Episódio 34

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Com a morte da minha mãe e Matthew sem memórias, tudo parece desmoronar ao meu redor. O mundo que eu conhecia se vai, e eu me sinto perdida, sem saber o que fazer a seguir. O castelo, antes imponente e ameaçador, começa a mudar. As sombras que pareciam tão opressivas começam a se dissipar.

Olho pela janela e vejo a luz do sol penetrando, iluminando o que antes era um ambiente sombrio. É uma visão quase surreal, como se Alébil estivesse despertando de um pesadelo. As cores começam a se intensificar, e o ar pesado que me cercava se torna mais leve, mais puro.

Sinto uma onda de esperança misturada com a dor da perda. É como se a verdadeira essência de Alébil estivesse voltando à vida.

O castelo, que antes era um símbolo de opressão, agora parece estar se transformando, revelando fragmentos de beleza que eu nunca tinha visto. Mas mesmo com a luz entrando, a escuridão dentro de mim permanece. A tristeza pela morte da minha mãe me consome, enquanto a confusão sobre o que fazer a seguir me deixa ainda mais angustiada.

— O que fazemos agora? — murmuro, sem esperar uma resposta. O eco da minha própria voz parece triste, perdido entre as paredes do castelo.

Matthew me observa, seu olhar distante e confuso. Eu quero que ele lembre, que se lembre de nós, de tudo o que passamos juntos. Mas, por enquanto, tudo o que posso fazer é tentar encontrar um caminho nesse novo Alébil, um lugar que, embora esteja se transformando, ainda carrega a marca da dor e da perda.

Lady Jéssica

— Precisamos achar seu pai, — digo quebrando o silêncio pesado que paira sobre nós.

Lana se levanta, e eu percebo que os guardas, que antes eram hostis, agora parecem leais e submissos a ela. É uma mudança estranha, mas ao mesmo tempo poderosa.

— Você! — Lana aponta para um dos guardas. — Leve a rainha e Gustavo para as masmorras. E esse aqui... — ela aponta para o corpo de rei Jorge — jogue longe daqui.

O guarda acena, e eu fico surpresa com a facilidade com que ele aceita as ordens. Nem mesmo Lana parece perceber essa nova necessidade de dar ordens, como se uma parte dela, mais forte e confiante, tivesse despertado.

Ela então se volta para mim, e a determinação em seu olhar é inconfundível.

— Eu sei onde meu pai está.

Sem hesitar, ela começa a conjurar um portal. É a primeira vez que a vejo fazer isso, e a luz brilhante que emana é hipnotizante.

— Eu vou com você, — digo, pronta para acompanhá-la.

— Não, Jéssica. Você precisa ficar aqui e cuidar do Matthew. Ele não deve nem saber quem ele é agora.

A firmeza na voz dela me faz hesitar, mas sei que ela está certa. Matthew precisa de alguém ao seu lado, e eu posso ajudar.

— Tudo bem, — concordo, embora a preocupação ainda me consuma. — Cuide-se.

Lana me lança um olhar de agradecimento antes de entrar no portal. A luz a envolve, e eu assisto enquanto ela desaparece, determinada a encontrar seu pai e, quem sabe, respostas para tudo isso.

Eu respiro fundo, tentando processar tudo o que aconteceu. Agora, preciso focar em Matthew. Ele pode não se lembrar de mim, mas eu estou aqui, e vou fazer o possível para trazê-lo de volta.

— Oi?— a voz de Matthew ecoa  junto de um aceno em frente ao meu rosto me fazem voltar ao mundo.— O que foi aquilo?

Provavelmente está se referindo ao portal que Lana abriu.

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