𝐍𝐎𝐓 𝐀𝐍 𝐒𝐈𝐍𝐍𝐄𝐑 ✞

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A tensão era quase sufocante dentro daquela igreja para Charlotte, as conversas avulsas ao seu redor lhe fazia sentir sua cabeça pesar e sua consciência lhe aterrorizar a cada segundo que sua mente não se dedicava a Cristo e sim a um outro homem, tão santo quanto para Charlotte, Padre Charlie.

O homem estava sentado na ponta da grande mesa de jantar que todas as irmãs haviam preparado, já que todas as noites, as mulheres se juntavam para fazer um pequeno banquete para socializar e conversarem entre si; seus pensamentos estavam perdidos no homem do outro lado da mesa que quando lhe virou a atenção, a garota se virou apressadamente para Megan ao seu lado que não parava de falar, prestando atenção agora.

– Esse serial killer, ele é inteligente e entende de anatomia como um médico ou...até um veterinário.- Megan finalizou enquanto observava a garota em seu lado, a observando como se não tivesse entendido metade da conversa.

– É sobre seus artigos no jornal, correto? Você tem muito talento mas...não acha muito radical para a igreja? Eu gostaria que as pessoas viessem para cá procurando amor por Deus e não por...- Charlotte impediu de continuar para que não chateasse a amiga.

Irmã Megan segurou sua mão e sorriu.

– As pessoas precisam de medo para procurar a igreja, não amor.

E simples assim, as palavras martelaram a cabeça de Charlotte pelo resto do jantar. Havia entendido o que Megan quis dizer, necessariamente chamar atenção para a igreja não seria tão ruim, não gostaria de perder sua única casa.

A noite caiu de forma lenta naquela noite, Charlotte se encontrava agachada ao lado de sua cama, com seus cotovelos no colchão enquanto suas mãos estavam entrelaçadas com seu crucifixo, rezando enquanto suspirava de dor. A mesma olhou para baixo para observar o estrago que a mesma havia feito consigo mesma em forma de castigo, seus joelhos sangravam e sua mão quase se rasgava com a força que a garota pressionava a cruz entre suas mãos. Suspirou e se levantou pensando que a melhor opção seria lavar seu rosto e trazer uma jarra de água para seu quarto, já que a noite seria longa para a garota que passaria a noite lhe repudiando por suas ações.

A verdade é que também sentia medo, toda a história sobre um assassino a solta, dilacerando pessoas, as histórias que Megan contava para a garota de órgãos explícitos e toda a parte grotesca onde o assassino se instalava, deixava a garota sentir arrepios em sua espinha e definitivamente, esse mundo estava perdido.

Se levantou com dificuldade, apoiando suas mãos contra o colchão para se estabilizar e abriu sua porta com o maior cuidado, observando o grande corredor que naquela hora, estava em completa escuridão, sem ser por um pequeno feixe de luz que se destacava entre as portas, estava semi aberta e emanava uma pequena claridade como se fossem de velas. Pisava com cuidado contra o chão de madeira gelado do corredor para não fazer barulho e alarmar alguém e assim que chegou perto da porta, seus olhos arregalaram ao observar Padre Charlie encostado em sua poltrona, aparentemente lendo um livro enquanto fazia pequenas anotações. Seus olhos lhe traíram mas logo voltou ao seu foco para descer as escadas, até que a madeira alarmou sua presença no corredor, fazendo um ruído levemente perceptível para quem estava perto.

De repente, a luz se tornou mais forte atrás de seu corpo e Charlotte se sentiu aterrorizada.

Em um movimento brusco e quase proposital, sentiu seu pulso ser agarrado por uma mão com o dobro do tamanho da sua, causando a garota uma onda de adrenalina quase que instantânea de olhar pra trás e assim que o fez, observou Charlie a segurando com apenas um braço que logo a soltou ao perceber que era Charlotte.

– Irmã? O que faz acordada até agora? - O mesmo endireitou-se o máximo que pode, a observando de cima a baixo e logo parou sua visão em seus joelhos que escorriam sangue, pequenos caminhos mas eram notáveis debaixo da camisola que as irmãs usavam, já que era branco e havia sido manchado com um vermelho agora levemente escurecido por ser se secado.– Irmã Charlotte, o que fez!?

A garota não havia voz no momento, ainda assustada com toda a situação em sua frente, olhando para baixo e logo para o homem que agora parecia demonstrar uma leve preocupação.

– Foi um acidente.- Mentiu.

– Eu não acredito em você.- O homem reprimiu um riso quase caçoando.– Estava se punindo.

O homem em um movimento cuidadoso puxou uma cadeira para que a garota se sentasse na porta, indicando que a mesma se sentasse enquanto Charlie virava de costas para agarrar uma pequena maleta. Assim, Charlotte se sentou ainda confusa, observando o padre se virar e observá-la com cuidado, e observando a mesma sentada e logo se pôs de joelhos em frente à irmã, a observando com seus olhos tao escuros que poderiam engolir sua alma.

– Tire um pouco do tecido de perto, vou limpar os machucados para você.

Charlie disse simplório como se não fizesse muita questão e Charlotte, tão disciplinada como era, levantou o tecido da camisola até acima de seus joelhos, mas pouca distância de tecido entre o joelho e onde a camisola se encontrava, nada relevador e enquanto fazia isso, não havia prestado atenção que Charlie não havia tirado um sequer segundo de sua atenção do rosto de Charlotte.

E assim fez.

Pois-se a limpar os machucados usando gaze, álcool e um certo cuidado para que não machucasse tanto assim a garota, suas mãos eram rígidas e quietas; como se soubesse o que estava fazendo. Quando pressionou o algodão com álcool puro na pele da garota, a mesma arqueou-se para frente de dor, levando uma de suas mãos até o ombro de Padre Charlie, quase fincando suas unhas ali mesmo. O homem endireitou-se novamente apenas para que pudesse encarar a garota diretamente em seus olhos, como se estivesse repreendendo ela de certa forma mas nada lhe foi feito.

– Se doer, se sinta à vontade para se segurar em mim.- Disse simplório, quase como uma certa gentileza vindo do homem.

Realmente gentil, certo?

A garota nada disse, apenas se manteve na mesma posição enquanto era limpada e cuidada; quando a gaze pressionou contra sua pele, fincou suas unhas contra o tecido de roupa que o padre usava com certa força, fazendo o homem soltar um grunhido baixo, olhando para cima novamente.

Mas seus olhos não soavam de maneira nenhuma com gentileza.

Naquele momento, tudo havia sumido para Charlotte que se encontrava com dor e envergonhada por machucar o tão atencioso padre, se sentia exposta além de tudo. Ao tentar afastar sua mão do homem, o mesmo segurou seu pulso e o pressionou contra o próprio ombro.

– Não pare, estou aqui para aliviar sua dor.– A voz soava mais arrastada, quase abafada por um ar que parecia não existir na garganta do padre.

A garota assim fez e fechou os olhos. Respirava fundo e sussurrava orações leves enquanto tocava no ombro do outro, agora mais calma.

A calmaria se foi ao sentir o tecido da camisola deslizar aos poucos de seu joelho, estava subindo aos poucos; tão devagar que o tecido fazia cócegas em sua pele. O homem manteve fixo seus olhos a garota enquanto deslizava seus dedos com cuidado pela camisola suja de sangue da mesma, levantando o tecido ao poucos até que as coxas da garota estivessem à mostra para o mesmo. De seu joelho, Charlie deslizou seus dedos até as coxas da mulher pela lateral como se estivesse sentindo a pele primeiro; virando seus dedos aos poucos para o lado interno das coxas da mesma, pressionando seus dedos com força contra sua pele quente.

Charlotte sentiu sua visão lhe trair, apertando o ombro do homem como um instinto ao se sentir tocada e logo fechou seus olhos em um movimento automático.

– Abra os olhos Charlotte.– Charlie murmurou enquanto se aproximava aos poucos dentre as coxas da irmã que respirava com muita dificuldade, mantendo sua face entre as pernas da garota.– Quero que mantenha seus olhos em mim.

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Opa! Boa madrugada? Vim apenas agradecer a quem está lendo Devour e por favor, não desistam da obra.

Gosto de fazer as coisas funcionarem aos poucos mas aqui já mostra um pouco para onde estamos indo, certo?

𝐃𝐄𝐕𝐎𝐔𝐑 ✞ 𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐢𝐞 𝐌𝐚𝐲𝐡𝐞𝐰 Onde histórias criam vida. Descubra agora