Cruel Summer

|Prefácio|

Outer banks, ou melhor o paraíso na terra. Duas tribos, uma ilha.

Nós somos os Pogues, e nossa missão neste verão é simples: nos divertir, o tempo todo. Pogues, ou "Pogies", o peixe descartável, o mais baixo da cadeia alimentar. O lado ruim de ser um Pogue? Somos ignorados e negligenciados. O lado bom? Bem, somos ignorados e negligenciados, o que significa que podemos fazer o que quisermos, quando quisermos.

JJ, meu melhor amigo desde a terceira série. Ele é tão local quanto se pode ser. Vem de uma longa linhagem de pescadores, beberrões, contrabandistas e vingativos, todos vivendo da água. Ele é o melhor surfista que eu conheço, mas nunca vou admitir isso pra ele. JJ é um leve cleptomaníaco e um futuro trapaceiro fiscal, isso é certo.

E essa é a Jackie, ou diabinha, como é chamamos ela.Quando ela não está jogando bola ou debochando do JJ, está por perto, nos seguindo. Não sei bem por que ela sempre está com a gente, afinal, ela só tem 13 anos. Mas, de todos nessa ilha, ela com certeza odeia o Rafe Cameron mais do que qualquer um. O que eu mais gosto na Jackie é que ela consegue ser fofa e sarcástica ao mesmo tempo. Não é à toa que o JJ é um irmão babão.

Ele só não pode saber que eu disse isso.

E aí temos a Kiara, ou Kie. Quando não está salvando tartarugas ou ouvindo Marley, ou tatuando um golfinho em algum lugar aleatório, ela anda com a gente. Não sei bem o porquê. Ela é uma criança rica, na verdade. Tem um pé nos dois mundos. A família dela é dona do The Wreck, um restaurante clássico daqui. Uma verdadeira vaca leiteira para os turistas. Não tenho certeza de como os pais dela se sentem sobre nós, os Pogues.

E esse é o Pope, o cérebro da operação. Finalista da Bolsa de Mérito Lucas T. Vanderhorst, e a pessoa mais inteligente que eu conheço. Ele é um pouco esquisito, mas é parte da equipe. O pai dele, Heyward, é uma lenda na ilha. Se você precisa de qualquer coisa, Heyward consegue. Não sei se ele sabe bem o que fazer com o filho excêntrico, mas isso não importa. Pope é um Pogue, como o resto de nós.

E eu sou John Booker Routledge, mas todo mundo me chama de John B. E é aqui que eu moro: uma velha cabana de peixes no pântano. O Château, como meu pai costumava chamar.

O pai. Ele desapareceu no mar há nove meses, procurando por um naufrágio. Quem desaparece no mar hoje em dia? Eu sinto falta dele. E tem a mamãe. Ela nos deixou quando eu tinha três anos. A última coisa que soube é que estava no Colorado. Acho que era no Colorado.

Tio T? Desde que o papai sumiu, ele teoricamente é meu guardião legal. No momento, está no Mississippi, construindo casas. O que significa que agora sou só eu. Eu e meus amigos.

Três meses depois que meu pai desapareceu, ele foi oficialmente dado como morto. Eu me recusei a assinar os papéis. Enquanto eu não vir um corpo, não vou desistir.

E é aí que a história começa. Meu pai sumido, meu tio longe, e eu, tentando não acabar num orfanato.