Capítulo 6.
Milo nunca esteve no inferno, nunca precisou ir até ali. Nem mesmo durante as batalhas. Eram poucos os seres celestiais que se dispunham a ir até o reino dos demônios, entre eles estavam os mensageiros e guerreiros; todos à contragosto.
Por isso, sentiu um calafrio até a aréola quando sentiu o cheiro de queimado inundar suas narinas.
Com seus poderes de demônio, Amon facilmente abriu um portal para o inferno na escada de incêndio do prédio de Niklas, obviamente, no sentido de descida. Eles foram enviados não diretamente para o inferno, mas para uma vasta área rochosa cinzenta, que era habitada por uma única e gigantesca fila de almas que aguardavam sua vez para o julgamento.
— Não imaginava que seria... assim — Milo comentou, olhando ao redor — Não é tão quente.
Amon sorriu.
— Ainda. Aqui, pode-se dizer, é a sala de espera — Amon apontou ao redor — Chamamos de 'Campos da Imprecação', onde as almas que chegam devem esperar sua vez. Isso pode levar séculos.
— Pensei que todos que chegavam já eram condenados e torturados.
— Pode apostar, isso aqui já é uma tortura — Amon sorriu com malícia — Ninguém gosta de esperar em filas.
Milo compreendeu, pois a fila realmente se estendia quase infinitamente, algumas pessoas ainda usavam vestidos enormes ou perucas brancas do século 18.
Eles se dirigiram para um enorme portão que ficava em uma parede feita de nada mais que almas condenadas, moldadas juntas para formar uma parede sólida que segurava um enorme portão de sete camadas, cada uma para um pecado.
— Nós não podemos simplesmente voar por cima?
Milo perguntou.
— Não é assim que funciona — Amon deu de ombros — Se voar por cima, encontrará apenas uma cratera vazia. Para entrar, é preciso passar pelos portões.
— Sinto que vocês nos plagiaram — Milo comentou, encarando-o com um leve sorriso — Algo sobre: Entrada para os dignos.
— Não fui eu quem projetei — Amon declarou, levantando as mãos em sinal de rendição.
Milo riu, negando com a cabeça. Mas então seu olhar se voltou para o portão e não pôde deixar de sentir outro calafrio. Todos os seus sentidos gritavam para que saísse dali; que não era seu lugar.
— Fique atrás de mim! — Asmodeus ordenou, subitamente, puxando Milo para suas costas.
Milo sequer ousou protestar, pois não demorou para que um demônio se aproximasse de onde estavam, surgindo em chamas até assumir uma forma gigantesca e monstruosa.
— Vossa alteza Asmodeus — O demônio falou ao vê-lo.
— Haborym, que surpresa — Amon respondeu — Não esperava encontrá-lo aqui.
O demônio tinha uma pele avermelhada, com orelhas pontudas quase tão grandes quanto sua cabeça, um nariz curvo, com uma barba desgrenhada e enormes garras quase do tamanho de seus dedos.
— Tive assuntos para resolver e finalmente retornei — Haborym disse — Mas devo voltar agora, já fiquei afastado tempo demais de minhas tropas.
— Tenho certeza que um duque como você não deve ter problema em controlar aqueles demônios — Amon se mantinha na frente de Milo, mesmo que fosse óbvio que havia alguém atrás dele.
— Ah, aqueles monstrengos só me dão dor de cabeça — O duque se queixou — Mas nada que umas açoitadas não resolvam.
— É claro — Forçou uma risada, sentindo o olhar fuzilante de Milo às suas costas.
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Aliança Escarlate
ParanormalUma criatura maldita estava solta na Terra, aterrorizando e quebrando a ordem natural das coisas, com um poder tão destrutivo que não poderia ser ignorada. Por esta razão, o céu e o inferno começaram uma corrida para capturar a criatura e usá-la par...