Helena parou em frente ao apartamento de Lara, a chuva começando a cair do lado de fora. O dia havia sido cansativo, mas a carona que oferecera a Lara a deixou inquieta, uma mistura de emoções fervilhando dentro dela. Ela hesitou, lembrando-se do sorriso travesso de Lara quando entrou no carro.
— Então, vai entrar ou vai ficar aí na chuva? — Lara perguntou, com um olhar provocador, enquanto a olhava ainda sentada no banco do carro.
— Não, obrigada. Eu realmente preciso ir — respondeu Helena, tentando manter a firmeza na voz, mas um leve tremor a traiu.
— Ah, vai, só um minutinho! — Lara insistiu, os olhos brilhando com entusiasmo. — Está começando a chover e você sabe que é horrível dirigir na chuva, e eu posso fazer um chá delicioso. Você não vai se arrepender!
Helena balançou a cabeça, cruzando os braços na tentativa de se proteger do apelo daquelas palavras. A tentação era grande, mas ela não queria se deixar levar.
— Eu disse que não! — afirmou Helena, mas a resistência estava começando a falhar.
— Então, você realmente não quer ouvir sobre como eu me diverti com suas amigas? — Lara provocou, um sorriso maroto nos lábios. — Elas são bem divertidas, sabia?
A menção das amigas deixou Helena inquieta. A imagem de Lara rindo e se divertindo com Fernanda a incomodava.
— Ah, é? Você se divertiu bastante, né? Principalmente com a Fernanda — Helena disse, tentando disfarçar a irritação que crescia dentro dela.
Lara sorriu, como se tivesse atingido um ponto sensível.
— Ela é Linda. Não é? — Lara disse, dando um passo mais perto, a provocação evidente.
Helena revirou os olhos, mas a provocação de Lara a atingiu em cheio.
— Não estou aqui para discutir isso! — Ela respondeu, a voz mais aguda do que pretendia.
Lara apenas riu, uma risada que deixou Helena ainda mais irritada.
— Vamos, Helena! É só um chá! Você não vai morrer por isso. Além do mais, está começando a piorar chuva! — Lara insistiu, sem se importar com a resistência de Helena.
Por fim, o desejo de estar perto de Lara venceu a resistência dela. Com um suspiro resignado, Helena aceitou, saíram do carro e subiram rumo ao apartamento.
— O que você tem a dizer sobre sua noite? — Lara perguntou, enquanto abria a porta do apartamento e se movia pela sala.
Helena entrou e sentou-se no sofá, tentando manter a expressão neutra.
— Eu... só estava passando um tempo com as minhas amigas. Isso é tudo — respondeu, mas a defensiva não era convincente.
Lara se aproximou, sentando-se bem ao lado de Helena, e o olhar provocador estava de volta.
— Eu vi como você ficou quando a Fernanda estava dando em cima de mim. Parecia até que você queria que eu fosse mais... simpática com ela — Lara alfinetou, um brilho de diversão nos olhos.
Helena desviou o olhar, mas o calor que subia ao seu rosto era inegável.
— Não é da sua conta! — disse, mas a tensão no ar era palpável.
— Então, você não gostou? — Lara insistiu, com um tom de brincadeira, enquanto passava uma das mãos pelo cabelo.
A chuva começou a cair com mais força do lado de fora, criando um som reconfortante, mas a tensão entre as duas estava se intensificando.
— Olha, eu não estou aqui para discutir nada sério! — Helena falou, mas a voz soava menos firme a cada palavra.
— Claro, porque tudo o que você faz é discutir! — Lara brincou, inclinando-se mais perto de Helena, o olhar fixo nos lábios dela. — Você sempre parece tão séria.
Helena não respondeu, apenas mordeu o lábio, tentando conter a frustração. A conexão estava ali, e era difícil ignorar.
— Helena, eu estou aqui. E você sabe que podemos conversar sobre qualquer coisa — Lara sugeriu, a voz suave, quase tentadora.
— Conversar? — Helena se virou para Lara, a incredulidade na voz. — Sobre o que, exatamente? Como você estava flertando com a Fernanda?
— Eu só estava sendo simpática! Não é uma crime social! — Lara retrucou, um sorriso divertido ainda presente. — Mas é claro que você ficou com ciúmes.
— Eu não estou com ciúmes! — Helena protestou, mas a sinceridade da sua declaração era duvidosa.
— Ah, você está sim! E isso é adorável! — Lara provocou, mais perto agora, quase tocando os ombros de Helena.
O ambiente estava tenso, e a chuva aumentava, fazendo o cenário parecer ainda mais dramático.
— Eu não estou aqui para isso! — Helena disse, levantando-se bruscamente. — Eu vou embora!
Ela se virou para a porta, determinada a sair, mas antes que pudesse abri-la, as luzes do apartamento piscaram e apagaram. Um silêncio súbito tomou conta do ambiente.
— Ótimo! Agora isso! — Helena exclamou, furiosa. A escuridão parecia ampliar sua irritação.
Lara riu, um riso despreocupado que apenas aumentou a frustração de Helena.
— Bem, parece que você vai ter que esperar aqui um pouco mais. Olha como a chuva está forte lá fora! — Lara disse, cruzando os braços, claramente se divertindo com a situação.
Helena girou os olhos, mas não podia negar que a presença de Lara a fazia sentir algo a mais. Ela estava presa, e a combinação de sentimentos a deixava confusa.
— Você é impossível! — Helena disse, mas a raiva não era tão forte quanto antes.
— Impossível? Eu? — Lara perguntou, uma expressão de falsa inocência no rosto. — Eu só quero te conhecer melhor!
Enquanto a chuva batia forte na janela e a escuridão as envolvia, a tensão entre as duas crescia. O que antes era uma discussão tornou-se algo mais, um jogo de provocações onde ambas eram protagonistas.
— Então, vamos nos sentar e esperar a luz voltar? — Lara sugeriu, sua voz suave.
Helena hesitou, mas enquanto a chuva continuava a cair, ela percebeu que talvez, só talvez, aquele momento poderia ser mais interessante do que a simples saída apressada.
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A AMANTE (Romance Lésbico)
RomanceUm casamento perfeito, uma traição devastadora. Helena decide lutar por seu relacionamento, mas de uma maneira inimaginável. Procurando a amante do marido, Lara, ela descobre sentimentos contraditórios. Uma atração intensa e perigosa nasce entre ela...