capítulo 8

0 0 0
                                    

Lisa andou pela estrada sinuosa que levava de volta à cidade, os pensamentos ainda agitados pelo que havia descoberto na cabana. Mas, enquanto se aproximava da cidade, sua mente começava a focar em algo diferente. Ela precisava de uma pausa de toda aquela tensão, e sabia exatamente onde encontrá-la: na casa de Daniel.

Quando chegou foi procurá-lo, em frente à casa dele e respirou fundo antes de sair. Havia uma mistura de nervosismo e antecipação em seus movimentos enquanto caminhava até a porta e bateu. Não demorou muito até que a porta se abrisse, revelando Daniel, seu rosto iluminado pela surpresa e um sorriso que deixava claro que ele também estava feliz em vê-la novamente. Ele não fez perguntas; não precisou. Havia algo no olhar de Lisa que dizia tudo.

Ela deu um passo à frente, e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, o beijou. Foi um beijo urgente, carregado de desejo reprimido e necessidade de se esquecer, ainda que por alguns momentos, dos segredos obscuros que a perseguiam. Daniel a puxou para dentro, fechando a porta atrás de si, e eles continuaram se beijando enquanto ele a guiava pelo corredor até o quarto.

Os movimentos de ambos eram apressados e intensos, como se houvesse uma pressa em se perder um no outro. Eles tropeçaram em direção à cama, os corpos se encontrando com uma necessidade que não deixava espaço para hesitação. As mãos de Lisa exploraram o peito de Daniel, puxando sua camisa enquanto ele a segurava pela cintura, seus dedos traçando caminhos que já conheciam. A sensação de ter um ao outro era único, a respiração ofegante e os suspiros abafados preenchiam o quarto, Lisa queria esquecer, se distrair, e se deixou levar pela intensidade do momento. Os lençóis se amassaram debaixo deles, e cada toque parecia mais desesperado do que o anterior, como se ambos precisassem se agarrar àquilo para se sentir vivos. Os movimentos se tornaram mais lentos e profundos. Naqueles instantes, tudo o que havia fora do quarto desapareceu, a cabana, o xerife, William, e só restava o calor que os envolvia, como uma espécie de refúgio temporário de toda a escuridão que a perseguia.

Depois, deitados lado a lado, os corpos ainda entrelaçados e ofegantes, Lisa se permitiu relaxar, a cabeça recostada no peito de Daniel enquanto ouvia o batimento acelerado do coração dele. Ela sabia que aquela pausa era breve, que em breve teria que voltar a lidar com o mistério e o perigo, mas naquele momento, só queria se perder ali, longe de todos os segredos que tinha encontrado.

- estou com medo...

- por que minha amazona?- ele acariciou seus longos cabelos.

- você é minha paz. Quero que vá embora comigo quando tudo isso acabar!

- eu vou minha linda.

Ela sorriu e o beijou. Depois de descansarem ela levantou vestido sua blusa branca, e sua inseparável jaqueta de couro e sua calça.

- já vai, amazona?- ela admirou ela

- tenho que investigar o xerife.

- e o William?

- ele você fica de olho, por favor.

- pode deixar.

Ela beijou ele e saiu. Lisa saiu da casa do Daniel com passos firmes, mas o ar sombrio da cidade parecia pesar a cada esquina. A névoa fina pairava sobre as ruas estreitas, e os olhares dos habitantes a seguiam silenciosamente, como se observassem um intruso. Os rostos pálidos e inexpressivos revelavam pouco, mas os olhos diziam mais do que palavras poderiam olhos curiosos, desconfiados, alguns quase ameaçadores.

Ao passar pelo poço no centro da praça, Lisa percebeu que havia algumas pessoas paradas ao redor, conversando em murmúrios quase inaudíveis. Um grupo de crianças corria por ali, rindo alto, suas vozes ecoando de forma estranha, como se o som estivesse sendo engolido pelo ambiente sombrio. Apesar de serem crianças, havia algo perturbador na maneira como corriam, suas risadas quase contrastando demais com o cenário ao redor.

Ela continuou andando até chegar ao escritório do xerife, um prédio de aparência antiga e um tanto desgastada pelo tempo. Assim que entrou, encontrou o xerife ao telefone, mas algo parecia errado. Ele estava de costas para a porta, ombros tensos, e a voz soava distante, quase apática. Quando ele percebeu que Lisa havia chegado, se virou lentamente, ainda segurando o telefone, com um olhar que era ao mesmo tempo vago e fixo, como se estivesse vendo algo que ela não conseguia.

Sem desligar a ligação, ele a encarou, seus olhos parecendo mais escuros do que o normal, e fez um gesto quase imperceptível para que ela aguardasse. Havia algo na expressão dele que fez o coração de Lisa acelerar. Ela sentou-se á mesa do escritório, estava repleta de folhas e tinha dois bêbados na cela, ambos com sinais de luta, provavelmente estavam brigando.

Ele desligou a ligação e sentou-se também.

- o que deseja senhorita?

Lisa não tinha um motivo para esta ali, então tentou ser rápida.

- estou pensando em comprar a cabana do William. Acha que vale muito?

- não sei quanto ele daria. Para que exatamente iria comprar uma casa tão longe da cidade?

- ia perguntar ao prefeito daqui se ele anunciaria um parque de diversão lá..

- eu sou o prefeito daqui, senhorita.

- ótimo. Então, anunciaria?

- claro. Fale depois com o William.

O xerife parecia apreensivo.

- claro senhor xerife.

O xerife parecia menos arrogante hoje, ela observou isso com atenção. Ela apertou a mão dele e saiu do escritório, ao sair respirou fundo pois seu coração estava muito acelerado. Ela caminhou até o matadouro para ver o William, lá estava ele cortando carne como sempre.

- William.- ela o chamou entrando mais dentro do matadouro se desviando das carnes penduradas.

Ele não respondeu ela.

- quanto daria na cabana?

- para vender?- ele passou a mão na testa que estava soada.

- sim...- Lisa segurou firme a alça da bolsa que está a envolta dela.

- 385. Tá bom para você?- seus olhos azuis penetraram a alma da Lisa.

- quando eu tiver o dinheiro falo com você de novo. - ela ia voltar para a cabana, mas antes queria falar com a dona do hotel.

a cabana da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora