capítulo 7

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Lisa despertou com um sobressalto, o coração batendo forte e acelerado. Estava escuro na cabana, e por um momento ela se esqueceu de onde estava. O silêncio absoluto a envolvia, exceto por um som repetitivo e insistente — alguém batendo na porta. As pancadas eram fortes e ritmadas, ecoando pelas paredes de madeira, como se exigissem uma resposta imediata.

Ela se sentou rapidamente, a respiração ofegante, os lençóis emaranhados ao redor do corpo. A sensação de estar sendo observada a fez gelar por dentro. Seus olhos se ajustaram à escuridão enquanto tentava entender o que estava acontecendo. A batida continuou, cada toque aumentando a tensão no ar.

Lisa levantou-se devagar, os pés descalços tocando o chão frio de madeira, e sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A cada passo que dava em direção à porta, o som parecia mais alto e ameaçador, como se a própria cabana estivesse pulsando com cada batida. Ela tentou se lembrar se havia trancado a porta antes de dormir, mas tudo estava confuso em sua mente.

Ela pegou a lanterna para caso fosse o assassino ela consiguisse se defender pelo menos. Ela se aproximou  da porta devagar criando formas assustadoras e indefinidas na cabeça. Com a lanterna tremendo em sua mão, Lisa deu mais alguns passos até a porta, hesitando por um momento antes de estender a mão para a maçaneta. As batidas continuavam, impacientes, e ela sentiu o estômago se apertar de ansiedade.

Por fim, ela reuniu toda a coragem que conseguiu encontrar e chamou, a voz saindo mais fraca do que pretendia:

-Quem está aí?- ela estava parada na porta.

O silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador do que as batidas. Por alguns segundos, tudo ficou quieto, como se a floresta ao redor estivesse prendendo a respiração junto com ela. Então, a batida recomeçou, mais forte e mais urgente, e Lisa soube que não poderia ignorar aquilo.

Ela segurou firme a lanterna e abriu a porta lentamente, o ranger das dobradiças ecoando pelo ambiente. Era o William, o medo lhe percorreu ele levantou a mão devagar e ela levantou a lanterna e bateu com força na cara dele. Ele desmaiou. William acordou com uma dor aguda pulsando em sua cabeça, e uma luz intensa cegando seus olhos. Ele piscou várias vezes, tentando se ajustar ao brilho da lanterna que estava bem em seu rosto, ofuscando sua visão e tornando difícil enxergar qualquer coisa ao redor. Sua cabeça girava, como se tivesse sido atingido por algo pesado e então, lembrou-se: um golpe súbito e inesperado, a luz da lanterna vindo em sua direção, e depois, tudo ficou escuro.

Ele tentou se mover, mas percebeu rapidamente que algo estava amarrado. Seus pulsos estavam firmemente amarrados, presos às costas do sofá onde ele estava deitado. Sentiu a corda apertada cortando sua pele, imobilizando seus braços e pernas. Puxou com força, tentando se soltar, mas as amarras eram resistentes, e a fricção só fazia a dor piorar. O pânico começou a crescer em seu peito enquanto seus sentidos voltavam lentamente, e ele se dava conta de que estava completamente indefeso.

-Quem... quem está aí?- William murmurou, a voz rouca e hesitante, quebrando o silêncio denso que preenchia a cabana.

Não houve resposta imediata. A lanterna permaneceu fixada nele, intensificando a sensação de exposição e vulnerabilidade. Ele tentou olhar ao redor, mas seus olhos ainda estavam se ajustando à luz ofuscante, e tudo parecia apenas sombras confusas e indistintas. Ele sabia que havia riscos em seus encontros, que havia acumulado segredos e desconfianças, mas não imaginava que alguém seria ousado o suficiente para atacá-lo dessa maneira.

- você venho me matar não foi, miserável!- uma voz familiar e feminina falou, desligando a lanterna.

Seus olhos estreitaram, tentando distinguir quem era, logo percebeu que era a Lisa, ele não entendeu porque ela achava que ele queria matá-la, talvez seu jeito estranho tenha feito ela chegar a essa conclusão.

- desculpe-me pelo susto, eu só vim trazer suplementos novos, não vim de noite para não se assustar...

Lisa foi até a bolsa dele averiguar. Ele estava falando a verdade, sua bolsa estava cheia de comida.

- eu não sabia quanto tempo ia ficar na cabana, você não me contou...

- hum..

Lisa o soltou.

- se você tentar algo, William, eu tenho uma faca nas mãos.

Lisa cortou as cordas e o deixou livre.

- você é uma mulher bem forte, diferente das mulheres dessa cidade. - ele sentou-se no sofá acariciando os pulsos com marcas.

Ela olhou atenta para ele.

- sua cabana está bem acabada...

- é.. normalmente me ligam pelo jornal para alugarem, eu arrumo e o pessoal marca o dia de vim..

Ele estava sério, nada de novo por enquanto.

- eu não sabia que colocava anúncios mesmo depois do primeiro assassinato... a propósito, o que o xerife disse sobre tudo isso?

William ficou em silêncio um instante.

- o xerife achou melhor não espalhar a notícia... a final a cidade já tem sua fama. Mas para você não ficar com medo, eu estava pensando em ficar por aqui hoje. - William estava tirando os suplementos da bolsa e colocando na mesa de centro.

Lisa mudou seu semblante para medo logo que escutou essa frase. Ela sabia que isso era um plano, estava prestes a morrer e sabia disso.

- não precisa, eu sou forte para me defender.

- eu vim, me amarrou sozinha.

- e também.. eu falei que não ia ficar sozinha..

- Ah sim, seu amigo vem para cá. Certo então, as comidas estão aí, bom divertimento.

Ele saiu da cabana e Lisa sentiu calafrios e a sensação de está sendo observada, a atmosfera da floresta dava essa sensação...

a cabana da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora