𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗

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Manigold já havia voltado para a Casa de Câncer e estava muito mais animado que antes, pois tinha a confirmação de que Kaiser o visitaria, sem mais fugir dele como fazia anteriormente.

Inclusive, ele viria naquela noite. Não fazia muito tempo desde que Manigold deixara a unidade médica, mas a ansiedade era inevitável.

Quando chegou seu momento de descanso, entrou na Casa de Câncer e tirou sua armadura, ficando apenas com sua habitual camisa branca e calça preta. Sentou-se no sofá e suspirou; havia treinado mais cedo e depois passara um tempo reparando sua casa, como de costume. Seus músculos doíam, e ele precisava descansar logo.

Um barulho na entrada chamou sua atenção, e seus olhos brilharam ao ver quem era.

— Kaiser! — O cavaleiro se levantou e foi ao encontro do amigo.

— Pensei que já estivesse dormindo, já que não o vi na frente, mas decidi verificar mesmo assim... — Manigold pegou na mão de Kaiser e o puxou para dentro, levando-o até o sofá para que ambos se sentassem.

— Que nada, acabei de me recolher... Então você finalmente veio até aqui... — Ele sorriu para o moreno, que retribuiu o sorriso.

— Claro, tinha que ver com meus próprios olhos a famosa Casa de Câncer e também ajudar você com os medicamentos. — Ele mostrou uma bolsa que havia trazido e a abriu, revelando frascos de vidro e folhas.

— Sentiu algo desde que voltou? — O médico perguntou enquanto mexia na bolsa.

— Não, apenas hoje, porque treinei e senti as dores de sempre.

— Que dores? — Kaiser desviou a atenção da bolsa para olhar o amigo.

— Ah, nada demais, só dores musculares normais após treinar quando estou ferido.

Kaiser deu um soco no braço de Manigold, arrancando-lhe um gemido e se levantou.

— Se sabe que está ferido, por que foi treinar? — Ele pôs as mãos na cintura, esperando uma resposta.

— Não vou ficar parado por causa de alguns cortes. Vaso ruim não quebra. — Manigold fez uma expressão convencida, e o médico balançou a cabeça negativamente, aproximando-se.

— Vai quebrar um dia se não se cuidar. Tem que parar de ser cabeça dura... — Kaiser hesitou antes de estender as mãos, mas tocou os ombros de Manigold, começando uma massagem.

Manigold franziu levemente o cenho, mas logo relaxou.

— O que está fazendo? — perguntou, já se deixando levar pelo toque do amigo.

— Uma massagem para relaxar os músculos... Melhor não se acostumar muito. — Manigold sorriu e fechou os olhos, aproveitando.

— Você conversou com sua amiga? Para que ela não tire conclusões precipitadas...

— Não... Não tive tempo de lidar com Serena. Por acaso, isso te incomoda?

— Na verdade, não. Só me preocupo com você, já que sempre foi de ligar para a opinião dos outros. — Ao fim da frase, Kaiser deu um leve soco em seu braço e parou a massagem.

— É inevitável não se importar. Eu me preocupo com a sua imagem... Podem pensar coisas erradas sobre nós.

— Tipo o quê? — Kaiser ficou calado, sem conseguir responder, temendo mencionar comentários rudes ou olhares de desdém.

— Nada, esquece isso. — Ele pegou algumas ervas e um frasco com um líquido escuro. — As ervas são para chá, e o líquido você passa nas feridas. Até outro dia.

Antes que Kaiser se levantasse, Manigold segurou seu braço. — Por que não aproveita e fica um pouco? Tenho bebidas...

— Acho melhor não, preciso acordar cedo. — Kaiser tentou se desvencilhar, mas Manigold apertou mais.

— Fica, vai... Prometo que não demora. — Manigold fez um biquinho e se levantou, ficando perto de Kaiser.

Kaiser suspirou derrotado e deixou a bolsa no sofá.

— Tudo bem, mas nada de comemoração... Não vou demorar. — Manigold sorriu e puxou o amigo para a cozinha.

Lá, pegou uma garrafa de cerveja e dois copos. Serviu os dois e ofereceu um a Kaiser, que hesitou, mas pegou.

— Um brinde à nossa amizade renovada e à sua visita. — Manigold ergueu o copo.

— Não sei se isso deve ser brindado. — Kaiser tocou levemente seu copo no de Manigold.

— Esperei anos por isso, então sim, merece comemoração. — O azulado sorriu e bebeu. Kaiser tomou um gole e fez uma careta.

— Continua amargo como sempre, mas... — Manigold começou a rir.

— Sério que desacostumou? Você era pior do que eu na adolescência!

— Para de rir! Com o tempo, foquei no trabalho, sem tempo para isso. — Manigold pegou o copo dele.

— Sempre certinho... Vou trazer de volta seus talentos antigos. — Manigold fez Kaiser abrir a boca e virou o copo, obrigando-o a beber.

Kaiser fez uma expressão de desgosto enquanto Manigold ria.

— Vai ser ruim no começo, mas logo acostuma. — O cavaleiro encheu o copo de novo, mas Kaiser recusou.

— Chega por hoje...

— Não sairá daqui enquanto não terminarmos essa garrafa! — Manigold insistiu, e Kaiser, resignado, aceitou.

Depois de quatro garrafas, estavam rindo e falando sobre o passado. Kaiser lembrou do dia em que jogaram pó de mico na toalha de Serena, e de quando roubaram as maçãs de Kardia.

De vez em quando, seus corpos se tocavam, causando calor em Kaiser e Manigold, mas culparam o álcool.

Quando o sol entrou pela janela, Kaiser acordou de repente, assustando Manigold.

— O que foi!?

— Eu deveria ter saído ontem! Preciso trabalhar! — Ele pegou a bolsa e saiu correndo.

Manigold tentou dizer algo, mas apenas observou Kaiser descer as escadas, tropeçando, mas seguindo em frente.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐜̧𝐚𝐝𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora