Episódio 32

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Gustavo aparece por trás dos guardas, que se afastam, dando passagem para ele. Ele se aproxima com um sorriso presunçoso, como se estivesse em um desfile de vitória.

- Olha só, você vai ficar aqui, nesse lugar imundo, esperando pelo seu julgamento.- ele diz, a satisfação transbordando em sua voz.

Eu me encosto na parede próxima às grades, de braços cruzados, mantendo o silêncio. Não vou dar a ele a satisfação de me ver abalado.

- E não tente fazer nenhuma gracinha.- ele continua, a irritação crescendo. - Você sabe que as masmorras de segurança máxima não brincam. Seus poderes não vão funcionar aqui.

Dou uma risada sarcástica, ainda sem olhar pra ele.

- Se eu fosse você, não me acharia tão esperto. Acha mesmo que uma sala encantada pode parar o herdeiro de Alébil?

A raiva de Gustavo transparece. Ele se inclina para frente, segurando as grades com força.

- Você não é mais o herdeiro!

- Isso é o que você diz.- retruco, finalmente encarando-o. - Mas as escrituras não mentem.

Ele ri, mas é um riso amargo.

- As escrituras dizem que, para ser herdeiro, você precisa de uma esposa. E se passar a data do casamento sem se casar, perde tudo...

O interrompo.

- E a herança vai para o fracassado da família, - digo, provocando. - Aquele que não pôde ser escolhido, mas que herda só por ter o sangue, mesmo sem ser digno.

Gustavo se irrita mais ainda, sua mão se estendendo pelas grades. Ele consegue me agarrar, puxando-me até ele.

- Você é só um inútil, um imaturo, prestes a ser condenado por escolher o amor em vez do poder.

Sinto a pressão da mão dele, mas não vou me deixar abater. Em vez disso, mantenho a provocação.

- Ah, desculpa, toquei na sua ferida. Não consegue ouvir o quanto você é inferior? Fica todo nervoso quando eu te lembro de quem realmente tem o sangue de herdeiro aqui.

A expressão dele se contorce de raiva, e vejo o desejo de me machucar nos olhos dele. Mas isso só me dá mais força.

Gustavo aperta a mão em torno de mim, a raiva pulsando em seus olhos. Ele se inclina mais perto, e, com um sorriso cruel, termina:

- Morre!

Ele me solta com força, e eu sou jogado de volta contra a parede das grades enquanto ele se retira. O som dos seus passos ecoa, e a porta se fecha atrás dele com um estrondo.

Fico ali, tentando recuperar o fôlego, a frustração fervendo dentro de mim. Mas logo minha mente se volta para Lana e Jéssica. Onde será que elas foram?

Eu só abri um portal para o mundo dos humanos, mas não sei aonde exatamente elas acabaram. Será que estão seguras? A preocupação me consome.

- Espero que estejam bem.- murmuro para mim mesmo, desejando que tenham encontrado um lugar seguro.

O que quer que aconteça, eu preciso encontrá-las.

Lady Jéssica

Sentada no chão frio, observo Lana inconsciente ao meu lado. O silêncio ao nosso redor é pesado, e a incerteza me consome.
O que terá acontecido com ela que permanece apagada até agora?

Penso em Matthew. Como será que ele está? Espero que esteja seguro, mas a verdade é que estou cheia de dúvidas.

Estamos em algum lugar do mundo dos humanos. É um lugar abandonado, mas por enquanto, pelo menos, estamos seguras. Só não sei até quando.

Dois Mundos DistintosOnde histórias criam vida. Descubra agora