1̶1̶: O que os olhos não vêem

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P.O.V Beomgyu.

Teehyun, por que você não se importa mais comigo?

Já fazem dois meses que, ao que tudo indica, você desistiu de mim de vez. Eu sei que eu quem provoquei isso, e meu coração dói toda vez que me lembro disso, eu queria ter te feito ficar.

Sei que você me deixou depois de ver a mensagem do Soobin no meu celular, eu imaginava que um dia você desistiria de insistir, mas achei que demoraria mais. Desde então, as coincidências acabaram, os lugares onde sempre acabávamos nos encontrando por causa do destino já não tinham o mesmo efeito, talvez o universo tenha entendido que não era pra ser.

Que droga, me sinto um grande idiota por ter feito você ir embora, tudo por conta da minha confusão, minha dependência emocional. Com tudo isso, por você, eu decidi fazer tratamento psicológico, e eu espero que, assim, você volte pra mim um dia.

Eu realmente te amo, Taehyun.

°°°°

Os dias se passaram, e cada dia mais, Beomgyu sentia falta do Taehyun. Quando tomou coragem, decidiu ir até a casa dele pra tentar conversar, mas chegando lá, encontrou a porta aberta. Mesmo sabendo que era errado, ele entrou, encontrando a casa vazia.

Não tinha ninguém em casa, então ele decidiu dar uma olhada ali, pra matar um pouco da saudade, e foi até o quarto do Kang. Quando ele estava no quarto, de repente, escutou o barulho da porta abrindo, e sua única reação foi se esconder rapidamente no armário, para não ser visto.

O problema é que, em questão de segundos, começou a ouvir respirações ofegantes e barulhos de beijo. Disfarçadamente, ele abriu um pouco a porta do guarda roupa, o suficiente pra conseguir ver o que estava acontecendo ali, e viu exatamente o que não queria: Taehyun e Yeonjun juntos.

Eles se beijavam de uma forma quente e pornográfica, se agarrando como se estivessem esperando por aquilo a muito tempo. O Kang apertava a bunda do mais alto, enquanto esse puxava a nuca dele pra si, como se não quisesse que ele fosse embora, mesmo sabendo que ele não iria. Quando o garoto dentro do armário achava que não podia piorar, Taehyun pegou Yeonjun no colo, e jogou ele na cama, ficando por cima.

— Kang... — disse, afastando os lábios minimamente — Eu tenho esperado isso por tanto tempo...

— Eu também, Jun... — começou a abrir a camisa do outro — Eu não aguentava mais me segurar, sabia?

Yeonjun sorriu ladino, antes de tirar a camisa do Kang, e passar as mãos pelos braços definidos, fazendo o outro ofegar e morder o lábio inferior. A aquela altura, Beomgyu sentia tanto ciúmes que seus olhos estavam cheios de lágrimas, e conforme a cena evoluía, a água insistia mais em querer cair.

— Ah, Jun... — sorriu — Você é tão lindo...

— Obrigado... — sorriu corando — Você também é lindo, Terry.

— Ah, não me olha assim... — deu um beijo na bochecha dele — Você sabe que eu fico todo bobo.

— Fica, é?

— Uhum... — começou a distribuir beijos pelo pescoço dele — Gostoso...

A partir dali, tudo ficou em câmera lenta pro Beomgyu, que não conseguia mais segurar as lágrimas.

Então ele ficou ali, sem coragem o suficiente pra dizer nada, assistindo seu amor transar com seu "amigo".

[...]

Quando Taehyun e Yeonjun finalmente dormiram, Beomgyu saiu do armário, com os olhos inchados de tanto chorar em silêncio. Então, com o coração em pedaços, ele foi embora, desejando sumir.

Mas infelizmente, ele não escutou a parte que mudaria tudo. Quando os dois acordaram, um diálogo teria feito Beomgyu mudar de ideia sobre a atuação situação.

— Bom dia, Tae... — sorriu — Dormiu bem?

— Sim... — sorriu — E você?

— Eu dormi sim.

— Que bom, Junnie.

Um silêncio se instalou no local, e em questão de minutos, Yeonjun resolveu fazer a pergunta que atormentava sua mente.

— Você ainda gosta do Beomgyu, não é?

— Você sabe que sim... — suspirou — Mas eu preciso seguir em frente.

— Vai deixar ele pra trás de vez, então?

— Sim, eu já decidi.

Mas infelizmente, independente do que Beomgyu fizesse, talvez não tivesse volta.

°°°°

Beomgyu tremia, tendo a pior crise de ansiedade da sua vida.

Já em casa, ele chorava como uma criança, tentando tirar da cena o que tinha visto hoje. Queria que os abraços carinhosos do Kang o abraçassem e sua doce voz dissesse que tudo vai ficar bem, mas aquilo não podia acontecer, porque seu amor estava em outros braços.

Ele estava sozinho.

Imerso em pensamentos negativos, ele sabia que precisava de ajuda, porque se não fosse ajudado, teria ações que trariam consequências irreversíveis. Com dificuldade, ele pegou seu celular, e ligou pro Hueningkai, tentando segurar o celular conforme as mãos tremiam.

— Alô? — o Huening disse quando atendeu.

— K-kai, por favor... — fechou os olhos suspirando — E-eu preciso que... — sua voz falhou — Vem aqui...

Preocupado, Hueningkai não pensou duas vezes em ir até a casa do Choi, e sem nem mesmo bater, ele entrou, encontrando o garoto sentado no chão, tremendo e chorando, prestes a fazer uma besteira. Rapidamente, ele sentou ao lado do Beomgyu, e o abraçou, sem perguntar nada, ele sabia que agora seu melhor amigo só precisava de amor. Em questão de segundos, o Choi retribuiu o abraço, se sentindo seguro ali, e alívio conforme a crise foi diminuindo.

— Eu tô aqui, Gyu... — deu um beijo no topo da cabeça dele — Eu disse que sempre estaria aqui por você, não disse?

— O-obrigado... — abraçou ele mais forte — Você é tão quentinho...

Hueningkai não conseguiu evitar sorrir, seu coração acelerava, e naquele momento, mais uma vez, ele tentava disfarçar os sentimentos que cultivava pelo melhor amigo a anos. Ele sempre estava ali, dava apoio ao Beomgyu quando ele precisava, escutava suas histórias de relacionamentos fracassados, sobre suas paixões.

Mas por algum motivo, Beomgyu nunca o enxergou como ele queria.

— Hyuka, o Tae, ele... — sua voz falhou conforme seus olhos marejavam novamente — E-eu vi ele na cama com o Jun, eu... — suspirou — E-eu não queria ter visto...

— Calma, tá tudo bem... — abraçou ele mais forte — Eu sei que dói, Gyu... — suspirou — Mas eu vou estar aqui até você se curar.

— E quando eu me curar? — se afastou o suficiente pra olhar pra ele.

— Eu vou continuar aqui... — fez carinho no rosto dele, e sorriu em seguida — Você é lindo, Gyu...

Beomgyu sorriu, desviando o olhar enquanto corava, e apertou aquele abraço novamente, se sentindo seguro e protegido, longe de todo o caos dos seus sentimentos. Agora, se sentia leve, feliz, e protegido.

No fim das contas, ele encontrou conforto em outros braços.

Stalker [Taegyu +18]Onde histórias criam vida. Descubra agora