Episódio 28

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O silêncio se estende na sala, pesado e carregado de uma tensão que parece quase palpável. Ninguém se atreve a quebrá-lo, até que a mãe de Matthew, com uma expressão de dor e arrependimento, continua.

— Eu não queria que Matthew te achasse, — ela diz, a voz trêmula. — Sabia qual seria a finalidade disso. Por isso, achei Jéssica e queria que ela se casasse com Matthew. Mas, mesmo assim, ele te encontrou.

A revelação me atinge como um soco no estômago. O que ela fez, as manipulações… tudo isso para tentar controlar o meu destino.

— Tentei impedir sua coração, — ela continua, um olhar de frustração no rosto. — Para evitar o pior. Mas deu errado.

Agora, ela se volta para Jéssica, o olhar carregado de arrependimento.

— Sinto muito por ter te colocado naquele lugar. Eu realmente tinha medo que você expusesse tudo.

Jéssica, com uma ironia cortante, responde:

— Não tem problema. Eu só quase morri mesmo.

A resposta dela ressoa na sala, quebrando a tensão um pouco, mas a gravidade da situação ainda pesa sobre nós. Jéssica cruza os braços, sua expressão misturando sarcasmo e indignação, enquanto Matthew observa a mãe, claramente dividido entre a lealdade e a dor.

A rainha  se vira para mim, e pela primeira vez, vejo uma sinceridade profunda em seu olhar.

— Eu sinto muito, Lana, — ela diz, a voz falhando, quase quebrando. — Sinto muito pelo que fiz com sua mãe. Sinto muito por seu partido ter tirado os poderes de Lana. E sinto muito por como a família Kretzer arruinou a sua família.

Um suspiro escapole de meus lábios, e eu tento sorrir, embora uma parte de mim esteja dilacerada.

— Talvez você deva pedir desculpas a Elaine.— eu digo, a voz suave, mas carregada de uma tristeza que não consigo esconder.

Matthew, que estava em silêncio, finalmente quebra a tensão que paira no ar.

— Então, Elaine era um demônio? — ele pergunta, a incredulidade evidente na sua expressão.

A mãe de Matthew assente lentamente, como se cada palavra que estava prestes a sair fosse um fardo pesado.

— Sim, Elaine nasceu em Alébil, 100% demônio. Mas, por minha culpa, ela perdeu toda a sua essência.

As palavras dela reverberam na sala. A revelação é devastadora. Como uma vida inteira pode ser destruída por uma escolha egoísta? O que isso significa para mim, para Matthew, para todos nós?

— Ela deveria ter sido a rainha, — acrescenta a mãe, o olhar distante, como se estivesse revivendo o passado. — Mas eu não quis perder. O desejo de poder me consumiu.

Matthew parece paralisado, lutando para processar a verdade que agora se desdobra diante dele.

— Então, tudo isso… — ele murmura, a voz baixa. — Isso foi por sua causa?

A mãe de Matthew baixa a cabeça, o peso da culpa visível em seus ombros.

— Sim, e agora, com o que está acontecendo, temo que as consequências estejam apenas começando.

— Não, nós vamos achar minha mãe, — digo, a voz firme, quase desafiadora. — Meu pai disse que eu saberia como tirá-lo de lá. Estou sem meus poderes, mas só preciso encontrar minha mãe. Ela saberá o que fazer.

A rainha arregala os olhos, a expressão de surpresa misturada a um receio palpável.

— Seu pai? — ela questiona, a voz quase um sussurro.

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