𝐇𝐈𝐃𝐃𝐄𝐍 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒 ✟

321 33 6
                                    

Os passos eram leves e quase inaudíveis pelo corredor enquanto Charlotte com sua pequena camisola caminhava até o quarto de Charlie, pressionando sua mão contra os lábios ao observa-lo pela fresta da porta por um tempo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os passos eram leves e quase inaudíveis pelo corredor enquanto Charlotte com sua pequena camisola caminhava até o quarto de Charlie, pressionando sua mão contra os lábios ao observa-lo pela fresta da porta por um tempo. O homem estava sentado na poltrona, com sua mão coberta de sangue descansando ao lado do estofado enquanto seus suspiros eram altos o bastante para preencher toda a cabeça da garota, que abriu a porta cuidadosamente e a fechou contra suas costas.

– Charlie...- Pressionou os lábios e se manteve imóvel por um tempo.- Padre Charlie, está machucado?...- Voltou a caminhar com cuidado até o mesmo, observando sua mão apontando para uma pequena gaveta e assim seguiu o caminho até a mesma.

Segurou a pequena caixa de medicamentos e outros cuidados entre as mãos, se aproximando o bastante para que se ajoelhasse em sua frente, observando o sangue escorrer de sua barriga até as pernas. Tratou do homem com todo o cuidado que conseguia, o limpando, retirando toda a sujeira de sangue de seu corpo e nem um som foi emitido do mesmo, ele apenas a observava com cuidado, quase como se estivesse a admirando apenas.

– Poderia me dizer o que aconteceu?.- Charlotte murmurou enquanto pressionava a agulha contra o machucado, o costurando e o fechando ao segurar a pele do mesmo, que grunhiu de dor mas pouco se importou de responder sua pergunta.- Como se machucou tanto?...

A tensão entre ambos era muito clara para os dois, seus corpos passavam de nada mais nada menos do que duas partes separadas que se pertenciam naquele momento, o vício era maior do que tudo dentro daquela sala. Mesmo com suas mãos sujas de sangue, Charlotte continuou a cuidar do mesmo, limpando em sua própria camisola para não sujar mais nada e assim que terminou de limpar e cuidar dos ferimentos, encarou suas duas mãos ainda sangrentas mas bem menos.

Uma sensação estranha tomou conta de si, suspirou e fechou os olhos por alguns instantes enquanto estava tentando se recompor, murmurando as mesmas preces que fazia quando se sentia com medo, como se fosse uma forma de proteção para a garota naquele momento. Suas próprias mãos foram levadas até seu rosto, onde tocou seus próprios lábios com o líquido metálico que escorria de seus dedos até seus pulsos. Sua visão turvou ao observar Charlie se inclinando para se aproximar dela e assim que o fez, ela deslizou seus próprios dedos para seus lábios, os chupando ao sentir agora com mais clareza o gosto metálico de sangue tocar sua língua. Certa eletricidade percorreu todo o corpo da garota, lhe causando arrepios.

– Minha querida Lotte, minha...- Mayhew murmurou dolorido enquanto a puxava com os dois braços para seu colo, não com segundas intenções. As pernas na garota estavam juntas e se apoiavam do lado da poltrona enquanto seu ombro se apoiava contra o peito do homem, o observando com os olhos quase fechados, sentia que poderia dormir ali, cheia de sangue, cansada e com um homem embaixo de si também coberto de sangue e com a barriga aberta há minutos atrás.

Sentiu os lábios do homem tocarem em seus por alguns segundos, mais como uma promessa de carinho que claramente pouco existia no homem, que pressionou seus dedos contra a coxa pequena da mesma. Os beijos desceram para o seu pescoço, em meio aos fios longos e louros da garota, o rosto do mesmo descansara ali por um tempo, aproveitando do pequeno tempo que tinha.

Charlotte não se sentiu na obrigação de perguntar o que havia acontecido, apenas aceitava o fato de que não seria respondida muito cedo e teria que superar suas dúvidas que estavam atormentando sua cabeça naquele momento.

– Eu preciso ir.- Murmurou com certa vergonha de estar ali, se levantando com cuidado para que não machucasse Charlie e logo foi impedida de sair por completo com o braços do mesmo rodeando sua cintura e a cabeça do mesmo, que descansou em sua barriga enquanto Charlotte se mantinha de pé em sua frente.

– Não vá, por favor.- O pedido parecia mais uma súplica de sua parte, seus fios estavam molhados e cobriam grande parte de seus olhos e mal tinha se uma visão do ponto de vista da garota, o homem se mexeu quando ela tentou se soltar e assim ele caiu do chão com ambos os joelhos apoiados, ainda a abraçando pela cintura e agora realmente parecia estar implorando.- Por Deus, não vá.

Ao escutar sobre Deus, a garota relutou por um tempo de se mexer, levando suas mãos até os fios do homem, o acariciando com certo cuidado enquanto tentava se soltar com o maior cuidado possível, o observando sempre. Havia pena no peito de Charlotte e seu corpo pesava como uma rocha naquele momento tão sensível, vendo aquele homem machucado e suplicando por sua presença.

– Se alguém nos ver, pode haver problemas padre...- Sussurrou e logo se soltou, o observando ajoelhado e com a cabeça baixa, sem mover um músculo de seu corpo.- Por favor, tome um banho e repouse.

Se retirou antes que fizesse qualquer coisa que iria se arrepender dolorosamente naquele momento, correndo pelo corredor antes mesmo que fosse notada por alguém. Se lavou na pia com a água gelada acertando seu corpo e sua camisola como uma onda de choque, sentindo lágrimas deslizarem por suas bochechas. Levou as mãos até o rosto e soluçou de dor, se encolhendo ao lado da privada por vergonha.

Jurou amor para Deus, castidade, devoção e tudo que lhe dava o direito, a sensação de culpa a consumia cada vez mais e a retirava de tudo que tinha como direito por ter sido uma mulher que tentou sempre fazer o bem. Juntou suas forças e se deitou na cama novamente, lutando para dormir.

A manhã havia chegado e Charlotte mal havia dormido.

Irmã Megan parecia falar com alguém no telefone da biblioteca, onde Lotte se encontrava sentada ao seu lado, folheando a Bíblia em algum versículo que a ajudasse naquele momento tão desesperador para a garota. Os olhos de Megan prenderam em Charlotte e ela percebeu, a encarando de volta com certa curiosidade, levantando uma sobrancelha como se estivesse perguntando se algo havia acontecido.

– Certo...te ligo depois.- A irmã murmurou, desligando o telefone e assim deslizou seus dedos pelos próprios fios, suspirando pesadamente ao apoiar ambos os cotovelos na mesa. Teve suas costas acariciadas por Charlotte, em um sinal de apoio.

– Megan, algo aconteceu?...- Murmurou ainda mantendo sua mão nas costas da mais velha, suspirando profundamente ao observar a preocupação preencher o ar.

– Lois disse que o assassino a visitou ontem em sua casa e quase a matou.- Podia sentir a dor de irmã Megan naquele momento, já que era tão próxima a detetive e mesmo que não conhecesse aquela figura misteriosa, sabia que era uma imagem de importância para sua amiga.- Ela golpeou ele mas ele fugiu...ele ainda está solto, Charlotte.

Seu rosto esbranquiçou quase de imediato, engolindo a seco com o comentário da mesma. Claro que era uma coincidência, não poderia ser verdade já que ele mal tinha tempo de sair da igreja, sempre estava ocupado com as tarefas da igreja, certo? Era uma coincidência gigantesca mas não poderia ser verdade. Olhou pra irmã Megan e sorriu para a garota, tentando animar seu espírito naquele momento. Teve a consciência de que não diria nada sobre a noite passada e de que aquele segredo morreria com ela.

Pelo bem de Charlie, por Charlie.

————

Muuuuuuito obrigada pelos 4k de visualizações em Devour! Tudo isso é para vocês!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 12 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

𝐃𝐄𝐕𝐎𝐔𝐑 ✞ 𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐢𝐞 𝐌𝐚𝐲𝐡𝐞𝐰 Onde histórias criam vida. Descubra agora