capítulo 2

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A Chegada de Leo

O aeroporto de Turim estava movimentado naquela manhã. Jornais e redes sociais já tinham noticiado a chegada de Leonardo Navarro, a nova contratação da Juventus, um dos maiores clubes de futebol da Itália. O craque espanhol, conhecido por sua habilidade no campo e pela vida glamourosa fora dele, chegava para ser a nova estrela do time. Fotógrafos e jornalistas se amontoavam na entrada do terminal, esperando uma oportunidade de capturar a primeira imagem de Leo em solo italiano.

No entanto, Leo não estava interessado em toda aquela atenção. Ele havia pedido uma saída discreta, sem alarde. Aos 30 anos, já estava cansado da mídia constante e das expectativas esmagadoras. Tudo o que queria era jogar futebol e, talvez, encontrar um pouco de paz em sua nova vida em Turim. A cidade, com seu charme europeu e estilo de vida tranquilo, parecia o lugar perfeito para esse novo começo.

Enquanto os flashes continuavam do lado de fora, Leo e sua equipe saíram por uma entrada lateral, longe da multidão. Um carro preto já o esperava, pronto para levá-lo ao hotel onde ficaria nos primeiros dias até encontrar uma casa definitiva.

— Bem-vindo a Turim, Leo — disse seu agente, Matteo, enquanto os dois entravam no carro.

Leo acenou com a cabeça, olhando pela janela enquanto o carro avançava pelas ruas da cidade. Era sua primeira vez na Itália, e a beleza da arquitetura clássica misturada com o toque moderno chamava sua atenção. As ruas eram menores e mais acolhedoras do que as de Madrid, onde havia passado grande parte da sua carreira.

— Espero que você goste daqui. A cidade tem uma ótima energia — continuou Matteo, tentando manter a conversa leve. Ele sabia que Leo não estava no seu melhor momento.

Nos últimos dois anos, Leo enfrentara uma série de lesões que afetaram sua performance. Além disso, o término de um relacionamento de longa data e o constante assédio da imprensa haviam deixado o jogador desgastado. Ele precisava de uma pausa, de um recomeço, e Turim parecia o lugar ideal para isso.

— Sim, parece uma boa cidade — respondeu Leo, sem muita convicção. Ele sabia que Turim não era o problema. O verdadeiro desafio seria lidar com suas próprias expectativas e com o peso de estar sempre sob os holofotes.

Matteo percebeu o tom distante de Leo e decidiu mudar de assunto.

— Então, você tem algum plano para hoje? Quer dar uma volta pela cidade, conhecer o estádio? — perguntou, tentando soar entusiasmado.

Leo balançou a cabeça.

— Acho que vou descansar. Talvez amanhã eu vá ao estádio. Quero me estabelecer primeiro, entender como as coisas funcionam por aqui.

Matteo assentiu, entendendo que Leo precisava de tempo. O jogador sempre foi mais reservado fora de campo, um homem de poucas palavras, mas de muitas ações. Ele não era o tipo de pessoa que se empolgava facilmente. Tudo o que Matteo podia fazer era garantir que as coisas ao redor de Leo fossem o mais suaves possível.

Quando chegaram ao hotel, uma construção de luxo no centro de Turim, Leo respirou fundo antes de sair do carro. O porteiro o cumprimentou calorosamente, e o saguão estava calmo, sem fãs ou jornalistas à espreita. Era exatamente o que ele queria. Sem tumultos, sem expectativas no momento.

— Bem, vou deixá-lo descansar. Qualquer coisa, me ligue — disse Matteo, apertando a mão de Leo antes de se despedir.

Leo subiu para seu quarto, um espaço elegante com vista para a cidade. Ao olhar pela janela, ele podia ver as ruas movimentadas, as pessoas indo e vindo, e por um momento sentiu-se distante de tudo aquilo. A fama era uma faca de dois gumes; ao mesmo tempo que lhe dava acesso a quase tudo que queria, também o isolava de viver uma vida normal.

Deitou-se na cama e fechou os olhos. Por alguns instantes, tentou relaxar, mas sua mente estava acelerada. Pensou na nova temporada que se aproximava e nas expectativas que o cercavam. Havia uma pressão imensa para que ele fosse a estrela da Juventus, para que levasse o time a novos patamares. No entanto, o peso das lesões e o cansaço emocional o faziam duvidar se ele realmente estava pronto para esse desafio.

Ele se lembrou de seu último jogo em Madrid, o estádio cheio de torcedores cantando seu nome, e de como ele, em algum momento, deixou de sentir a emoção que antes o movia. O futebol, que por tanto tempo havia sido sua paixão, parecia agora apenas mais uma obrigação.

Virou-se na cama, incomodado com seus próprios pensamentos. Precisava de algo que o fizesse desconectar. Decidiu que sairia para dar uma volta pela cidade, talvez tomar um café, observar as pessoas. Talvez isso o ajudasse a se sentir mais à vontade, mais conectado com o lugar que seria sua nova casa.

Vestiu uma jaqueta, colocou os óculos escuros e saiu do hotel, andando pelas ruas movimentadas de Turim sem um destino certo. O ar fresco da cidade o revigorava um pouco, e ele se perdeu nas vielas estreitas, observando os pequenos cafés, lojas e praças. Havia algo reconfortante na simplicidade do cotidiano de quem vivia ali.

Caminhando sem rumo, Leo encontrou um café acolhedor, com uma atmosfera tranquila. O nome “Café Roma” estava escrito em uma placa antiga, e o local parecia ser frequentado por moradores locais. Era exatamente o que ele queria: um lugar onde poderia se misturar sem ser notado.

Ao entrar, sentiu o cheiro de café fresco e o som suave de conversas ao fundo. Havia poucas mesas ocupadas, e ele escolheu uma no canto, perto da janela, de onde podia observar o movimento da rua. Pegou seu celular e começou a mexer, tentando ignorar o leve incômodo de estar sozinho em uma cidade onde ninguém o conhecia.

Enquanto esperava, uma jovem garçonete veio atendê-lo. Ela parecia distraída, mas tinha um ar gentil. Ele pediu um expresso, o que para ele era o suficiente por enquanto. Gostava do amargor do café, era uma das poucas coisas que o mantinham concentrado, especialmente em momentos de estresse.

Angel D’Luca, a garçonete, estava no meio de um turno agitado. Ainda se lembrava da manhã caótica em casa com Aslan, e agora tentava manter o foco em seu trabalho. Quando ela trouxe o café de Leo, percebeu o semblante calmo do homem, que mal tirou os olhos do celular. Ele parecia diferente dos clientes habituais, talvez mais reservado, e ela não o reconheceu de imediato.

Leo agradeceu e voltou a se concentrar no celular, sem perceber o olhar breve de Angel. Para ela, ele era apenas mais um cliente em meio a tantos que passavam por ali todos os dias. Enquanto isso, Angel continuava com sua rotina, equilibrando bandejas e atendendo aos pedidos, enquanto seus pensamentos ocasionalmente voltavam para Aslan e para como ele estaria na casa da vizinha.

Após algum tempo, Leo terminou seu café e se preparou para sair. Antes de ir, deu uma olhada ao redor do café, apreciando a simplicidade do lugar. Havia algo de reconfortante na normalidade de tudo aquilo, um contraste gritante com sua vida sempre exposta. Ao sair, deixou uma gorjeta generosa e foi embora, sem fazer alarde.

Angel limpou a mesa depois que ele saiu, sem imaginar que aquele cliente, aparentemente comum, era uma das maiores estrelas do futebol mundial. Para ela, ele era apenas mais uma pessoa que cruzava seu caminho em meio à correria do dia a dia.

Do lado de fora, Leo respirou fundo. Aquele café simples tinha algo de especial. Talvez fosse o ambiente, ou a maneira como ninguém ali parecia se importar com quem ele era. Decidiu que voltaria outro dia. Havia algo na simplicidade daquele lugar que o atraía, e, de alguma forma, ele se sentia um pouco mais conectado à cidade.

Enquanto caminhava de volta para o hotel, sentiu uma leveza que não experimentava há muito tempo. Talvez essa nova fase da sua vida em Turim trouxesse mais do que apenas desafios profissionais. Talvez trouxesse também a paz que ele tanto buscava.

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Leo voltou para o hotel sentindo-se um pouco mais à vontade na nova cidade. Enquanto passava pelo saguão, viu Matteo no bar do hotel, conversando com alguns colegas da equipe técnica da Juventus. Leo acenou de longe, sem a intenção de se juntar a eles. Ele estava cansado de socializar, e tudo o que queria era um momento de silêncio.

Subiu para seu quarto e, dessa vez, conseguiu relaxar. Ao deitar-se novamente, seus pensamentos estavam mais tranquilos. Ele sabia que o desafio de jogar na Juventus seria enorme, mas agora, pelo menos, sentia que havia algo a mais em Turim. Algo que ele ainda não conseguia identificar totalmente, mas que o fazia querer explorar mais a cidade e, quem sabe, até mesmo sua própria vida fora dos campos.

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