Pisei no acelerador

Capítulo 20

Buck nunca poderia ter previsto como o dia seria. Nem em um milhão de anos, nem em seus piores pesadelos, seus momentos mais sombrios.

Eddie confiava nele. Eddie confiava nele com Chris, com a coisa mais preciosa de sua vida, e Buck...

Ele se sentiu mal por horas, mas nunca mais do que quando ele vê Eddie novamente, ficar na frente dele e ter que olhar o homem, tem que olhar ele, tem que olhar Eddie nos olhos e dizer a ele que seu filho...

Buck tenta dizer as palavras, mas como você pode dizer algo assim a alguém quando você mesmo não quer aceitar?

Mas então, o rosto de Eddie muda, e ele passa por Buck, e Buck se vira...

Christopher.

Ele nem consegue sentir que está entrando em colapso (embora Bobby lhe dê uma bronca depois sobre ter se deixado sangrar enquanto tomava anticoagulantes). Chris está bem. Chris está vivo.

Eles passam a noite no hospital, os dois, para garantir que Buck não se ferre ainda mais e para ficar de olho em Chris, e Buck fica tão feliz que o lugar está tão lotado que eles colocam ele e Chris no mesmo quarto pequeno.

Chris acorda quase imediatamente, exausto, e Buck apenas... o observa. Eddie ainda está de serviço, tecnicamente, então ele teve que ir, e Buck nem mesmo tem a chance de fazer muito mais do que explicar brevemente o que aconteceu, como aconteceu.

Então ele apenas observa Chris. Ele não o deixará fora de vista novamente.

Em algum momento, ele desmaia, ou pelo menos deve desmaiar, porque quando ele acorda brevemente, ele está sendo movido. “Chris…”

“Shh.” Sou eu Bobby. “Eddie está com ele, está tudo bem, Buck.”

Sua próxima impressão é de um carro. Em movimento. Sua cabeça está pressionada contra a janela. “Shhh.” é Maddie dessa vez. Sua mão acaricia seu braço. “Está tudo bem.”

Ele está na horizontal, e então a luz do sol entra pelas cortinas e ele acorda na cama.

Porra.

Buck enterra o rosto ainda mais nos travesseiros. Porra. Porra. Ele nunca sentiu terror, desespero, auto-aversão desse nível na vida. Isso o atinge como um caminhão, toda a dormência e exaustão do dia anterior voltam com tudo, e ele treme e treme na cama, agarrando os travesseiros com todas as suas forças.

Ele sabe, ele sabe que ama Chris, é claro que ele sabe disso. Mas não lhe ocorreu até agora o quanto, e de que forma, e como ele quer...

Ele quase perdeu o garoto que ele ama como se fosse seu filho.

Deus, isso é ruim, isso é tão ruim. Ele não tinha que ficar satisfeito em ser o melhor amigo de Eddie, ele não podia ficar bem em ser deixado entrar na vida deles desse jeito, oh não, ele tem que querer mais, ele tem que ser ganancioso e egoísta...

Ele fica na cama. Não como na semana anterior, quando simplesmente não parecia haver razão para levantar, mas porque ele está genuinamente exausto, cada músculo do seu corpo doendo depois de nadar, lutar e carregar pessoas, tanto Chris quanto os adultos crescidos que ele puxou para dentro daquele caminhão de bombeiro, depois de se arrastar por metade de Los Angeles procurando por Chris depois que ele foi levado pela água...