A bela adormecida

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- O QUÊ ACONTECEU COM A MINHA FILHA?

O urro de Alan Mackenzie reverberou na sala da diretora Minerva após ele saber do acidente.

O bruxo dono de um império de extração de pedras preciosas era muito bem visto na sociedade. Desde jovem se empenhou em seguir os passos de seu pai, já falecido, assumindo os negócios da familia. Conhecido por sua bravura e até mesmo pavio curto, impunha autoridade em qualquer pessoa se o quisesse. Não! não era um monstro ou um poço de ignorância bem como alguns pensavam, pelo contrário, desde cedo ele precisou vestir toda essa armadura para se proteger e proteger sua familia. Para quem o conhecesse de fato era um homem de coração enorme e carinhoso com os seus. Seus cabelos ruivos e cheios formavam ondas até a altura dos seus ombros, era alto, forte, um tipico escocês. Foi aluno de Hogwarts e merecidamente selecionado para a Grifinória. Foi na escola que conheceu Lyana Hightower - uma pequena inglesa de cabelos platinados e compridos, sorriso fácil e olhos violeta. Eram amigos, sempre se metiam em enrascada juntos e juntos também eram brilhantes. Depois da escola decidiram se unir, nascendo assim seu pequeno fruto: Madeleine Mackenzie. Após sucesstivas tentativas de engravidar e dois abortos a alegria e a inevitável tensão tomou conta da familia e quando viram a filha nascer e crescer forte e saudável, seus corações se encheram de gratidão.

Minerva achou prudente avisar os pais sobre o que teria acontecido na aula mais cedo e como previsto, o desespero tomou conta dos pais - mais precisamente em SEU PAI, pois sua mãe sempre fora mais racional.

- Sir Mackenzie, sua filha foi atingida em cheio por um feitiço por uma colega, foi tudo muito rápido. Sentimos muito pelo ocorri... - Minerva tentou manter a paz

- Sentem muito? É só isso que têm a me dizer? - Alan cuspia fúria de seus olhos - a MINHA filha está em um leito de enfermaria DESACORDADA e sentem muito? Pelos deuses... Eu espero que tenham espulsado quem fez isso no MINIMO.

- Meu amor... - Lyana o olhou com um olhar de ternura.

Apesar de ser uma mulher miúda e quieta, era sensata e sabia exatamente como desarmar o marido que tinha quase o dobro do seu tamanho.

- Escute, nossa filha está bem. Acalme-se, ela precisa de nós nesse momento. Precisa de estarmos ao lado dela, sim? - Estendeu sua mão para o marido que relutou por um momento. - Vamos, vamos vê-la e saberá que está tudo bem. Minerva querida, pode nos levar até a enfermaria?

- Sim, claro. Me acompanhem...

No fundo, Lyana entendia o marido... Ele temia pela vida de sua única filha. Só eles sabiam o quão desesperador foi ouvir dos medibruxos que o coração do bebê em seu ventre já não batia mais... Isso por mais de uma vez.

Adentraram a enfermaria onde tinha vários leitos vazios e apenas um era ocupado.

Madeleine dormia profundamente em um dos leitos. Tão frágil, tão pequena, tão indefesa... Seus pais não contiveram as lágrimas ao verem a filha daquela forma, inconsciente

- Ela... ficará bem, não vai? - Alan pegou a mão da filha entre as suas. Ele sabia que ela iria se recuperar rápido. Ela era forte. Puxou o sangue forte escocês do pai.

Seus olhos estavam vermelhos a essa altura

- Sim, irá. E sem sequelas - Afirmou a medibruxa.

Alguns dias se passaram, Madeleine se recuperava bem. Sofreu um traumatismo crâniano ao cair de cabeça no chão porém, foi mantida desacordada para sua preservação e as dores que eram intensas.

Seus pais todos os dias iam visitá-la, algumas vezes a avó também apesar da idade frágil. Mal sabiam que do outro lado do castelo, nas masmorras, Severo Snape encontrava-se completamente afundado em culpa.

POV SNAPE

- SEU IMBECIL! - Transbordei de raiva enquanto jogava o copo de Whisky de fogo no espelho do meu quarto.

Eu estava em um misto de sensações. Apesar da culpa não ser totalmente minha eu me sentia mal ao ver o quão grave a Srta. Mackenzie ficou. EU repassava o ocorrido várias vezes em minha mente. Por qual motivo Soraya faria algo assim? Ela nunca deu sinail algum de querer machcuar alguém, sempre foi quieta, com boas notas. Idiota! Como eu pude confiar tanto assim nos meus alunos... Desde o ocorrido ninguém mais a viu, aquilo foi muito grave. Eu procurei Minerva para pedir demissão e depois de muita insistência dela decidi ficar. As pessoas estavam certas: eu sou um covarde. EU sequer quis cruzar com os seus pais por ai, mas o que eu diria? "Senhor Mackenzie, eu sinto muito mas sua filha única foi jogada de dois metros de altura ao ser atingida por um feitiço em minha aula" Isso soa patético... O homem tem dois metros de altura! No minimo vai querer minha cabeça empalada.

FItando os cacos de espelho no chão vejo vários minis-eu me fitando... Meus olhos estavam vermelhos, a garrafa vazia de whisky pendia em minha mão. Da minha calça o cinto desafivelado balançava, minha camisa branca desabotoada pela metade, meu cabelo bagunçado. Por Merlin, eu estava desprezivel. Imediatamente a imagem do velho Tobias me veio a mente. Parece que uma baforada de lucidez me envolveu. Posso ser covarde, mas não quero jamais de comparar ao homem que abandonou uma mulher e uma criança à própria sorte, deixando-os na completa escuridão e pobreza. Não, eu jamais seria meu... pai.

POV MADELEINE

Eu corria entre as árvores da floresta que delicadamente desprendia as folhas amarelas do outono ao chão. Eu estava descalça, com um vestido vermelho, solto, pouco abaixo dos joelhos, Meus cabelos voavam com o vento fresco. Eu sentia cada textura sob meus pés. Eu lembro que alguém estava comigo, logo atrás de mim. Eu me sentia tão leve, livre, como se pudesse voar. o Vento veio ao contrário e pude sentir o frescor me envolver com um perfume maravilhoso de hortelã e limão.

Já havia sentido aquele perfume várias outras vezes, agora com muito mais frequencia com o qual meu subconsciente poderia se lembrar.

Alguém me deu a mão, senti seu toque, era frio. Me puxou para si e afundei o nariz em seu peito para sentir melhor seu perfume. Ele acariciou meus cabelos e sussurrou algo para mim em meu ouvido. Me afastei e vi dois pares de ônix me observando. Seus cabelos negros como um corvo formavam uma bela cascata emoldurando seu rosto. Me afastei levemente e com um sorriso nos lábios, corri...

- Acorde... - Ouvi ao longe - Acorde Madeleine.

Abri os olhos em um supetão.

Eu tentava raciocinar sobre o que diabos estava acontecendo ao ver uma cena a minha frente:

Meu pai segurava o professor Snape pela gola de suas vestes enquanto vociferava algo.

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