Capítulo 2: Olhos que Observam

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Penelope não sabia, mas do outro lado da sala havia uma garota morena a observando. Josie fingia estar focada em um livro que Hope mostrara, mas sua atenção sempre voltava para sua amiga Penelope.

POV - Josie
— Okay, Josie! — a voz da minha amiga, Hope, fez minha atenção voltar para a conversa. — Não adianta disfarçar, eu vi você secando a Penelope.

— Eu não estava secando a Penelope! — digo em tom de indignação, enquanto minha amiga sorri de forma diabólica. — Ela estava conversando com a Alyssa...

— Estava? Será que voltaram? — sinto uma pontada em meu peito, mas ignoro. Será que voltaram? Pergunto a mim mesma.

— Olha só para nós, cuidando da vida dos outros. — Hope dá uma risada baixa, colocando o livro na estante.

— Você não vai levar?

— Não, perdi a vontade. — diz ela, pegando minha mão e me tirando da biblioteca. — Você já decidiu se vai participar do conselho?

Suspiro cabisbaixa.
— Não acho que seria uma boa ideia. — falo, caminhando ao seu lado pelo corredor.

— Você deveria tentar, sabe... — aceno com a cabeça antes de pararmos em frente ao quarto dela. Sua atenção foi para trás de mim, o que me fez arquear uma das sobrancelhas.
— Hm... não olha agora, mas a Penelope está aos beijos com a Chang.

Como se meu corpo não tivesse controle, ele virou para me fazer ver a Penny beijando a garota. Sinto meus ombros caírem e desvio o olhar para Hope, que me encarava com uma expressão triste.
— O que foi? — pergunto como se não soubesse, mas ela apenas dá de ombros e abre a porta do quarto dela.

— Eu vou dormir, preciso estar intacta amanhã. — disse, referindo-se ao treinamento que terá com meu pai.
— Boa noite, Josie!
Eu retribuo o "boa noite" e saio dali, passando ao lado de Penelope e Alyssa. Que nojo!

Acordo com meu celular tocando e bufo, procurando ele ainda de olhos fechados.
— Ai, meu Deus! Atende logo essa porcaria! — a voz da minha irmã parecia um megafone em meus ouvidos. Assim que acho o celular, atendo bufando.

— Alô! — digo com um tom rude.

— Oi, Jojo! — meu coração gela ao ouvir a voz de Penelope do outro lado. Parecia lenta. Estranho!

— Penelope, são quase 3 horas! — não é porque ela é minha melhor amiga que pode me acordar uma hora dessas. Meu sono é sagrado!

— Eu sei, eu sei... — seu tom de voz lento estava começando a me incomodar. — Eu estava com insônia, acabei vindo dar uma volta e... me perdi na mata.

— Tá de brincadeira? — falo, sentando na cama e calçando minha pantufa de coelhinho.

— Não... — ela dá uma risada, parecia mais envergonhada. — Tem como você fazer um feitiço de localização e vir me buscar?

— Claro! — saio da cama cambaleando, indo em direção à porta. — Preciso de um mapa e algo seu. 

Você pode pegar no meu quarto. — fui até o quarto dela, que fica em outro corredor, e, sem muita delonga, fiz o feitiço.
— Josie, você ainda está aí?

— Sim... — vou até o lado de fora da escola. Sei que ela deve estar assustada, mas eu, com sono, não raciocino muito bem, então fico quieta por umas 2 horas. — Eu estou indo já.
 

— Ok, obrigada.

Obrigada? Obrigada nada. Penso. — De nada. — o lugar não era tão longe, era quase perto de um lago onde Hope adorava ir quando criança; ela fazia Lizzie ir e me arrastava junto. Não vou mentir, eu até que gostava daquela época.
— Cheguei — digo, parando na beira de uma estrada. — Você só precisa seguir a luz da lanterna, ok?

— Ok.

Não demorou muito para encontrá-la, graças a Deus.
— Obrigada, Jojo! — disse, me abraçando. Não pude deixar de retribuir, afinal, é bom saber que ela estava bem.

— De nada, Penny! — digo, separando-me do abraço e ficando ao seu lado, observando a escuridão. Não tão escura, pois o brilho da lua iluminava boa parte. — Por que veio tão longe?

Ela abaixa a cabeça e suspira.
— Só quis espairecer, sabe? — Balanço a cabeça positivamente.— Minha mãe ligou há algumas horas atrás, ela...

— Ai! — exclamo ao sentir minha canela bater em um galho.
Ela me olha assustada.

— O que foi? — pergunta, preocupada, iluminando minha perna, onde podemos ver um fio de sangue escorrendo.

— Bati sem querer. — rimos disso e ela começou a iluminar nossa frente. — Então, o que sua mãe queria?

— Nada. Era bobeira. — não parecia, mas não quis me intrometer, parecia algo delicado.

— Você está bem mesmo? — pergunto assim que chegamos ao lado do carro. Abro a porta para ela entrar e dou a volta para entrar.

— Sim — diz enquanto colocamos o cinto de segurança. — Me desculpa por ligar tão tarde, é que ninguém atendeu.

— Ah, tudo bem. — acho que meu desapontamento foi reconhecido por ela. — Só estava no meu oitavo sono.

Ela ri envergonhada.
— Eu não quis incomodar. Juro, se não fosse urgente...

— Você não precisa se desculpar ou se sentir assim, Penelope. — digo, fazendo uma curva.

O silêncio se estendeu até chegarmos na escola, o que foi bem constrangedor. Minha mente ficava relembrando a cena dela e a Alyssa se pegando. Eu não entendia o porquê, mas sentia um certo incômodo toda vez que via ela com alguém. Caminhamos em silêncio até chegarmos em frente ao seu quarto. Eu teria que voltar para o meu, mas não quis deixá-la sozinha.

— Bom... — disse ela, cruzando os braços, parada em frente ao seu quarto. — Obrigada novamente.

— De nada. — falo, bocejando sem querer. Logo cubro minha boca com a mão e ela sorri encantadoramente.

— E desculpa... — não é por nada não, mas esse foi nosso diálogo desde que atendi o celular.

— Tudo bem. — sorrio, olhando para meu relógio. — Hmm, tenta descansar um pouco. Você tem duas horas para dormir ainda.

— Tchau, Jojo! — quase não deu para ouvir sua voz, acho que de cansaço.

— Tchau, Penny! — viro as costas e caminho, mas dou uma olhada de canto e a vejo olhando para mim, ainda de braços cruzados.


Secrets of Salvatore SchoolOnde histórias criam vida. Descubra agora