendo a necessidade dela de espaço. "Eu estarei aqui."

Ela saiu para o exterior, o ar fresco e puro envolvendo-a como um abraço. Enquanto caminhava pela floresta, o som das folhas sob seus pés parecia sussurrar segredos que ela precisava descobrir. As árvores ao redor a observavam, majestosas e imperturbáveis, e, por um breve momento, ela sentiu que fazia parte de algo maior.

À medida que se afastava, Sophia sentiu a presença de uma energia estranha. Era como se a floresta estivesse viva, sussurrando verdades ocultas. Ela parou em um pequeno clearing, onde a luz do sol caía em cascata sobre um pedaço de terra coberto de flores silvestres. Ali, decidiu se sentar e se concentrar em seus sentimentos.

Sophia fechou os olhos, permitindo que a calma a envolvesse. As imagens do que acontecera com Aria e o espírito maligno ainda dançavam em sua mente, e a proposta da mulher ecoava como um canto hipnótico. Ela se viu em um dilema. A busca pelo poder poderia significar proteção, mas também poderia afastá-la do que realmente importava: seu amor por Dominic.

"Eu só quero ser forte," ela murmurou para si mesma, sua voz perdida na brisa suave.

Naquele momento de introspecção, uma visão começou a se formar em sua mente. Ela viu imagens de sua vida anterior, momentos com amigos e família que agora pareciam tão distantes. Lembrou-se de momentos negativos, lágrimas e até das desilusões que sentiu quando percebeu que ninguém era verdadeiramente genuíno. "Dominic é tudo o que eu preciso." Ela afirma pra si mesma.

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