SEUS OLHOS VIOLETA

Depois da guerra...

                                                                                                               "Cintilantes olhos de estrelas..."

                                                                                                                                  Maria Madalena - Luna Di                                                                                                                 

PÓS GUERRA

POV SNAPE

Do alto de uma das torres da escola observo o campo com sua cobertura verde brilhante. Há tempos não observava as coisas com calma, sem pressa. Eu estou em paz?

Quase morri pelo ataque de Nagini, se não fosse por uma menina Grifinória pelo qual internamente e eternamente serei grato por ter me ajudado a sobreviver (pois é, eu sou o Homem-Que-Sobreviveu), fui julgado e absolvido dos crimes que cometi graças as minha memórias em forma de lágrimas que entreguei ao Potter. Voldemort está morto, alguns comensais também bem como muitos de nossos; Minerva merecidamente agora é a nova diretora e tenta freneticamente recuperar a reputação de Hogwarts e com resultados eu diria, satisfatórios; fui perdoado por ela depois que minha inocencia foi provada. Do Trio de Outro somente a menina Granger retornou para finalizar os estudos, não só ela mas também muitos alunos movidos pela ambição de aprendizado retornaram aos pátios de Hogwarts e embora eu não seja nenhum herói, ou como um certo alguém um dia me chamou durante a Guerra de Judas, um personagem biblico que traiu o Messias Prometido segundo a religião cristã, tento todos os dias me redimir - não para provar algo a alguém- mas sim para buscar um pouco de calma ao meu espirito que tanto foi perturbado um dia. Sinto a brisa fria e suave em meus rosto balançando alguns fios de cabelo e tento sorver o máximo de ar puro possivel antes de descer até o Salão Principal... Serei anunciado como professor de DCAT. Me parece estranho e até mesmo um pouco ingrato pois agora tenho em mãos tudo aquilo que sempre quis mas agora... Não parece fazer muito sentido.

POV MADELEINE

- Vovó, não se preocupe! A Guerra acabou, Voldemort se foi... - Eu falo olhando para o intenso par de safiras preocupados na minha frente. Gaia Mackenzie, a matriarca da familia sempre esteve ao meu lado para me proteger de qualquer coisa de fosse.

Retornamos do Brasil assim que soubemos que a Guerra acabou. O Lord das trevas recrutou as mais antigas familias sangue puro para que o seguissem, e temendo pelo seu futuro e futuro de sua familia, meu pai Alan Mackenzie decidiu ir para o Brasil pois estava com medo do quanto a guerra poderia nos influenciar. Foi tudo tão rápido que a unica coisa que me recordo foi de um dia estar com vários agasalhos e no outro PUFF! estava suando no clima tropical do Brasil. Eu amava aquele lugar! Fiz muitas amizades por lá durante nossa estadia e minha parte favorita era à noite contemplar o céu estrelado que parecia se fundir aos campos do pampa no Sul do país. Deixar Hogwarts deixou meu coração partido; os estudos bruxos foram suspensos e eu só pensava no quanto sentia falta daqueles corredores, da biblioteca, do Trio de Ouro andando por lá enquanto eu me perguntava qual seria a próxima proeza a ser concretizada, por vezes imaginava quantos dos nossos se foram na guerra, o cenário caotico que possivelmente se estabeleceu durante a batalha; sentia saudades das aulas e de como a professsora Minerva nos acolhia e protegia como seus filhotes e até mesmo do professor Snape com toda a sua carranca e de como ele tirava facilmente pontos das Grifinória. Sua maestria em poções era invejável, era tudo tão milimetricamente perfeito e planejado em suas aulas de poções. No fundo, eu o enxergava diferente... Parecia que usava aquela carranca apenas para se proteger (o que não era um todo mentira) eu enxergava algo mais, algo mais profundo em seu olhar compenetrado.

Me sentia estranha ao estar parada na plataforma esperando o trem para Hogwarts, agora com recém 18 anos e esses anos que passei foram para mim um divisor de águas. Passei a focar mais em mim, me descobrir...

Dei um último abraço em meus pais e minha avó antes de embarcar no trem, cheio de novatos ouriçados pela grande perspectiva de estudar em Hogwarts que agora retornara a ser uma escola bruxa de referência; me agasalhei, abraçando a mim mesma e as mangas do meu casaco e entrei respirando profundamente sem saber ao certo o que me aguardava.

POV

SNAPE

Rapidamente o Salão Principal encheu-se de burburinhos, conversas e risadas. No fundo, senti falta dessa rotina aqui em Hogwarts. O grande salão agora voltara a ser ocupado pelos alunos novatos e alguns antigos retornaram para completar os estudos bruxos - o que era muito bom. O calor dos alvoraçados e abismados alunos quase me arremeteu ao meu primeiro dia como aluno daqui.

"SONSERINA!" Gritou o chapéu velho e surrado sobre minha cabeça; porém não consegui disfarçar o quão desgostoso me senti ao ouvir o "GRIFINÓRIA!" e ver Lilly ir de encontro à mesa da casa dos Leões para se misturar com o... Potter e sua trupe de palhaços.

Nessas horas o velho Dumbleodore fazia falta com seu discurso totalmente teatral aos primeiranistas e veteranos; ele sempre conseguia contornar qualquer situação, por mais caótica que fosse.

-Neste ano letivo teremos a honra - Minerva fez uma pausa dramática - de ter como professor de Defeza Contra As Artes das Trevas, Severo Snape!

Por um momento o silêncio se fez e olhos curiosos me encaravam. Porém, tão logo fora interrompido por uma leve e xoxa salva de palmas e logo após Minerva retomar seu discurso dizendo que em todos os lugares existem pessoas não confiáveis e de coração ruim, portanto seria sensato ensinar pessoas que buscam a luz a se defenderem sempre que preciso for.

Ao longe analisando a mesa da minha casa pude notar quantos alunos novos chegaram "Mais cabeças-ocas!' pensei, porém rapidamente, em um segundo tão rápido quanto um raio corta o céu tive o vislumbre de um par de olhos violetas fixos em mim. Eu já os tinha visto antes! A garota, de pele branca como porcelana, ficou rubra e desviou o olhar tentando disfarçar o flagra.

Madeleine Mackenzie! Isso... Eu me recordava agora! Aluna da minha casa, como poderia esquecer a adolescente que tinha as melhores notas em poções naquela época? Soube que tinha ido embora para o Brasil como refugio juntamente com sua familia e agora retornara. Mas, agora estava diferente, tinha crescido e já era uma mulher - bem diferente da adolescente que estava sempre se esgueirando sozinha na tentativa de não ser notada.

Meus pensamentos vagaram demais enquanto Minerva dava seu discurso sobre recomeços, boas vindas e paz e enquanto isso a comida a minha frente esfriou, inferno! Enquanto todos estavam eufóricos com o retorno das aulas, pedi licença quase que num sussurro e me dirigi aos meus aposentos nas masmorras. Naquela noite adormeci lentamente após algumas gotas da poção Sono Sem Sonhos porém, subitamente me veio à mente dois olhos cintilantes como um céu a noite... Duas estrelas de cor violeta antes que eu me entregasse à completa escuridão da minha mente.