Capítulo 9 - Silêncio e Desordem

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Passaram-se cinco dias desde o beijo no banheiro do restaurante, e Helena não conseguia tirar a cena da cabeça. A cada tentativa de focar no trabalho, nos afazeres de casa, ou mesmo em Marcos, a memória de Lara a invadia. Ela se perguntava, insistentemente, por que havia deixado aquilo acontecer. Afinal, o que aquilo realmente significava?

Lara, por outro lado, parecia inquieta com o silêncio. Tentou ligar para Helena várias vezes, mas todas as chamadas caíam na caixa postal. Ela enviou mensagens provocativas, algumas mais diretas, outras disfarçadas de brincadeira. Mas Helena ignorava todas, sem coragem de responder. Havia um peso crescente em seu peito, e ela não sabia se o que mais a incomodava era o beijo em si ou o fato de não conseguir se afastar da ideia de Lara.

Naquela manhã, Helena acordou mais cedo do que o habitual, sentindo uma tensão em seu corpo. Ela se levantou sem acordar Marcos, que ainda dormia profundamente. Foi para a cozinha, tentando se distrair com o café, mas o som das ligações perdidas ecoava em sua mente. Lara não desistiria tão fácil, e isso a deixava ainda mais confusa.

Helena olhou para o celular, o visor mostrando diversas chamadas não atendidas de Lara. Ela podia imaginar o tom de voz provocador, o sorriso que sempre a desarmava, mas naquele momento tudo o que ela sentia era um vazio perturbador. Como ela podia sentir tanto por Lara e ao mesmo tempo continuar insistindo que amava Marcos?

Visão de Lara:

Lara estava acostumada a conseguir o que queria, mas algo em Helena a desestabilizava. O jogo de provocações havia começado como uma brincadeira divertida, uma maneira de testar os limites de Helena e ver até onde ela iria. No entanto, o beijo no restaurante mudou tudo. Lara sentia algo que não esperava – uma atração mais profunda do que apenas o desejo de brincar com os sentimentos de Helena.

Cada chamada não atendida, cada mensagem ignorada só aumentava a frustração de Lara. Ela começava a perceber que, talvez, aquilo fosse mais do que apenas uma atração física ou uma rivalidade disfarçada de desejo. Havia algo em Helena que a prendia, algo que a fazia querer mais, mas agora ela estava sendo evitada. E isso a incomodava de um jeito que ela não esperava.

Sentada no sofá de seu apartamento, Lara olhava para o celular, irritada. Ela pensava no que diria se Helena finalmente atendesse. Talvez usasse o sarcasmo de sempre, uma provocação aqui e ali, mas sabia que, no fundo, queria mais. Queria respostas.

Visão de Helena:

Helena estava perdida em uma montanha-russa emocional. O beijo havia abalado todas as suas convicções, e ela se sentia presa entre dois mundos. De um lado, seu casamento com Marcos, que estava finalmente melhorando. De outro, Lara, que agora era uma presença constante em seus pensamentos, mesmo que ela tentasse afastá-la.

Ela se perguntava como havia chegado àquele ponto. Será que era só a provocação de Lara que a levava a sentir isso, ou havia algo mais profundo? E, pior, por que ela não conseguia parar de pensar no beijo?

– Eu amo o Marcos – ela murmurou para si mesma, tentando reafirmar o que deveria ser verdade. Mas as palavras soavam vazias, desconectadas da realidade em que agora se encontrava.

O Confronto Interno

Os dias de silêncio só tornavam as coisas mais complicadas para ambas. Helena evitava Lara a todo custo, mas sabia que, eventualmente, teria que enfrentá-la. Lara, por sua vez, se preparava para o próximo movimento, decidida a não deixar que Helena simplesmente desaparecesse de sua vida.

Helena ainda não sabia como lidaria com tudo isso. Não sabia se conseguiria continuar evitando Lara ou se, no fundo, o que ela realmente queria era confrontar tudo o que vinha sentindo desde aquele beijo.

A AMANTE (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora