Manigold já havia voltado para a Casa de Câncer e estava muito mais animado que antes, pois tinha a confirmação de que Kaiser o visitaria, sem mais fugir dele como fazia anteriormente.
Inclusive, ele viria naquela noite. Não fazia muito tempo desde que Manigold deixara a unidade médica, mas a ansiedade era inevitável.
Quando chegou seu momento de descanso, entrou na Casa de Câncer e tirou sua armadura, ficando apenas com sua habitual camisa branca e calça preta. Sentou-se no sofá e suspirou; havia treinado mais cedo e depois passara um tempo reparando sua casa, como de costume. Seus músculos doíam, e ele precisava descansar logo.
Um barulho na entrada chamou sua atenção, e seus olhos brilharam ao ver quem era.
— Kaiser! — O cavaleiro se levantou e foi ao encontro do amigo.
— Pensei que já estivesse dormindo, já que não o vi na frente, mas decidi verificar mesmo assim... — Manigold pegou na mão de Kaiser e o puxou para dentro, levando-o até o sofá para que ambos se sentassem.
— Que nada, acabei de me recolher... Então você finalmente veio até aqui... — Ele sorriu para o moreno, que retribuiu o sorriso.
— Claro, tinha que ver com meus próprios olhos a famosa Casa de Câncer e também ajudar você com os medicamentos. — Ele mostrou uma bolsa que havia trazido e a abriu, revelando frascos de vidro e folhas.
— Sentiu algo desde que voltou? — O médico perguntou enquanto mexia na bolsa.
— Não, apenas hoje, porque treinei e senti as dores de sempre.
— Que dores? — Kaiser desviou a atenção da bolsa para olhar o amigo.
— Ah, nada demais, só dores musculares normais após treinar quando estou ferido.
Kaiser deu um soco no braço de Manigold, arrancando-lhe um gemido e se levantou.
— Se sabe que está ferido, por que foi treinar? — Ele pôs as mãos na cintura, esperando uma resposta.
— Não vou ficar parado por causa de alguns cortes. Vaso ruim não quebra. — Manigold fez uma expressão convencida, e o médico balançou a cabeça negativamente, aproximando-se.
— Vai quebrar um dia se não se cuidar. Tem que parar de ser cabeça dura... — Kaiser hesitou antes de estender as mãos, mas tocou os ombros de Manigold, começando uma massagem.
Manigold franziu levemente o cenho, mas logo relaxou.
— O que está fazendo? — perguntou, já se deixando levar pelo toque do amigo.
— Uma massagem para relaxar os músculos... Melhor não se acostumar muito. — Manigold sorriu e fechou os olhos, aproveitando.
— Você conversou com sua amiga? Para que ela não tire conclusões precipitadas...
— Não... Não tive tempo de lidar com Serena. Por acaso, isso te incomoda?
— Na verdade, não. Só me preocupo com você, já que sempre foi de ligar para a opinião dos outros. — Ao fim da frase, Kaiser deu um leve soco em seu braço e parou a massagem.
— É inevitável não se importar. Eu me preocupo com a sua imagem... Podem pensar coisas erradas sobre nós.
— Tipo o quê? — Kaiser ficou calado, sem conseguir responder, temendo mencionar comentários rudes ou olhares de desdém.
— Nada, esquece isso. — Ele pegou algumas ervas e um frasco com um líquido escuro. — As ervas são para chá, e o líquido você passa nas feridas. Até outro dia.
Antes que Kaiser se levantasse, Manigold segurou seu braço. — Por que não aproveita e fica um pouco? Tenho bebidas...
— Acho melhor não, preciso acordar cedo. — Kaiser tentou se desvencilhar, mas Manigold apertou mais.
— Fica, vai... Prometo que não demora. — Manigold fez um biquinho e se levantou, ficando perto de Kaiser.
Kaiser suspirou derrotado e deixou a bolsa no sofá.
— Tudo bem, mas nada de comemoração... Não vou demorar. — Manigold sorriu e puxou o amigo para a cozinha.
Lá, pegou uma garrafa de cerveja e dois copos. Serviu os dois e ofereceu um a Kaiser, que hesitou, mas pegou.
— Um brinde à nossa amizade renovada e à sua visita. — Manigold ergueu o copo.
— Não sei se isso deve ser brindado. — Kaiser tocou levemente seu copo no de Manigold.
— Esperei anos por isso, então sim, merece comemoração. — O azulado sorriu e bebeu. Kaiser tomou um gole e fez uma careta.
— Continua amargo como sempre, mas... — Manigold começou a rir.
— Sério que desacostumou? Você era pior do que eu na adolescência!
— Para de rir! Com o tempo, foquei no trabalho, sem tempo para isso. — Manigold pegou o copo dele.
— Sempre certinho... Vou trazer de volta seus talentos antigos. — Manigold fez Kaiser abrir a boca e virou o copo, obrigando-o a beber.
Kaiser fez uma expressão de desgosto enquanto Manigold ria.
— Vai ser ruim no começo, mas logo acostuma. — O cavaleiro encheu o copo de novo, mas Kaiser recusou.
— Chega por hoje...
— Não sairá daqui enquanto não terminarmos essa garrafa! — Manigold insistiu, e Kaiser, resignado, aceitou.
Depois de quatro garrafas, estavam rindo e falando sobre o passado. Kaiser lembrou do dia em que jogaram pó de mico na toalha de Serena, e de quando roubaram as maçãs de Kardia.
De vez em quando, seus corpos se tocavam, causando calor em Kaiser e Manigold, mas culparam o álcool.
Quando o sol entrou pela janela, Kaiser acordou de repente, assustando Manigold.
— O que foi!?
— Eu deveria ter saído ontem! Preciso trabalhar! — Ele pegou a bolsa e saiu correndo.
Manigold tentou dizer algo, mas apenas observou Kaiser descer as escadas, tropeçando, mas seguindo em frente.
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𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐜̧𝐚𝐝𝐨𝐬
FanficManigold, um garoto que havia passado por eventos traumáticos acabou tendo uma conclusão; A vida não passava de lixo. Mas após ser atraído até o santuário, foi aos poucos percebendo que não era bem assim e que haviam coisas na vida que valiam a pen...