O Peso das Expectativas

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O ar fresco da manhã estava impregnado de uma estranha energia, enquanto Brasil e Rússia continuavam sua caminhada pelos arredores da cidade. O clima estava leve, mas algo no silêncio que os envolvia indicava que os pensamentos de ambos estavam longe. A conversa da cozinha ainda ecoava em suas mentes, e, embora tivessem decidido ir com calma, as expectativas em torno do que poderia acontecer pairavam sobre eles como uma nuvem que não se dissipava.

Brasil, sempre descontraído, sentia pela primeira vez o peso de uma possível decisão maior. As palavras que trocara com Rússia eram sinceras, mas ele sabia que aquilo não bastava para afastar as inseguranças. Por um lado, ele se perguntava se estavam prontos para algo mais profundo, e, por outro, temia que prolongar o que sentiam sem definir limites os empurrasse para uma confusão ainda maior.

Caminharam por um parque tranquilo, os sons da natureza ao redor parecendo amplificar os pensamentos. Brasil tentou romper o silêncio, buscando aliviar a tensão com uma piada sobre os pássaros que voavam despreocupadamente acima deles. Rússia sorriu de leve, mas seu rosto continuava distante, como se estivesse travando uma batalha interna.

Finalmente, Rússia parou e virou-se para Brasil, com o rosto mais sério do que o habitual. "Eu estive pensando..." ele começou, o peso de suas palavras refletido em seus olhos. "Acho que, por mais que tenhamos dito para ir com calma, estou começando a sentir que isso já mudou muito as coisas."

Brasil engoliu em seco, tentando entender a direção que essa conversa tomaria. "O que você quer dizer? Que não está mais confortável com tudo isso?"

Rússia balançou a cabeça, tentando organizar seus pensamentos. "Não é exatamente isso. Só... eu nunca estive em uma situação como essa. Nunca imaginei que poderia sentir algo assim por alguém como você. Mas ao mesmo tempo, sinto que tem muita coisa em jogo. Se isso der errado, Brasil, como vamos lidar com tudo?"

Brasil olhou para ele por alguns segundos, processando cada palavra. Sabia que Rússia era alguém que carregava o peso do mundo sobre os ombros, alguém que não tomava decisões por impulso. "Eu entendo o que você quer dizer. Mas também acho que, se ficarmos nos prendendo ao medo de errar, nunca vamos descobrir o que isso pode ser. Eu não quero viver pensando no que poderia ter acontecido, quero tentar."

Rússia suspirou, sabendo que Brasil estava certo, mas ainda assim, o medo de machucar um ao outro era grande. "Você é sempre tão otimista," ele disse com um leve sorriso, tentando aliviar a tensão.

Brasil deu de ombros, tentando manter o humor. "É uma das minhas melhores qualidades."

Os dois riram, o clima entre eles suavizando, mas as questões ainda pairavam no ar.

"Vamos fazer um acordo então," Rússia propôs. "Vamos continuar descobrindo isso, mas se em algum momento começarmos a sentir que estamos nos machucando, precisamos ser sinceros um com o outro. Nada de segredos, nada de fingir que está tudo bem quando não estiver."

Brasil assentiu, sentindo que esse era um passo necessário para manter o equilíbrio entre eles. "Fechado. Honestidade acima de tudo."

A tensão diminuiu consideravelmente, e eles retomaram a caminhada. A cidade ao redor continuava seu ritmo, indiferente às emoções complexas que estavam sendo enfrentadas naquele momento. Mas, para Brasil e Rússia, cada passo dado era um avanço em um território novo, cheio de incertezas, mas também de promessas.

Quando chegaram a uma ponte que atravessava um pequeno rio, Brasil parou, olhando a água correndo abaixo deles. "Olha, não sei o que o futuro reserva pra gente," ele começou, com um tom mais suave, "mas eu quero que você saiba que estou aqui, disposto a enfrentar isso. Seja o que for. E eu espero que você sinta o mesmo."

Rússia ficou ao seu lado, observando a água também. "Eu sinto. Sinto mais do que pensei que seria possível. E isso me assusta. Mas também me dá esperança."

Os dois permaneceram em silêncio por mais um tempo, lado a lado, as mãos quase se tocando, mas sem a necessidade de completar o gesto. Não era mais uma questão de contato físico, mas sim de algo maior: a confiança e o desejo de enfrentar juntos as incertezas do que viria a seguir.

Enquanto o sol subia no céu, Brasil e Rússia continuaram sua caminhada, sabendo que o acordo feito era apenas o começo de uma jornada cheia de surpresas. E, mesmo com todas as dúvidas, ambos estavam dispostos a arriscar.



Notas: nada posso tomar banho de piscina estou triste

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