A cura da alma

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Os dias seguintes foram uma montanha-russa emocional. Após a experiência devastadora de perder a gravidez, Sophia estava mergulhada em um mar de sentimentos contraditórios. Às vezes, sentia-se perdida e desamparada; outras vezes, tentava se erguer com a força que sempre acreditou ter. Mas, acima de tudo, havia um desejo profundo de curar, de seguir em frente.

Dominic ficou ao seu lado o tempo todo, sua presença uma âncora em meio ao caos. Ele estava tão atento às necessidades dela que, por vezes, Sophia sentia-se culpada por sua dor. "Você não precisa ser forte o tempo todo," ele lhe dizia, pegando sua mão. "Deixe-me ser seu apoio."

Naquela tarde, enquanto o sol filtrava sua luz suave pelas janelas, Sophia decidiu que era hora de enfrentar sua dor. Em um momento de vulnerabilidade, ela se sentou no sofá, cercada por almofadas macias e aconchegantes. "Dominic, precisamos conversar," ela disse, a voz trêmula.

"Claro, amor," ele respondeu, sentando-se ao seu lado e segurando sua mão. "O que você está pensando?"

Sophia olhou para as mãos entrelaçadas. "Eu não sei como me sinto. Às vezes, sinto uma dor tão intensa que mal consigo respirar. E em outros momentos, sinto que quero lutar contra isso, mas não sei como."

Dominic se inclinou para mais perto, seus olhos fixos nos dela. "Não há problema em sentir dor. É parte do processo. Mas você não precisa passar por isso sozinha. Eu estou aqui, sempre estarei."

As palavras dele foram um bálsamo, e Sophia sentiu algumas das tensões começarem a se dissipar. "Eu só quero entender por que isso aconteceu. O que eu fiz de errado?" A dúvida a consumia.

"Você não fez nada de errado," ele respondeu firmemente. "Às vezes, a vida é cruel e não faz sentido. Mas isso não diminui a sua força ou o que você é. Você é a mulher mais incrível que já conheci."

As palavras dele aqueceram seu coração. Contudo, a dúvida ainda persistia. "E se eu não puder ter filhos? E se isso for só o começo de mais dor?" Ela estava lutando contra o pânico que se formava em seu peito.

"Não pense assim. Nós ainda temos muito o que viver e muitas memórias para criar. E se o futuro nos levar a essa estrada, enfrentaremos juntos. Eu não vou deixar você sozinha," Dominic disse, seu olhar determinado.

A sinceridade dele trouxe um pequeno sorriso ao rosto de Sophia. "Obrigada, meu amor. Às vezes, só preciso ouvir isso. Meus sentimentos são intensos, e eu tenho medo de deixá-los tomar conta."

"E eu estarei aqui para ajudá-la a navegar por tudo isso," Dominic respondeu, inclinando-se para beijá-la suavemente. O toque dos lábios deles era como um alívio, um lembrete do amor que compartilhavam.

Nos dias que se seguiram, a vida começou a ganhar um novo ritmo. Wendy e Merlin foram um suporte constante, sempre prontos para oferecer um sorriso ou um ouvido amigo. Eles organizavam pequenos encontros, tentando manter o ânimo e distrair Sophia. Embora os momentos de riso fossem mais raros, cada um deles era precioso.

Certa manhã, enquanto tomavam café juntos, Wendy entrou na sala com uma expressão de entusiasmo. "Ei, pessoal! Eu estava pensando que poderíamos fazer algo especial para animar a Sophia! O que acham de uma caminhada no bosque? Ou talvez um piquenique?"

Merlin sorriu. "Acho que é uma ótima ideia. Um pouco de ar fresco pode fazer maravilhas."

Sophia hesitou. "Eu não sei, não quero estragar a diversão de vocês."

Dominic rapidamente a interrompeu. "Não, você vai. Precisamos fazer algo juntos. Vamos. O ar fresco e a natureza farão bem a você."

O olhar amoroso dele encorajou Sophia. Ela começou a se sentir animada com a ideia. Afinal, um pouco de mudança de cenário poderia ser exatamente o que ela precisava. "Ok, vamos! Um piquenique parece maravilhoso," ela respondeu, seu espírito começando a renascer.

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