Gustavo aparece por trás dos guardas, que se afastam, dando passagem para ele. Ele se aproxima com um sorriso presunçoso, como se estivesse em um desfile de vitória.- Olha só, você vai ficar aqui, nesse lugar imundo, esperando pelo seu julgamento.- ele diz, a satisfação transbordando em sua voz.
Eu me encosto na parede próxima às grades, de braços cruzados, mantendo o silêncio. Não vou dar a ele a satisfação de me ver abalado.
- E não tente fazer nenhuma gracinha.- ele continua, a irritação crescendo. - Você sabe que as masmorras de segurança máxima não brincam. Seus poderes não vão funcionar aqui.
Dou uma risada sarcástica, ainda sem olhar pra ele.
- Se eu fosse você, não me acharia tão esperto. Acha mesmo que uma sala encantada pode parar o herdeiro de Alébil?
A raiva de Gustavo transparece. Ele se inclina para frente, segurando as grades com força.
- Você não é mais o herdeiro!
- Isso é o que você diz.- retruco, finalmente encarando-o. - Mas as escrituras não mentem.
Ele ri, mas é um riso amargo.
- As escrituras dizem que, para ser herdeiro, você precisa de uma esposa. E se passar a data do casamento sem se casar, perde tudo...
O interrompo.
- E a herança vai para o fracassado da família, - digo, provocando. - Aquele que não pôde ser escolhido, mas que herda só por ter o sangue, mesmo sem ser digno.
Gustavo se irrita mais ainda, sua mão se estendendo pelas grades. Ele consegue me agarrar, puxando-me até ele.
- Você é só um inútil, um imaturo, prestes a ser condenado por escolher o amor em vez do poder.
Sinto a pressão da mão dele, mas não vou me deixar abater. Em vez disso, mantenho a provocação.
- Ah, desculpa, toquei na sua ferida. Não consegue ouvir o quanto você é inferior? Fica todo nervoso quando eu te lembro de quem realmente tem o sangue de herdeiro aqui.
A expressão dele se contorce de raiva, e vejo o desejo de me machucar nos olhos dele. Mas isso só me dá mais força.
Gustavo aperta a mão em torno de mim, a raiva pulsando em seus olhos. Ele se inclina mais perto, e, com um sorriso cruel, termina:
- Morre!
Ele me solta com força, e eu sou jogado de volta contra a parede das grades enquanto ele se retira. O som dos seus passos ecoa, e a porta se fecha atrás dele com um estrondo.
Fico ali, tentando recuperar o fôlego, a frustração fervendo dentro de mim. Mas logo minha mente se volta para Lana e Jéssica. Onde será que elas foram?
Eu só abri um portal para o mundo dos humanos, mas não sei aonde exatamente elas acabaram. Será que estão seguras? A preocupação me consome.
- Espero que estejam bem.- murmuro para mim mesmo, desejando que tenham encontrado um lugar seguro.
O que quer que aconteça, eu preciso encontrá-las.
Lady Jéssica
Sentada no chão frio, observo Lana inconsciente ao meu lado. O silêncio ao nosso redor é pesado, e a incerteza me consome.
O que terá acontecido com ela que permanece apagada até agora?Penso em Matthew. Como será que ele está? Espero que esteja seguro, mas a verdade é que estou cheia de dúvidas.
Estamos em algum lugar do mundo dos humanos. É um lugar abandonado, mas por enquanto, pelo menos, estamos seguras. Só não sei até quando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dois Mundos Distintos
ParanormalLana sempre foi uma adolescente comum, mas sua vida muda drasticamente quando começa a sonhar repetidamente com um homem misterioso. Sua mãe, Elaine, a força a tomar remédios que, sem que Lana saiba, eram encantos mágicos que ajuavam a esconder sua...