Reencontro

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Um ano.

Doze longos meses se passaram desde que Sophia ficou presa nesta realidade distante, longe de Dominic. A cada dia que se arrastava, ela sentia seu coração murchar um pouco mais, como se a própria essência da vida estivesse se esvaindo lentamente. O mundo ao seu redor parecia uma prisão de sombras e ecoava apenas a saudade e a desesperança.

Ela havia tentado de tudo para retornar a Dominic. Cada feitiço, cada ritual que conhecia, cada gota de sua magia foi usada, mas nada a trouxe de volta para os braços dele. A única coisa que a mantinha de pé era o amuleto que ele havia lhe dado, um lembrete de que seu amor ainda a aguardava, onde quer que estivesse.

Até que, numa noite fria e silenciosa, uma figura familiar apareceu diante dela. Era a entidade que Dominic havia invocado um ano atrás. Envolta em um manto de escuridão e energia pura, seus olhos brilhavam como brasas, e seu sorriso era uma sombra de enigmas não resolvidos.

"Finalmente nos encontramos, Sophia," disse a entidade, sua voz ecoando como um sussurro que se espalhava por todas as direções. "Há muito que espero por este momento."

Sophia ergueu o olhar para a criatura, sua expressão uma mistura de cansaço e desconfiança. "O que você quer de mim?" Ela sabia que nada de bom viria de pactos com seres desse tipo, mas estava desesperada. E talvez, apenas talvez, essa fosse sua única chance de voltar para Dominic.

"Eu posso levá-la de volta para ele," a entidade falou, cada palavra carregada de promessa e perigo. "Posso romper as barreiras que a separam de Dominic. Mas, em troca, você terá que fazer um sacrifício."

Sophia estreitou os olhos, o coração acelerando. "Qual é o preço?"

A entidade sorriu, um sorriso de mil segredos. "Você terá que deixar de existir nesta realidade. Abandonar tudo o que você é aqui e tornar-se uma parte da realidade de Dominic. Seu corpo, sua alma, sua essência... tudo deve ser transformado. Você se tornará imortal, como ele, para que estejam unidos além do tempo, mas nunca poderá voltar ao que era antes."

Sophia ficou em silêncio, observando a entidade. Ela sabia que o sacrifício seria grande, mas quando fechou os olhos e deixou sua mente vagar por suas lembranças, percebeu algo que há muito tentava ignorar: sua antiga vida, suas amizades e até mesmo sua família, todos pareciam uma névoa distante, como se nunca tivessem sido verdadeiramente reais.

Ela viu, em uma série de visões rápidas e dolorosas, cada ano de sua vida na antiga realidade se desfazendo diante de seus olhos. As memórias desvaneceram como folhas secas ao vento. Ela viu os rostos das pessoas que um dia chamou de amigos, mas agora, olhando mais de perto, percebia como eram vazios e superficiais. Suas conversas, suas risadas, suas promessas de lealdade... tudo parecia uma grande ilusão, uma encenação para esconder as suas verdadeiras intenções.

E então, ela viu sua família — aqueles que deveriam amá-la incondicionalmente. Mas nos olhos deles, ela viu julgamentos silenciosos, olhares de indiferença, e palavras que nunca foram ditas, mas que ela sempre sentiu em seu coração. A sensação de nunca ser completamente aceita ou entendida, de ser sempre a estranha, a que não se encaixava.

Cada memória que se desvanecia deixava claro que ninguém em sua vida anterior havia sido completamente verdadeiro com ela. O vazio dessas conexões superficiais parecia tão pequeno comparado ao amor genuíno que ela compartilhava com Dominic. Ele era a única constante, a única verdade em um mundo que sempre a tratou como uma peça fora do lugar.

"Eu aceito," Sophia disse com firmeza, sua voz carregada de uma força renovada. "Aceito deixar tudo para trás, aceito me tornar imortal, se isso significar que poderei estar com ele. Nada mais importa."

A entidade sorriu, satisfeita. "Então está feito."

Em um instante, Sophia sentiu sua essência ser arrancada do corpo, como se cada pedaço de quem ela era estivesse se desintegrando e se reconstruindo em algo novo, algo poderoso e eterno. Ela se sentiu fragmentar e, ao mesmo tempo, se reunir em uma versão mais forte e completa de si mesma. Sua humanidade se esvaía, mas em troca, uma nova vida surgia — uma vida sem fim ao lado de Dominic.

Enquanto suas memórias da antiga realidade desapareciam, Sophia sentiu apenas uma leve dor de desapego, como se estivesse deixando para trás um peso que a prendia. Para ela, não fazia diferença, pois sabia agora, mais do que nunca, que Dominic era a única pessoa que importava. Ele era sua verdade, seu lar.

A escuridão ao seu redor começou a se desfazer, e a luz tomou conta de tudo. Quando Sophia abriu os olhos novamente, não estava mais naquele mundo sombrio e vazio. Ela estava de volta à realidade de Dominic, mas agora, algo dentro dela havia mudado.

Ela era imortal.

E então, ela o viu. Dominic estava lá, de pé, com os olhos arregalados, incrédulo, como se tivesse medo de acreditar que ela realmente estava diante dele.

"Sophia?" ele sussurrou, dando um passo hesitante em direção a ela, os olhos brilhando com uma mistura de esperança e descrença.

Ela sorriu, sentindo o calor do seu amor inundar cada parte de sua alma. "Eu voltei para você, Dominic," disse, sua voz carregada de emoção. "E desta vez, é para sempre."

Dominic não perdeu mais nenhum segundo; ele a puxou para seus braços, segurando-a como se nunca mais fosse soltar. Ele podia sentir a mudança nela, a nova imortalidade que compartilhavam. Mas, acima de tudo, ele podia sentir que a mulher que amava estava de volta, e nada mais importava.

Eles se beijaram, e naquele momento, entrelaçados, souberam que finalmente haviam vencido as barreiras entre mundos, entre vidas, entre o impossível. Agora, eles estavam juntos, imortais e inseparáveis, prontos para enfrentar qualquer desafio que o destino ousasse lançar em seu caminho.

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