Capítulo 7 - Entre Provações e Restrições

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Helena se via cada vez mais envolvida em um turbilhão de sentimentos contraditórios. A presença de Lara em sua mente havia se tornado algo inescapável. As provocações da amante de seu marido surgiam a cada encontro, se entranhando em seus pensamentos de uma forma que Helena não conseguia controlar. Mas ela tentava. Tentava resistir a isso com todas as suas forças, repetindo para si mesma: "Estou aqui por Marcos. Por ele."

Era uma tarde chuvosa, típica de Washington, quando o telefone de Helena tocou. O nome de Lara apareceu na tela, provocando uma onda de ansiedade em seu peito. A voz dela no outro lado da linha era fria e casual, como sempre, mas carregava aquele toque de desafio que fazia o coração de Helena acelerar.

– Venha à minha casa hoje à noite – Lara disse, sem qualquer introdução. – Quero te mostrar algo. A frase parecia mais uma ordem, e Helena sentiu o familiar impulso de resistir.

– Eu... eu não sei, Lara. Talvez seja melhor deixar para outro dia. – Helena tentou se esquivar, mas a interrupção foi imediata.

– Você sabe que vai vir, Helena. – A voz de Lara carregava uma certeza irritante. – E eu garanto que vai valer a pena.

Helena desligou o telefone sem confirmar sua presença, mas, dentro de uma hora, lá estava ela. Parada em frente à porta do apartamento de Lara, com o coração acelerado e a mente inundada de dúvidas. Por que ela havia cedido tão facilmente? A resposta estava em algum lugar entre o medo de enfrentar Lara e a inegável curiosidade que ela despertava.

A porta se abriu e Lara apareceu, com um sorriso triunfante. Vestia um vestido de seda preta, simples, mas que acentuava suas curvas com uma elegância provocadora. Seus olhos escuros brilharam ao ver Helena.

– Achei que você não viria. – Lara comentou, afastando-se para dar passagem.

– Eu quase não vim. – Helena respondeu, forçando uma expressão firme, mas seu tom a traía. A hesitação estava lá, evidente.

O ambiente do apartamento de Lara era acolhedor, sofisticado. Cada detalhe parecia meticulosamente planejado para criar uma atmosfera sensual e convidativa. A suavidade das luzes, o cheiro sutil de jasmim no ar, tudo contribuía para embalar os sentidos de Helena, que já se sentia fora de controle.

– Quer beber algo? – Lara ofereceu, movendo-se graciosamente em direção à cozinha.

Não, obrigada. – Helena recusou rapidamente. Não podia se dar ao luxo de relaxar. Estava ali para entender mais sobre Marcos, não para cair no jogo de Lara.

– Você está tensa. – Lara observou enquanto servia a si mesma um copo de vinho. Ela deu um gole lento e, com um olhar sugestivo, acrescentou: – Relaxa, Helena. Estamos só conversando.

Helena riu, mas era uma risada forçada. Só conversando? Aquilo era um jogo, e ela sabia disso. Cada encontro com Lara parecia uma prova de resistência. Lara estava sempre pronta para testar seus limites, esperando que Helena cedesse à atração.

– Conversando, é? – Helena cruzou os braços, mantendo a distância. – Você sempre faz parecer que suas conversas têm algo a mais.

Lara sorriu, aquele sorriso que Helena começava a entender como pura provocação. Ela se aproximou, tão perto que Helena pôde sentir o calor de seu corpo, e sussurrou:

– Talvez seja porque você espera algo a mais. – Seus lábios curvaram-se num sorriso malicioso, e seus olhos fixaram-se nos de Helena com uma intensidade desconcertante.

Helena engoliu em seco, tentando manter o controle. Ela não iria ceder. Não dessa vez.

– Não se iluda, Lara. – Ela deu um passo para trás, tentando restabelecer a distância. – Estou aqui por Marcos, por mais que você tente me desviar disso.

Mas Lara riu, uma risada baixa e carregada de uma confiança quase arrogante.

– Ah, sim, Marcos. – Ela virou os olhos, como se estivesse entediada. – Diga-me, Helena, ele te faz feliz? Depois de tudo isso, você ainda sente que o ama?

A provocação pegou Helena de surpresa, mas ela manteve-se firme.

– Claro que eu amo meu marido. – A resposta veio rápida, talvez rápida demais. Helena sentiu o peso de suas próprias palavras, questionando-se se era uma verdade ou apenas uma desculpa para não encarar seus sentimentos conflitantes por Lara.

Lara arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a tensão.

– Sabe, é curioso como você fala tanto dele, mas cada vez que está comigo... você está aqui, Helena. Não com ele.

Isso irritou Helena. Ela não queria que Lara tivesse esse poder sobre ela. Então, decidiu mudar o foco da conversa.

– Você já o viu ultimamente? – Ela perguntou, tentando retomar o controle da conversa. – Marcos. Ele tem tentado te procurar?

Lara hesitou por um segundo, e isso não passou despercebido por Helena.

– Não. A voz de Lara soou mais firme do que ela esperava. – Marcos e eu não nos vemos mais. Ele tem sido... todo seu. Havia um tom ácido em suas palavras, algo que Helena não conseguia identificar completamente, mas que a incomodou.

– Então, por que isso ainda te afeta tanto? – Helena perguntou, agora quase desafiadora. – Se ele não está mais com você, por que essa... implicância?

Lara estreitou os olhos, e Helena percebeu que havia atingido um nervo.

– Não é sobre ele, Helena. – Lara deu um passo à frente, seu olhar intenso prendendo o de Helena. – Nunca foi. Não estou aqui por Marcos. Estou aqui por você.

Essas palavras deixaram Helena sem resposta. Por mais que tentasse negar, Lara havia se tornado uma presença poderosa e perturbadora em sua vida. Mais do que ela queria admitir.

– Isso é... – Helena começou, mas as palavras escaparam. Ela não sabia o que dizer.

Lara apenas sorriu, aquele sorriso enigmático que Helena agora sabia que escondia muito mais do que simples provocações.

– Você está lutando contra si mesma, Helena. E, eventualmente, você vai perder. Todos perdem.

Helena sentiu o impacto daquelas palavras. Ela sabia que o jogo estava longe de acabar, mas, dessa vez, não tinha certeza se conseguiria sair dele sem se ferir.

A AMANTE (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora