capítulo 6

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O Encontro Inesperado

Angel saiu de casa naquela manhã sem grandes expectativas. O dia estava nublado, e ela aproveitou que Aslan estava na creche para dar uma caminhada rápida pelo bairro e resolver algumas pendências. Precisava ir ao supermercado e, quem sabe, passar na livraria para pegar algo que pudesse ler à noite, depois que Aslan fosse para a cama. Era um daqueles dias em que tudo parecia seguir um ritmo previsível, sem surpresas.

No entanto, as coisas nem sempre acontecem como planejamos.

Com o pensamento longe, Angel caminhava distraída pelas ruas do bairro quando, ao virar a esquina em direção ao mercado, esbarrou em alguém com tanta força que os dois quase caíram no chão.

— Ah! Me desculpe! — ela exclamou imediatamente, tentando se equilibrar enquanto segurava a bolsa que quase escorregara de seu ombro.

O homem com quem ela havia colidido rapidamente estendeu as mãos para ajudá-la a se estabilizar. Ele sorriu de maneira desconcertada, seus olhos castanhos brilhando com uma mistura de surpresa e simpatia.

— Não foi nada, eu também não estava prestando atenção. — ele respondeu, a voz grave mas amistosa.

Angel olhou para ele, ainda um pouco atordoada pelo impacto, e ficou imediatamente consciente de quem estava à sua frente. Era Leonardo Navarro, o novo jogador de futebol que recentemente se mudara para o bairro. Ela o reconhecia das conversas entre os vizinhos e, claro, dos noticiários esportivos. Ele estava mais perto agora do que nunca, e, de repente, a impressão que tinha dele pela televisão parecia muito distante da realidade. Ele era ainda mais atraente pessoalmente, com um ar casual e despretensioso que a deixou um pouco desconcertada.

— Eu… ah… desculpe mais uma vez. — Angel tentou rir, embora se sentisse um pouco sem graça.

Leonardo sorriu novamente, e Angel não pôde deixar de notar a simpatia em seu rosto.

— Não se preocupe. Eu estava distraído, então a culpa foi minha também. Está tudo bem? — ele perguntou, parecendo genuinamente preocupado.

— Sim, estou bem. Só não esperava encontrar alguém aqui… quer dizer, esbarrar em alguém assim. — Angel sentiu o rosto esquentar, rindo um pouco de si mesma.

— Bem, então somos dois. — ele respondeu com um tom brincalhão, claramente relaxado com a situação.

Eles ficaram ali por alguns segundos, ambos um pouco sem saber como continuar a conversa. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas havia algo nele que parecia criar uma tensão diferente, quase palpável. Angel se perguntou o que Leonardo estava pensando, mas, antes que pudesse falar algo, ele quebrou o gelo novamente.

— Eu sou o Leonardo, a propósito. Acabei de me mudar para cá.

— Eu sei quem você é. — Angel respondeu rapidamente e depois mordeu o lábio, percebendo o quão estranha sua resposta soava. — Quer dizer, claro, eu já ouvi falar de você… Os vizinhos comentam muito sobre o ‘novo jogador famoso no bairro’. — Ela tentou suavizar a situação com um sorriso.

Leonardo riu, claramente à vontade com a honestidade de Angel.

— Acho que ser novo na vizinhança atrai olhares, mas eu prometo que sou mais do que apenas um jogador.

— Eu acredito. — Angel assentiu, sentindo-se um pouco mais confortável agora.

— E você? Qual é o seu nome? — perguntou Leonardo, interessado.

— Angel. Angel D’Luca. Eu moro aqui há alguns anos, com meu filho, Aslan. — Ela acrescentou o nome do filho de forma natural, sem pensar muito no impacto que isso poderia causar.

Leonardo franziu a testa ligeiramente, como se tentasse processar a informação.

— Aslan… bonito nome. — ele comentou. — Quantos anos ele tem?

— Três. — Angel respondeu, e pela primeira vez, sentiu-se um pouco insegura ao falar sobre sua vida pessoal com alguém que acabara de conhecer.

— Imagino que ele seja uma criança cheia de energia. — Leonardo riu, e Angel relaxou. Ele não parecia julgar ou fazer perguntas indelicadas, apenas estava genuinamente interessado.

— Você nem imagina. — ela respondeu com um sorriso. — Mas e você? Está gostando do bairro? É bem tranquilo comparado a outras partes da cidade.

Leonardo assentiu, cruzando os braços de maneira descontraída enquanto olhava ao redor.

— Sim, é ótimo. Eu queria um lugar mais calmo, sabe? A vida de atleta pode ser bem agitada, e eu precisava de um canto onde pudesse relaxar. Aqui parece perfeito para isso.

Angel sorriu. De alguma forma, ela sabia exatamente do que ele estava falando, mesmo que suas vidas fossem completamente diferentes. Ambos buscavam um refúgio, um espaço onde pudessem respirar sem as pressões do mundo externo.

— Bem, acho que você encontrou o lugar certo. — ela disse, acenando em direção à vizinhança ao redor. — As pessoas aqui são muito amigáveis, e você vai se adaptar rápido.

Leonardo sorriu novamente, mas antes que pudesse responder, o celular dele tocou. Ele tirou o aparelho do bolso, olhou para a tela por um momento e depois voltou os olhos para Angel, um pouco frustrado.

— Desculpe, tenho que atender. Foi ótimo te conhecer, Angel. Talvez a gente se esbarre de novo... de uma maneira menos literal da próxima vez. — Ele riu.

Angel riu também, acenando com a cabeça.

— Sem problemas. Foi um prazer, Leonardo. Até mais.

Com um último sorriso, ele atendeu ao telefone e começou a se afastar, mas Angel ainda pôde ouvir a voz dele ao fundo, conversando com alguém do outro lado da linha. Ela ficou ali por alguns segundos, sentindo o coração bater um pouco mais rápido do que o normal. O encontro havia sido rápido e acidental, mas de alguma forma, deixara um impacto inesperado.

Angel suspirou e sacudiu a cabeça, tentando afastar o pensamento de que algo tão simples quanto um esbarrão com um jogador de futebol famoso pudesse significar alguma coisa. "Foi só um encontro casual", pensou. "Nada mais."

Ela seguiu em direção ao supermercado, mas não pôde evitar sorrir sozinha ao lembrar do jeito simpático de Leonardo. Talvez, só talvez, a vida estivesse preparando surpresas que ela não esperava. E mesmo que fosse algo bobo, clichê, como em filmes ou romances baratos, talvez fosse justamente o que ela precisava naquele momento.

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