capítulo 4

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Lisa acorda lentamente, sua cabeça estava pensada e doía, sentiu a luz do sol filtrando-se pelas cortinas da casa. Ela se espreguiça, notando que está sem roupas e um frio na barriga a percorre enquanto as lembranças da noite anterior começam a voltar. O que aconteceu?

Olha para o lado e vê Daniel ainda dormindo, seu rosto tranquilo e sereno. Um sorriso involuntário surge em seus lábios, mas logo a curiosidade a chama. O som suave da madeira rangendo a faz perceber que ela deve ter acordado Daniel com o barulho da cama ao se mexer.

Levantando-se cautelosamente, ela tenta não fazer muito barulho, mas acaba se inclinando para dar um beijo suave em sua bochecha antes de se afastar.

-Desculpa, não queria te acordar- sussurra antes de sair da cama, o coração acelerado com a adrenalina da situação.

Lisa caminha pela casa, explorando cada canto. As paredes de madeira, a decoração rústica e o cheiro de natureza criam um ambiente acolhedor. A curiosidade a impulsiona a abrir as portas, ver janelas. Daniel veste a calça e abraça a Lisa por trás.

- é sério, o que você venho fazer nesse fim de mundo?- ele olha para frente enquanto ela tenta olha para seu rosto.

- vim investigar essas mortes estranhas...

- e se foi fantasma?- ele riu.

- fantasma não existe. Deve ser o William,  ele é meu primeiro suspeito. - Lisa parou de tentar olhar para o rosto dele e se virou.

- posso te ajudar se quiser, sou ótimo em investigar. - ele olhou bem nos olhos dela.

- pode ser, mas tem que ter cuidado. Vou alugar a cabana, você fica de olho no William.

- sim senhora!- ele fez gesto de soldado e os dois riram.

Lisa caminha pelas ruas da cidade, sentindo-se um pouco perdida. As edificações se tornam menos familiares, e ela percebe que a atmosfera ao seu redor muda à medida que se afasta do centro. A sensação de estranheza aumenta, especialmente quando começa a se aproximar da ponte que leva ao final da cidade.

Lembrando-se das informações que ouviu, ela se dá conta de que William cuida do matadouro local. A ideia a deixa nervosa; o ambiente é sombrio e, mesmo que saiba que ele trabalha lá, a ideia de se aventurar por um lugar assim a deixa inquieta.

Quando atravessa a ponte, a paisagem ao redor se torna mais rústica e desolada. Os sons da cidade diminuem, e o silêncio é interrompido apenas pelo barulho da água corrente abaixo. Ao se aproximar do matadouro, ela sente um frio na barriga. O edifício é grande e imponente, com um aspecto industrial que a faz hesitar por um momento.

Respirando fundo, ela avança, tentando afastar o medo. O cheiro forte e peculiar do local invade suas narinas, e isso só aumenta sua apreensão. Com o coração acelerado, Lisa se aproxima da entrada, onde uma placa enferrujada indica que aquele é o matadouro.

Assim que entra, ela é recebida por um ambiente escuro e um tanto assustador, com sombras que dançam sob as luzes fluorescentes. O eco de vozes e o som de máquinas se misturam, e ela sente que está em um lugar onde a vida e a morte coabitam de maneira estranha.

Finalmente, avistando William em meio a toda carne pendurada, ela se dirige até ele, seu nervosismo misturado com a determinação de garantir que a cabana seja sua naquela noite.

-Oi, William! Eu vim aqui te encontrar.-diz ela, tentando manter a voz firme apesar do ambiente intimidador.

William se vira com o semblante fechado, cara de poucos amigos. Ele ficou calado e continuou seu trabalho. Ele estava vestindo um avental de borracha e luvas, pronto para o trabalho. Com um olhar concentrado, ele segurava uma faca afiada, cortando a carne com precisão. O ambiente ao seu redor era cheio de sons: o barulho da serra elétrica, o gotejar da água... A carne fresca estava disposta em bancadas, e cada movimento de William era metódico, como parte de uma rotina bem ensaiada. Ele fazia cortes limpos e rápidos, separando os pedaços com habilidade. A luz fluorescente iluminava a cena, refletindo nas superfícies metálicas e criando uma atmosfera tensa, mas familiar. William mantinha o foco em sua tarefa, o cheiro forte da carne e do ambiente, embora intenso, era algo que ele havia aprendido a ignorar ao longo dos anos, concentrando-se na qualidade do que produzia. Ele é um homem alto, com uma estrutura robusta e braços musculosos que denotam trabalho árduo. Seu rosto é marcado por traços fortes: uma mandíbula quadrada, olhos profundos e azuis que parecem observar tudo ao seu redor com intensidade. A pele é bronzeada pelo sol, e seu cabelo é desgrenhado e escuro. Quando Lisa se aproxima dele  se força a manter a calma e começa a explicar seu interesse pela cabana.

- Eu estava pensando em alugar a cabana... eu conheci um homem por aqui, e queria e adoraria passar ir lá com ele.

William a escuta atentamente, mas há uma hesitação em seu olhar, ele continua cortando a carne até que para e olha para ela. Lisa percebe a resistência dele e tenta convencê-lo.

- Quero um espaço tranquilo, será um momento a dois...

Ele suspira, cruzando os braços.

- Não estou negando, eu dou a chave. Só não sei se vai sobreviver. - ele coloca a faca na bancada.

- pareceu uma ameaça.

- sabe, eu nunca quis aquela casa, minha família morreu e deixou para mim, mas eu nunca quis, qualquer dia vou demolir ela e não terá mais problemas para meu lado, não vai ter mais ninguém no meu pé. - ele tirou um maço de cigarro do bolso tirou as luvas e tirou um cigarro para fumar.

Lisa sente um frio na barriga, mas também uma determinação crescente.

- onde estão as chaves?

A hesitação de William é evidente, ele faz uma pausa, do cigarro, jogou no chão e começou a andar, o silêncio entre eles se torna pesado, e Lisa se pergunta porquê ele é assim, será que matar muita gente deixou ele com peso na consciência? Ou será que a velha do hotel também tinha algo haver? Ou o xerife que não gosta de visitantes na cidade? Até o velho do cachimbo era suspeito para Lisa...

a cabana da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora