Dominic

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Dominic olhou para o vazio à sua frente, os olhos fixos no lugar onde Sophia deveria estar. Uma parte dele ainda esperava que ela simplesmente aparecesse, como se tivesse apenas se escondido em algum canto, brincando com ele. Mas a realidade era cruel. Ela não estava ali. E a sensação de perda queimava em seu peito como uma ferida aberta.

O vento carregava consigo o perfume dela, uma mistura de lavanda e algo mais, algo que era puramente Sophia. Ele fechou os olhos, inspirando profundamente, tentando se conectar àquela lembrança antes que ela se esvaísse por completo. Ele sabia que, em algum lugar, ela estava lutando para voltar. Ele podia sentir o elo entre eles vibrando, uma conexão antiga que se recusava a ser quebrada, mesmo pela distância das realidades.

"Volta pra mim, Sophia," ele murmurou, quase como uma prece. Mas o universo permanecia em silêncio, sua resposta envolta em um mistério que Dominic não conseguia desvendar.

Desde o momento em que ela desapareceu, Dominic mergulhou de cabeça no estudo de antigos grimórios e encantamentos. Ele sabia que havia uma forma de trazê-la de volta, que existia uma maneira de romper a barreira entre os mundos e encontrar a realidade em que Sophia estava presa. Ele só precisava descobrir como. Mas o tempo era um inimigo cruel, e cada segundo que passava parecia afastá-la ainda mais.

Ele abriu um velho grimório, seus olhos percorrendo as páginas amareladas e cheias de símbolos que pulsavam com uma magia que ele mal compreendia. Ali, entre as palavras antigas, ele encontrou uma menção a um ritual de reconexão—um feitiço que poderia permitir que ele enviasse uma mensagem direta para ela, onde quer que estivesse. Mas era arriscado. Havia uma chance de que o ritual criasse uma ruptura ainda maior, tornando impossível para ela voltar.

Dominic hesitou. Ele sentiu o peso da decisão sobre seus ombros. Deveria arriscar tudo para tentar alcançá-la, mesmo que isso significasse complicar ainda mais a situação? Ou deveria esperar, confiar que Sophia encontraria o caminho de volta por conta própria?

Mas a incerteza o consumia, e ele sabia que precisava tentar algo mais extremo. Dominic então tomou uma decisão ousada: buscar a ajuda de uma entidade poderosa, uma criatura capaz de atravessar realidades e abrir portais para mundos além do seu alcance. Ele sabia que pactuar com tal ser era perigoso, mas estava disposto a arriscar qualquer coisa por Sophia.

Ele traçou um círculo no chão com um pó dourado, sussurrando palavras antigas enquanto acendia velas ao redor. Quando terminou a invocação, uma figura encapuzada e envolta em sombras apareceu dentro do círculo, os olhos brilhando como brasas.

"Você deseja atravessar para outra realidade," a entidade falou, sua voz ecoando como se viesse de todos os lugares e de lugar nenhum ao mesmo tempo. "O preço é alto, e mortal. Está disposto a pagar?"

"Eu pago qualquer preço," Dominic respondeu sem hesitar, seu olhar firme e determinado. "Só me leve até ela."

A entidade o observou por um momento que pareceu uma eternidade, antes de rir, um som que soou como mil vozes sussurrando em uma harmonia perturbadora.

"Ah, mas você não é qualquer um," a entidade disse, com um toque de diversão em sua voz. "Você pertence a outra realidade... e é imortal. Isso complica as coisas. Seu tipo não pode ser facilmente movido através das linhas do destino. Você é uma anomalia, uma peça que não se encaixa em qualquer tabuleiro."

Dominic sentiu um nó se formar em seu estômago. "O que isso significa? Que eu não posso ir até ela?"

"Significa que seu próprio ser é uma barreira," respondeu a entidade. "Você está preso à sua realidade como uma âncora que nunca pode ser levantada. E por mais que eu queira aceitar o contrato, a sua imortalidade torna impossível transferir sua essência para onde ela está."

O desespero tomou conta dele. Ele estava disposto a dar tudo, até mesmo sua alma, e ainda assim isso não era suficiente. A entidade se desfez em uma nuvem de fumaça, deixando-o sozinho novamente no círculo, com apenas a solidão e a frustração como companhia.

"Eu nunca vou desistir de você, Sophia," ele disse em voz baixa, os punhos cerrados. "Eu vou encontrar outra forma. Mesmo que eu tenha que destruir as leis deste universo para te trazer de volta."

O brilho que antes tremeluzia no ar havia sumido, mas Dominic sabia que a batalha ainda não estava perdida. Sophia estava lá fora, lutando por ele, e ele faria o mesmo por ela, não importava o quanto isso lhe custasse. Porque uma coisa era certa: eles estavam destinados a se encontrar, em qualquer mundo, em qualquer vida.

Notas da autora:

Espero que estejam gostando da leitura 🖤

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