𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐕𝐈

3 0 0
                                    

O sol já começava a nascer, e pequenos raios batiam no rosto de Manigold, forçando-o a acordar. Ele se sentou e se espreguiçou, tentando ficar mais alerta. Ao olhar para o lado, sorriu ao ver Kaiser ainda dormindo tranquilamente.

O azulado se aproximou do moreno e depositou um pequeno beijo em sua testa. Depois, afastou-se e ficou apenas observando, enquanto mexia carinhosamente no cabelo dele.

Kaiser começou a se mexer e abriu os olhos lentamente.

— Bom dia, preguiçoso — disse Manigold, afastando a mão do cabelo dele para que pudesse se levantar e bocejar.

— O sol nem nasceu direito. Não deve ser tão tarde, então não me chame de preguiçoso — Kaiser retrucou, empurrando Manigold levemente e passando a mão pelo cabelo, tentando ajeitá-lo.

Manigold riu e se levantou, puxando o lençol em que Kaiser estava sentado, obrigando-o a se levantar também. — Eu sei, mas vamos voltar antes que alguém note nossa ausência.

— É verdade... Melhor evitar comentários estranhos — o moreno concordou, levantando-se e ajudando o azulado a dobrar os lençóis.

— Do que está falando? Que comentários? Eu estava falando apenas sobre nossas obrigações.

— Ahn? Nada, deixa pra lá... — Kaiser tentou desconversar, afinal, Manigold não sabia do que ele havia escutado ontem.

Durante todos esses anos, toda vez que alguém aparecia para comentar sobre a amizade deles, sobre o quão estranho era os dois estarem sempre juntos, Manigold sempre brigava com as pessoas e dizia a Kaiser para não ligar. Porém, isso não impedia Kaiser de pensar no assunto por dias. Claro que Manigold não sabia dessa parte.

Cada um pegou um lençol, e começaram a caminhar em direção ao santuário.

— Então... — Manigold puxou conversa, notando que Kaiser estava distante. — O que aconteceu ontem entre você e a velha?

O coração de Kaiser falhou uma batida. Ele não queria falar sobre esse assunto tão cedo, mas ali estava seu amigo, pedindo uma explicação.

— Não foi nada, você sabe como ela é — disse Kaiser, achando que isso bastaria.

— Não minta pra mim — Manigold parou à frente de Kaiser, que o olhou surpreso. — Eu sei muito bem como ela é, mas aconteceu algo a mais para ter te deixado assim.

— Já disse que não foi nada, para de encher o saco! — O moreno passou pelo amigo e apressou o passo. O azulado o seguiu e, em um movimento rápido, o prendeu contra um pilar, pressionando-o com o corpo e segurando seu queixo, forçando Kaiser a olhar para ele.

— Você sabe que não precisa esconder nada de mim. Por que está fazendo isso?

Kaiser, incapaz de se mover, acabou cedendo. — Me desculpe... É só aquela mesma coisa, sobre nossa amizade...

— De novo isso? Essa velha não troca o disco? Já te disse para não ligar para essas coisas. Nós sabemos quais são as nossas intenções, e é só isso que importa, certo?

— Eu sei, mas... — Antes que ele pudesse terminar a frase, Manigold colocou o dedo indicador sobre os lábios dele, silenciando-o.

— Mas nada. Nunca mais quero ver você abalado por comentários idiotas, e muito menos fugindo de mim por causa disso. Fui claro?

Kaiser assentiu, olhando nos olhos de Manigold. O azulado demorou a retirar o dedo dos lábios dele, assim como a separar seu corpo. Seu olhar percorreu todo o corpo do moreno antes de finalmente se afastar e voltarem a caminhar.

𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐜̧𝐚𝐝𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora