a cabana da morte

capítulo 5

William e Lisa caminhavam pelas ruas desertas de Ponte dos Lamentos, a cidade isolada que parecia suspensa no tempo. As casas antigas, com suas fachadas desgastadas e janelas cobertas de poeira, alinhavam-se como sombras ao longo da calçada. O vento soprava entre os edifícios, criando um murmúrio baixo que ecoava na atmosfera sombria. Lisa sentia uma mistura de inquietação e curiosidade ao explorar aquele lugar, onde cada esquina parecia carregar uma história de tristeza e mistério.

William andava ao seu lado, um homem enigmático e reservado, com seu olhar profundo e introspectivo. Seu cabelo escuro e desgrenhado balançava levemente ao vento, e ele vestia uma jaqueta de couro que parecia absorver o ar pesado ao redor. Lisa o observava, tentando entender o que se passava em sua mente. Ele não falava nada, mantendo-se em silêncio durante todo o caminho, o que a fazia se perguntar o porquê desse distanciamento.

- talvez matar muita gente deixou ele assim. - pensou Lisa.

Enquanto caminhavam, Lisa não pôde deixar de pensar na noite anterior, quando dormira na casa de Daniel. O contraste entre a sensação de segurança que ele lhe proporcionara... Havia uma sensação de tensão no ar, como se a cidade e os segredos que ela guardava pudessem afetar o caminho que eles percorriam juntos.

A casa de William estava perto da casa de Daniel, um lembrete constante do que ela havia vivido. Ao se aproximarem da porta de William, Lisa sentiu um frio na barriga. O que aconteceria ali? Seria a chave para entender melhor não apenas a cabana, mas também o próprio William? O silêncio entre eles se tornava cada vez mais palpável, e a expectativa crescia a cada passo que davam em direção ao mistério que os aguardava. Lisa não quis entrar, ela ficou com medo, tentou não demonstrar muito. Ele entrou só. Pouco minutos depois saiu com a chave.

- ficará lá quando tempo?- ele a olhou nos olhos.

Gaguejando ela respondeu.

- uma... noite...só...não...se, se preocupe. - ela sorriu de nervosismo.

Lisa sentia seu coração disparar enquanto se afastava de William, tentando disfarçar o medo que a dominava. A expressão dele, envolta em mistério e silêncio, a deixara inquieta. Cada passo que dava parecia mais pesado, como se as sombras da cidade a seguissem. Ela respirou fundo, buscando recuperar a compostura, mas a inquietação era inegável.

Após se distanciar de William, ela decidiu que precisava ir ao hotel pegar suas coisas. A caminhada até lá foi rápida, mas a mente de Lisa estava em turbilhão, repleta de perguntas. O o que ele estava escondendo? Assim que chegou ao hotel, empurrou a porta com determinação, embora ainda sentisse a adrenalina pulsando em suas veias.

A entrada estava vazia. A cada passo, Lisa tentava se acalmar, mas a urgência de investigar a cabana a impulsionava. Ao entrar no quarto, apanhou suas coisas rapidamente, jogando roupas e itens pessoais na mochila.

Depois de se certificar de que tinha tudo, Lisa saiu do hotel, sentindo a brisa fria da noite tocar seu rosto. A cidade de Ponte dos Lamentos parecia mais sombria do que nunca, e a luz da lua filtrava-se através das nuvens, criando sombras dançantes ao seu redor. Com a mochila nas costas, ela respirou fundo e começou a caminhar em direção à cabana, a determinação tomando o lugar do medo.

Lisa deixou a cidade de Ponte dos Lamentos para trás, seguindo em direção à cabana que ficava escondida entre as árvores da floresta. O caminho que levava até lá era estreito e coberto de folhas secas, que estalavam sob seus pés. À medida que se afastava da cidade, a atmosfera mudava; a escuridão da floresta parecia engolir a luz da lua, criando um ambiente assustador, e  também inquietante.

As árvores altas se erguiam ao seu redor, suas copas entrelaçadas formando um dossel que filtrava a luz, deixando o chão coberto de sombras dançantes. O ar estava carregado com o cheiro de terra úmida e vegetação, e o único som que se ouvia era o farfalhar das folhas e o canto distante de algumas aves noturnas. A sensação de isolamento era palpável, e Lisa sentiu um frio na barriga, mas não podia retroceder agora. Ela ligou a luz do celular para melhorar a caminhada e ela não cair.