Os dias após a conversa na ponte passaram em um ritmo curioso, onde Brasil e Rússia, de forma sutil, mantinham o acordo entre eles. A amizade seguia firme, mas havia um ar diferente em tudo o que faziam juntos. A proximidade física, os olhares trocados, e até os silêncios compartilhados tinham agora uma camada nova de significado. E, embora tentassem seguir com naturalidade, ambos sabiam que estavam num território onde qualquer deslize poderia causar uma ruptura.
Naquela manhã, Brasil acordou sentindo-se particularmente inquieto. Ele se perguntava se aquele acordo de "descobrir aos poucos" seria suficiente para acalmar as emoções que fervilhavam por dentro. Não era algo que ele poderia controlar, o que o deixava em conflito. No fundo, queria ir mais fundo, queria explorar mais o que estava crescendo entre ele e Rússia, mas ao mesmo tempo, respeitava o ritmo do amigo.
O telefone vibrou na mesinha de cabeceira, e ao pegar, viu uma mensagem de Rússia: "Você está livre hoje? Estava pensando em fazermos algo diferente." Brasil sorriu para a tela, curioso. Rússia raramente propunha programas espontâneos, o que o fez perceber que talvez o amigo também estivesse tentando se soltar um pouco mais.
Minutos depois, eles estavam juntos, caminhando pelas ruas movimentadas do centro. Rússia, aparentemente mais descontraído do que o normal, o levou até uma livraria antiga. As prateleiras de madeira escuras, o cheiro de livros velhos e o ambiente silencioso criavam uma atmosfera quase mágica. "Esse lugar me acalma," Rússia disse, olhando ao redor. "Sempre venho aqui quando preciso pensar."
Brasil o seguiu, observando como ele conhecia cada canto do lugar. Não era o tipo de lugar que Brasil frequentaria por conta própria, mas estar ali com Rússia fazia tudo parecer interessante. Eles se sentaram em uma área de leitura, cercados por pilhas de livros. Foi então que, de repente, Rússia pareceu mergulhar em pensamentos mais profundos.
"Você nunca falou muito sobre o seu passado," Brasil comentou casualmente, sem perceber que tocava num ponto sensível. Rússia olhou para ele por alguns segundos, e Brasil notou uma leve mudança no seu semblante. Algo entre a hesitação e a vontade de compartilhar.
"É que meu passado não é exatamente simples," Rússia começou, seu tom mais baixo do que o habitual. "Eu sempre fui criado para ser forte, para não demonstrar fraqueza. E isso tem um preço. Eu aprendi a esconder o que sentia, a me blindar... mas isso não significa que eu não carregue as marcas."
Brasil ouvia atentamente, respeitando o espaço que Rússia dava às palavras, sem interromper. Ele sabia que Rússia sempre fora reservado, mas sentia que, naquele momento, ele estava tentando baixar suas defesas.
"Quando eu era mais jovem, fiz algumas escolhas que me afastaram das pessoas," Rússia continuou. "Eu afastei até quem tentava me ajudar, quem estava do meu lado. Não porque eu quisesse, mas porque... era o único jeito de me proteger."
Brasil, sentindo a dor nas palavras de Rússia, pegou na mão dele de forma espontânea. O toque foi leve, quase como um sinal de que ele estava ali para ouvi-lo, sem julgamento.
"Eu entendo. Talvez não totalmente, mas... sei como é criar barreiras. Não é fácil derrubá-las depois," Brasil respondeu com sinceridade, apertando de leve a mão de Rússia. "Mas eu estou aqui agora. E não vou embora."
Rússia respirou fundo, como se aquele gesto de Brasil tivesse quebrado uma pequena parte da muralha que ele sempre mantinha ao redor de si. "Eu sei. E é por isso que isso tudo é tão assustador. O que temos... eu não quero perder."
Brasil sorriu de leve. "Você não vai. Não se depender de mim."
O momento de silêncio que seguiu foi mais profundo do que qualquer palavra poderia descrever. Sentados ali, no meio de tantos livros, sentiam que estavam escrevendo sua própria história, mas uma história sem roteiro certo. Era cheia de riscos, mas também de um cuidado mútuo que crescia cada dia mais.
Eles passaram o resto da tarde na livraria, sem a necessidade de falar muito. O simples fato de estarem juntos, compartilhando o mesmo espaço e as mesmas energias, era suficiente para confortá-los. O passado de Rússia, cheio de sombras e cicatrizes, agora parecia um pouco mais leve, pelo simples fato de que ele tinha Brasil ao seu lado.
Naquela noite, ao se despedirem, Brasil sentiu algo diferente em Rússia. Talvez fosse a confiança que estavam construindo. Ou talvez fosse o fato de que, a cada dia, eles estavam se permitindo ir além das próprias barreiras.
Notas: gente vcs tão olhando o documentário da mari Maria? Outra coisa, comentem sempre que der adoro ksks
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Entre o FOGO e o GELO
FanfictionEntre FOGO e Gelo é uma fanfic que explora o intenso relacionamento entre Brasil, alegre, expansivo e cheio de vida, e Rússia, reservado, frio e controlado. O que começa como um encontro casual entre dois opostos logo se transforma em uma jornada de...