Capítulo 8 - Um Jogo de Ciúmes

10 0 0
                                    


Aquela semana havia sido um misto de emoções para Helena. Apesar de toda a confusão interna, ela sentia que sua relação com Marcos finalmente estava voltando aos trilhos. Ele estava mais presente, carinhoso e atencioso, e Helena começava a acreditar que a estratégia de Lara, por mais doentia que fosse, estava dando certo. Então, quando Marcos sugeriu um jantar romântico, ela aceitou, esperando que a noite fosse um símbolo de uma nova fase entre eles.

O restaurante que escolheram era sofisticado, com luzes baixas e música suave que preenchia o ar, criando uma atmosfera íntima. O cenário perfeito para que Helena reafirmasse para si mesma que seu casamento valia a pena ser salvo. Marcos, como sempre, parecia encantado com a comida, o ambiente e, por um breve momento, Helena permitiu-se relaxar, acreditando que aquela poderia ser uma noite tranquila. Mas isso foi antes de sentir um arrepio percorrer sua espinha.

Helena olhou para o outro lado do salão e lá estava ela. Lara. Sentada em uma mesa próxima à janela, rindo baixinho enquanto conversava com outra mulher. O olhar de Helena imediatamente encontrou o de Lara, e o ambiente ao redor pareceu congelar. Aquela provocação silenciosa que sempre existia entre elas voltou a aflorar, e o ciúme rasgou o peito de Helena com uma intensidade que ela não esperava. Lara estava acompanhada, relaxada, e parecia se divertir sem qualquer preocupação... mas, ao perceber Helena, seu sorriso malicioso apareceu.

Marcos, alheio ao turbilhão que começava a se formar dentro de Helena, continuava falando sobre o trabalho, detalhando os planos para o fim de semana. Helena, porém, mal o ouvia. Seus olhos estavam fixos em Lara, que inclinava-se sutilmente para a mulher ao seu lado, sussurrando algo que a fez rir. Cada movimento de Lara parecia planejado, como se fosse uma dança meticulosa para provocar Helena.

– Está tudo bem? – Marcos perguntou, notando a distração de Helena.

– Sim... está – respondeu ela, forçando um sorriso que claramente não convencia ninguém.

Helena sentia o sangue ferver. Ela não conseguia lidar com aquilo. Lara estava ali, rindo, vivendo sua vida, e Helena, que deveria estar comemorando a reconciliação com seu marido, estava consumida por um ciúme amargo. Incapaz de suportar mais, ela murmurou uma desculpa e levantou-se da mesa, dirigindo-se ao banheiro para tentar recompor a mente.

Assim que fechou a porta atrás de si, Helena respirou fundo, encarando seu reflexo no espelho. "Por que ela me afeta tanto?", pensou, sentindo a tensão nos ombros. Não fazia sentido. Ela estava ali para salvar seu casamento, mas Lara havia invadido sua mente de uma forma que parecia impossível de controlar.

Os pensamentos de Helena foram abruptamente interrompidos quando a porta do banheiro se abriu e Lara entrou. Ela parou na entrada, seus olhos escuros brilhando com aquele olhar desafiador que Helena já conhecia tão bem.

– Parece que não conseguiu me ignorar por muito tempo – murmurou Lara, com um sorriso presunçoso enquanto se encostava à pia, cruzando os braços.

Helena sentiu o coração acelerar, a raiva borbulhando sob a superfície.

– O que você está fazendo aqui, Lara? – questionou Helena, tentando manter a voz firme.

– Apenas jantando, claro – respondeu Lara com desdém. – Ou você acha que tudo que eu faço é por sua causa?

Helena mordeu o lábio, tentando manter o controle. A presença de Lara ali, naquele momento, parecia uma provocação cruel. Ela não deveria se importar. Não deveria sentir nada. Mas Lara sabia como mexer com suas emoções.

– Você está jogando comigo – acusou Helena, aproximando-se um pouco mais. – E eu não vou cair nisso.

Lara riu, mas não era uma risada leve. Havia um toque de algo sombrio ali, como se ela estivesse desfrutando do sofrimento de Helena.

– Oh, Helena... já caiu. Você só não percebeu ainda – disse Lara, aproximando-se devagar. – Diga, enquanto está com ele... é de mim que você se lembra, não é?

Helena tentou negar, tentou dizer que amava Marcos, que estava ali por ele, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Lara estava perto, perto demais, e Helena sentia o calor de sua presença. O ar parecia eletrizado, e, antes que pudesse pensar, os lábios de Lara tocaram os seus.

O beijo foi intenso, um misto de raiva e desejo reprimido. Era algo que ambas negaram por tempo demais, e naquele momento, tudo veio à tona. Helena tentou resistir, mas seu corpo cedeu por um instante, permitindo-se sentir o que estava há tanto tempo guardado. Quando finalmente se separaram, ofegantes, Helena olhou para Lara, os olhos arregalados.

– Isso... isso não pode acontecer – disse Helena, a voz trêmula, sua mente em caos.

Lara, ainda com os lábios curvados em um sorriso de vitória, deu um passo para trás.

– Talvez não devesse, mas aconteceu. E agora, o que você vai fazer sobre isso?

Helena não respondeu. Ela virou-se rapidamente e saiu do banheiro, o coração batendo descompassado, o rosto corado de uma mistura de vergonha e excitação. Quando voltou para a mesa, Marcos estava distraído no celular, sem notar nada do que havia ocorrido. Ela sentou-se, tentando se recompor, mas sabia que aquela noite havia mudado algo dentro dela. Algo que ela não conseguiria mais ignorar.

O jogo de Lara havia atingido um novo nível. E, embora Helena ainda negasse, parte dela gostava disso.

A AMANTE (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora