Guardião

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POV MADELEINE:

A cena a minha frente era até cômica: meu pai agarrava com força o colarinho das vestes de Snape.

Observando e ainda tentando decifrar o que estava acontecendo e onde eu estava, não pude deixar de notar o quanto Snape era alto, comparado ao homem a sua frente, que ainda assim era bem alto.

Meu pai vociferava algo perto do rosto do professor que permanecia imóvel. Trajado com seu kilt de xadrez preto e vermelho, botas na altura das canelas, meu pai era um nato escocês.

- Pai? - A voz saiu arranhada da minha garganta.

Todos estavam agora me olhando como se eu fosse um hipogrifo de 3 pernas.

- Minha princesa... - Minha mãe foi a primeira a reagir: Me abraçou com ternura e pude sentir seu cheiro de lavanda suave. - Como eu fiquei com medo...

- Freya! - Meu pai me puxou para si dando beijos em meu rosto e cabelos.

Senti a preocupação em suas vozes.

Nasci um pouco antes do previsto. Minha mãe sofreu horas em trabalho de parto até que não aguentou mais e tiveram que fazer uma casereana. Todos os meses eu sofria com alguma doença, por conta da imunidade baixa - ora pneumonia, ora febres sem motivos aparentes que não cessavam com medicamentos. Aos poucos, conforme fui crescendo, adoeci menos e as idas ao hospital eram raras. Meus pais exitaram em me deixar estudar em Hogwarts pois achavam arriscado demais e quando precisamos nos mudar para o Brasil foi como se o chão se abrisse na minha frente. Todo começo é dificil e comigo não foi diferente. Em casa sempre fui ativa. Estava sempre subindo em árvores, correndo pelos campos que rodeavam nosso território. Eu amava caçar com meu pai, embora eu parecesse alguém que vive no mundo da Lua, sair pela floresta e testemunhar a agitação noturna me dava uma sensação inexplicável de liberdade. Matei meu primeiro javali aos 15 anos, chorei igual uma condenada à Askaban com dó do animal que pulou em mim para me atacar. Mas era ele ou era eu. Sempre fui muito protegida, de fato, porém ao passo que fui crescendo miinha familia começou a notar o quanto eu era capaz de muita coisa. Devo tudo a eles.

Entre os olhares curiosos pude observar que Snape me encarava com uma expressão totalmente indecifrável. Suas longas e bem arrumadas vestes negras habituais lhe davam um ar de intimidação.

Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando mas despertei quando minha mãe colocou a mão no meu rosto. Ela me conhecia como ninguém e sabia quando eu estava precisando de espaço. Minha mãe sempre foi minha melhor amiga, sempre esteve ao meu lado em todos os momentos. Eu não tinha amigos na escola, apenas colegas, pois como um dia eu ouvi eu era "estranha e inteligente demais" como se ser inteligente fosse algo tão desprezivel assim.

- Querido, nossa filha precisa... Descansar. Que tal irmos aos jardins, como nos velhos tempos? - Minha mãe disse com astúcia.

- Não. EU acho que ela já desc... - Ele olhou para minha mãe que lhe retribuia com aquele olhar... o olhar de "Vamos logo, homem!"

- Papai... Está tudo bem. Não se preocupe.

- Tudo bem. Eu volto mais tarde.

Com uma última olhada para Snape, eles saíram pela porta. A essa altura estávamos sozinhos na enfermaria.

Eu o encarava e não sabia por onde começar. Apenas queria observar cada detalhe de Snape.

- Me desculpe... - Não sabia ao certo o porque de eu estar pedindo desculpas.

- Como? - Ele me perguntou aturdido

Murchei os ombros e indiquei a cadeira mais próxima de mim para que ele sentasse.

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