Capítulo 1 - Até amanhecer...

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"Enquanto essas fracas formas de vida e sua sociedade estão parcialmente livres de qualquer preocupação, e todas as pessoas vivem suas medíocres vidas sem nenhum problema aparente, outras precisam de quem as ajude... pobres vidas fracas que não tiveram chance de redenção, o inferno está cheio deles."

(2 da manhã, 18 de julho de 20XX - Loja de Conveniência.)

O Caixista pergunta a um jovem encapuzado que parecia apressado e ansioso, mesmo tão tarde da noite:

- O preço é esse. Só isso, certo?

O jovem concorda com a cabeça e sai apressadamente sem dizer uma única palavra; A noite de céu escuro, as nuvens negras que taparam a lua, os barulhos da cidade que parcialmente não existiam, passaram um sentimento que era quase agoniante. Parecia tudo vazio, como se todos tivessem morrido dentro de suas casas e apartamentos, o jovem retira seu capuz e se senta na calçada, ele aparentava estar inquieto e nervoso com algo.

- Tá bem calmo aqui fora... muito mais que naquele lugar pelo menos… odeio quando aqueles idiotas dos meu tios discutem, ah… morar naquela casa com eles é um inferno na terra… saudades do pai e da mãe…

Disse passando a mão na cicatriz de seu rosto, que se estendia do canto direito da boca até o meio da bochecha. Tirando um energético da sacola que ele havia acabado de comprar, ele toma cada
gole olhando para o céu enquanto a lua que antes estava coberta por nuvens negras, agora se mostrava brilhando no céu. Após um tempo, enquanto ele olhava fixamente para ela, uma sensação de medo avassaladora passou por seu corpo como um choque, o fazendo engasgar e vomitar:

- QUE PORRA FOI-

Repentinamente, como se tivesse visto uma cena horrível passar inúmeras vezes em sua mente, ele volta a olhar para a lua que estava agora totalmente negra, todas as estrelas no céu eram como olhos o observando e ao desviar seu olhar por um instante, uma voz o chamou:

- Você… você mesmo, aquele que observa através do ____, você tem medo?

A voz ecoava por sua cabeça, como se toda a informação do universo fosse dita mas sempre incompleta, ou como se todos do mundo falassem ao mesmo tempo, uma verdadeira canção dos mortos mas também dos vivos.

- Medo?...

Diz ele, gaguejando.
Suas mãos e boca tremiam involuntariamente diante de algo que uma simples mente humana não poderia processar... "Seria aquilo, Deus? o diabo? um sonho?" pensou ele, engolindo em seco e suando friamente.

- Até o amanhecer, o expurgo será terminado por um breve momento... use aquilo que darei, se você quiser sobreviver.

Disse a entidade, antes de sumir como se nunca estivesse ali. O jovem tremia, e após alguns segundos tentando processar, volta a ouvir um barulho no beco escuro atrás dele, o medo fez seu corpo reagir, dando um passo para longe.

- Quem tá aí?!

Um homem sai das sombras sem dizer nada, ele usava uma farda da polícia e apenas olhava para baixo.

O garoto se tranquiliza ao ver ele, dizendo:

Um policial?...

Suspirou

Ainda bem, pensei que fosse um-

Ao olhar novamente para o policial, ele estava sem a cabeça e o restante do cadáver se encontrava suspenso com três garras cravadas na barriga.

- Isso não pode ser real… né?...

Olhos vermelhos brilhavam na escuridão, encarando o jovem que estava paralisado de medo, a criatura despedaça o corpo do policial morto em partes e se aproxima lentamente.

- Merda... Merda, Merda, MERDA! SE MEXE!

Ele socava sua perna para conseguir se virar e fugir antes que aquilo se aproximasse. Porém, uma mão com dedos finos e longos agarra a parede do beco… Saindo devagar da escuridão, um ser alto se mostrava com seus vermelhos olhos fundos e mortos que clamavam para se alimentar do desespero de outra vida, ele ainda segurava a cabeça decapitada do policial em sua mão esquerda, o mesmo abre sua longa mandíbula e enfia a cabeça decapitada na boca, comendo ela com uma única mordida. Ele anda devagar em direção ao jovem que estava desesperadamente tentando se mover, ele vira a cabeça devagar para trás e olha nos olhos daquela coisa, que sorri ao sentir o medo dele.

A criatura desfere um golpe forte, jogando o garoto para longe e o fazendo bater na parede de costas com força, ele cospe uma quantidade de sangue no impacto, e com a mão na boca limpando o sangue, ele tenta se levantar para fugir, porém o golpe o deixou tonto demais para isso e a sensação da própria morte já era aparente enquanto o medo o dominava cada vez mais. Mas ele resolve tentar sua última chance de atacar o demônio à sua frente. Se levantando devagar, e gritando com um instinto de sobrevivência, ele dá um soco na barriga do monstro, porém não houve efeito, a criatura pega a mão dele e quebra com um aperto enquanto produz um barulho que se assemelhava a uma risada,
demonstrando que ele estava se divertindo com o sangue que jorrava no chão. O jovem gritava de dor ao sentir os ossos de sua mão se quebrando, mas enquanto ele menos esperava, o sangue da sua mão se cristalizou inconscientemente em uma lança que perfurou o coração do monstro, o ferindo gravemente e o fazendo recuar e fugir enquanto gritava como um animal selvagem, mas enquanto o monstro tentava
escapar, seu corpo se cristalizou com o sangue que havia sido injetado, e o matou. O garoto cai no chão, olhando assustado para o corpo não humano e petrificado da criatura que estava em sua frente.

- Merda... eu tenho que fugir, se tiverem mais desses monstros pela cidade…

Diz ele, totalmente assustado e tremendo enquanto se levantava. Ele ouve os barulhos da carnificina que ocorria nas ruas da cidade, todos os gritos de agonia que aqueles monstros causavam e os barulhos de sirenes por todo canto, enquanto prédios ficavam em chamas, eram como o próprio inferno. Ele corre em direção a um prédio residencial em construção que estava ali próximo e parecia estar seguro por ora.

Cuidadosamente, entra no prédio sem chamar a atenção de qualquer ameaça, ele não tinha energia para sobreviver a outro daqueles monstros e também não sabia como havia matado o último, tudo parecia confuso e ele apenas queria dormir e descansar. Ao achar uma caixa de madeira que poderia ser um local seguro, ele enfaixa a mão com um pedaço rasgado de sua roupa e se esconde na caixa para dormir, ele continuava escutando gritos e barulhos horríveis do lado de fora, mas desmaiou de cansaço mesmo assim.


Amanhã será um longo dia.

Blood n' GodOnde histórias criam vida. Descubra agora