Eu tentava entender cada fração de segundo vivida na noite anterior.
Flashes repassavam na minha mente, desde a primeira taça de vinho até o "Boa noite, Eyne!" de Snape.
"E quanto a mulher?" Me remexi na cadeira da varanda, um pouco desconfortável por lembrar da cena, ela conhecia Snape de algum lugar e até onde iria essa relação pra mim ainda não ficou claro.
Ainda era escuro, cerca de 4 horas da manhã, acordei com Snape ao meu lado resmungando e se mexendoo, acredito que tendo pesadelos. Era estranho pra mim toda aquela aproximação justamente com o homem mais carrancudo que já conheci.Sentir a respiração dele e o seu beijo em meu pescoço me fez o coração acelerar, afinal aquela era a única proximidade que eu ja tivera com alguém. Eu menti para mim mesma que foi apenas um efeito da bebida, mas Snape não terminou nem a sua primeira dose de Whisky de Fogo. Observei o chá quente fumegando na caneca e respirei fundo. EU já estava pronta para irmos, de tão ansiosa. Arrumei tudo em uma pequena mochila, inclusive reduzi as barracas para caber. Quanto menos peso, melhor.
- Sem sono, Srta? - Ele me despertou dos devaneios
- Bom dia, Snape. - Falei sem tirar os olhos do lago azul a minha frente.
Ele já tinha levantado e se arrumado tão silenciosamente que nem notei. Ofertei uma outra caneca de chá de laranja pra ele, que fez uma cara feia.
- Eu acho que prefiro um copo de água bem gelado! - Ele disse - Mas... Irei aceitar o chá, obrigado.
Ele se sentou na cadeira a minha fente e repassamos todo o roteiro: Seguir floresta adentro, passar pelo córrego, andar mais meio dia, acampar e só então encontrariamos a gruta depois de andar mais meio dia.
Ele também ja tinha organizado suas coisas, reduziu algumas e seguimos, assim que o sol apareceu fraco no horizonte.
Ele Usava um coturno preto, uma camiseta cinza, um casaco de frio e calças pretas que lembrava jeans. Eu também resolvi colocar meu coturno cor caramelo, calças jeans e uma blusa mangas compridas verde de lã. Não estava tão frio a essa altura porém levei meu casaco grosso só pra garantir.
Chegamos até a floresta, que lembrava muito a Floresta proibida. Só que essa era desconhecida por nós e um pouco mais íngreme.
Snape estava perturbadoramente calado, me respondia com poucas palavras uma ou outra pergunta. Ele parecia absorto em seus pensamentos.
Resolvi o deixar mais pra frente e dar espaço pra ele, o que acredito que ele agradeceu internamente. Eram cerca de 9 horas quando paramos sobre alguns troncos caídos para comer alguma coisa, meu estômago roncou alto em protesto. Lanchamos novamente em silêncio e aquilo já estava incomodando. Resolvi ser direta
- Quem é ela? - Disparei
Ele levantou os olhos para mim sem entender.
- A mulher... Quem é ela? - instiguei
- Srta, receio que no momento não acho prudente lhe dizer algo sobre o assunto. Ainda estou tentando raciocinar a noite passada, então, por favor, apenas seguiremos nosso caminho. Em silêncio.
Aquilo foi como um soco no estômago e senti lágrimas nos meus olhos. Fiquei sem reação.
O restante da viagem foi assim: em silêncio.
Chegamos no córrego era cerca de meio dia, estávamos indo rápido até.
Parei um pouco para jogar água no rosto e pescoço que estavam suados. Me abaixei na beira do córrego e me fitei na água cristalina durante um tempo. Arrumei meu cabelo que estava meio bagunçado. A floresta era silênciosa, apenas um ou outro passarinho cantava. O córrego era estreito e por sinal, raso. Tinha um tronco de madeira que ligava um lado ao outro das margens, o que significava que teríamos de atravessar usando ele.
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SEUS OLHOS VIOLETA
FanfictionMundo Bruxo. Cenário pós-guerra. Severo Snape, que outrora fora chamado de traidor, hoje considerado inocente busca seguir a vida, agora como professor de DCAT em Hogwarts. Os dias se seguiam normalmente até o retorno de uma antiga aluna, seu karma...