Capítulo 13 - O Jogo Proibido

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Dias se passaram desde o beijo que Helena e Lara compartilharam. Helena estava tentando a todo custo esquecer o que havia acontecido, querendo enterrar aquele momento em algum canto obscuro da mente. No entanto, quanto mais ela tentava apagar, mais aquele instante surgia em seus pensamentos. Lara, por outro lado, parecia se alimentar da tensão que pairava entre elas. Estava sempre por perto, rondando Helena, pronta para provocar, mexer com suas emoções e colocar a calma aparente dela à prova.

Helena tentava voltar à rotina. Seu trabalho na clínica, as responsabilidades de casa com Marcos, e as visitas aos pais estavam todas intactas, como sempre. Mas por dentro, uma batalha silenciosa a consumia. As noites ao lado de Marcos eram preenchidas por uma culpa sufocante, e sua mente divagava para longe, para um lugar que ela jamais imaginaria estar: os lábios de Lara, o toque dela, a provocação constante.

A primeira vez que Lara se aproximou desde o beijo foi na própria clínica de Helena, um lugar onde ela nunca deveria estar. Helena estava no fim de um expediente cansativo, quando a viu parada no corredor, encostada na parede com o típico sorriso provocador. Era um local cheio, qualquer um poderia vê-las. O coração de Helena acelerou, não por medo, mas pela eletricidade que surgia em sua pele sempre que Lara estava por perto.

Lara caminhou lentamente até ela, inclinando-se para sussurrar algo ao pé do ouvido. "Ainda pensa no beijo?", disse com um tom de voz suave, mas carregado de ironia. A proximidade de sua boca fez Helena estremecer, e por um momento ela perdeu a compostura.

- Você não deveria estar aqui - Helena murmurou, tentando manter a voz firme. Ela olhou ao redor, o pânico evidente em seu olhar. As enfermeiras, os pacientes, qualquer um poderia surgir a qualquer momento.

- Ah, relaxa... ninguém vai nos ver - Lara continuou, sem dar sinais de que ia embora. Ela se aproximou mais, deslizando os dedos suavemente pelo braço de Helena, até tocar o pescoço. "Sei que você gostou... e quer mais."

Helena afastou-se bruscamente, o calor subindo pelo rosto, e saiu quase correndo do corredor. Precisava escapar daquela proximidade sufocante. Lara sempre sabia exatamente como a fazer ceder, e isso a irritava. O controle de Helena sobre si mesma estava fragilizado, e Lara parecia saber disso melhor que ninguém.

Nos dias seguintes, Lara não desistiu. Em outro encontro casual, dessa vez em um café perto da clínica, Helena estava tomando uma pausa rápida entre consultas quando Lara apareceu novamente. Ela se sentou à mesa sem ser convidada, sua presença instantaneamente preenchendo o ar com uma tensão palpável.

- Podemos conversar como duas pessoas civilizadas? - Helena perguntou, com um tom forçado de calma, enquanto tomava um gole do café para disfarçar o nervosismo.

- Claro. Eu sou a mais civilizada aqui - Lara respondeu com um sorriso travesso, inclinando-se levemente sobre a mesa para deixar a mão roçar na de Helena de maneira aparentemente acidental. - Só que é difícil fingir que nada aconteceu, não acha?

Helena deu um leve suspiro, tentando manter o foco. "Isso foi um erro. Não vai acontecer de novo."

Lara soltou uma risada baixa e sarcástica. - Ah, Helena... Você sabe que está mentindo. - Seus olhos brilhavam com uma confiança que desarmava Helena. Lara aproximou-se novamente, dessa vez quase beijando o pescoço de Helena, mas se contendo apenas o suficiente para não cruzar a linha, provocando-a com o hálito quente.

Helena afastou-se de novo, desta vez com mais força. "Pare com isso", ela sussurrou, o medo de serem vistas ainda mais presente. Lara recostou-se na cadeira, cruzando os braços e observando Helena com um olhar de quem já havia vencido. Ela não precisava fazer mais nada; o efeito já estava feito.

O que mais incomodava Helena era o fato de que Lara sempre escolhia os lugares mais perigosos para provocá-la. Lugares públicos, onde alguém poderia surgir a qualquer momento. Como na vez em que Helena estava no estacionamento da clínica, preparando-se para ir embora. Lara surgiu de repente, pegando-a de surpresa.

- Está com medo de que alguém nos veja, Helena? - Lara perguntou, enquanto se aproximava lentamente, como uma caçadora cercando a presa. - Sabe, o risco torna tudo mais... interessante.

Antes que Helena pudesse responder, Lara encostou seus lábios na nuca de Helena, beijando-a suavemente. O corpo de Helena reagiu antes mesmo que ela pudesse controlar. Um arrepio percorreu sua espinha, e por um breve instante, ela se permitiu sentir. Mas logo voltou à realidade e empurrou Lara para longe, os olhos varrendo o estacionamento em busca de testemunhas.

- Alguém pode nos ver, Lara! - Helena falou, com uma mistura de pânico e excitação.

- Talvez você devesse parar de lutar contra isso. Está escrito em cada gesto seu. - Lara deu de ombros, como se a situação fosse um jogo simples para ela. E talvez fosse, afinal. Mas para Helena, era um campo minado.

Nos dias que se seguiram, Lara continuou com o jogo. Ela aparecia em momentos inesperados, lugares onde Helena jamais esperava vê-la. Às vezes, ela apenas lançava um olhar sugestivo do outro lado da sala. Outras, murmurava frases ao pé do ouvido que deixavam Helena em combustão por dentro, ao mesmo tempo que sentia o pânico de ser descoberta. Cada encontro era uma prova de fogo para sua força de vontade.

Por mais que tentasse evitar, Helena não conseguia afastar Lara da cabeça. Era como se Lara soubesse exatamente como minar as defesas que ela havia construído ao longo dos anos. Mesmo com a culpa pesando sobre seus ombros e o medo de destruir seu casamento com Marcos, havia algo em Lara que a puxava para o abismo, algo irresistível e perigoso.

No trabalho, em casa, nas pequenas escapadas que ela tentava fazer para ficar sozinha, Lara sempre encontrava um jeito de estar presente. E quanto mais Lara provocava, mais evidente se tornava para Helena que a resistência estava desmoronando, tijolo por tijolo. Ela queria lutar, mas a cada dia que passava, tornava-se mais difícil.

Helena sabia que algo dentro de si estava mudando. A verdade cruel que ela estava evitando, finalmente começava a tomar forma. Ela não conseguia resistir a Lara, e o perigo de serem descobertas tornava tudo ainda mais tentador.

Mas por quanto tempo ela conseguiria esconder o desejo crescente que a consumia?

A AMANTE (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora