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Um mês depois do acidente, Bella ainda era a sensação de Forks. Era extremamente divertido ver o que ela faria para se livrar de seus admiradores, até que sua tática fui eu. Depois de dizer a todos que íamos a Seattle no final de semana do baile, eu acabei aceitando a viagem não planejada. Não tinha intenção de ir aquele baile mesmo.

— Não precisa vim se não quiser. — ela diz depois de convencer nosso pai, que já estava sentado em sua poltrona meio acordado.

— E deixar você andar sozinha por aí? — bato o pano de prato em seu braço. — De jeito nenhum. Já te disse, agora você ganhou escolta pro resto da vida.

— É uma viagem de quatro horas — ela me lembra.

— Ainda vai sobrar assunto para a volta se depender de mim.

Ela parece aceitar minha companhia, e termina de lavar os pratos em silêncio. A proteção excessiva ainda era pura se estava coberta de culpa? Por que era a única coisa que eu sentia desde o acidente. Não havia acontecido nada demais, graças a Deus, mas e se Edward não estivesse com ela? Nada disso teria acontecido se eu tivesse pedido para ela ficar. Eu me sentia tão culpada por algo que eu sequer entendia. Bella não entendia o porquê de todos aquele olhares de minha parte, ou companhias forçadas, mas não reclamava.

Quando terminamos o serviço, decido varrer a casa mais uma vez, e depois arrumar meu guarda roupa pode ser interessante. Já que vou para as compras em Seattle, posso separar algumas peças para a doação.

Eu estava apavorada em dormir novamente.

Esses meses tem sido uma tortura. Eu não havia sonhado com mais nada, mas a mínima possibilidade era o suficiente para passar noites em claro. Algumas vezes eu virava noites lendo alguns livros que Bella trouxe, outras eu conversava com Morgana ou Leah até pegar no sono. Elas eram bem pacientes comigo, mesmo sem saber o motivo da minha estranha insônia forçada. Estava tentando hobbies novos também, e descobri ser um desastre em desenhos, mas tinha um certo talento para a escrita.

Tomo meu remédio rezando para qualquer um que me escutasse para que funciona-se antes de ir até a sala acordar meu pai, que ainda segurava o controle da TV enquanto roncava.

— Pra cama, mocinho. — o chacoalho de leve.

— Já vou. — ele balbuciou. Dei-lhe um beijo na bochecha antes de voltar para meu quarto.

Decido ir até o quarto de Bella, talvez para verificar, talvez para enrolar mais um pouquinho. Ela já estava em um sono profundo quando eu abro a porta vagarosamente. Seu quarto estava um caos completo, com roupas espalhadas pela cama, cadeira. Já achei o que fazer amanhã a tarde! Sua janela estava aberta, permitindo que algumas gotas de chuva molhássem o chão de madeira. Caminho o mais lentamente possível e as fecho, mas paro antes de me virar para sair. Sabe aquela sensação de estar sendo observada? Aquele arrepio pela espinha, o formigamento nas costas. Tento enxergar pelo vidro mas apenas consigo distinguir algumas formas distorcidas pelas gotas que escorriam por ali. Balanço a cabeça, tentando afastar o pensamento.

"Eu moro em Forks. Que perigo pode ter em Forks?"

Em alguns segundos — rápidos demais na minha opinião — já estou em meu quarto, sozinha comigo mesma. Como em alguns meses eu passei a odiar minha própria companhia? Já não devia estar acostumada com a auto sabotagem da minha mente? Mas os sonhos não pareciam ter piedade, e não havia nada que pudesse fazer em relação a isso. O sono começava a se arrastar pela minha consciência quando me senti em minha cama. Olho para meu apanhador de sonhos e então me deito, levando a mão a pequena concha pendurada no objeto. "Funcione por favor", penso antes de fechar os olhos definitivamente.

the albatross.    EMBRY CALLOnde histórias criam vida. Descubra agora