Assim que Potter deixa Guildhall Yard, presumivelmente para retornar à sua adorável casa luxuosa, à sua adorável vida simples e a toda sua adorável liberdade, Draco retorna ao Ministério, meio atordoado, onde coloca os Bezerros da Lua na cama, verifica Pan... e então se joga de bruços no sofá, exausto demais para pensar em fazer qualquer outra coisa, e ainda assim muito ligado para dormir.
Há culpa ali também, enquanto ele repassa os eventos da noite – pois a verdade embaraçosa da questão é que Draco não tinha esquecido o encontro de Potter. Ele tinha ligado para a sala de correio via Flu e requisitado aquela coruja com plena consciência de que estaria interrompendo Potter, que provavelmente estava se divertindo. E então, quando Potter realmente apareceu – e melhor ainda, parecia satisfeito por estar lá – Draco tinha sido tomado por esse tipo de prazer nada lisonjeiro e rancoroso pela noção de que Potter o havia escolhido em vez de algum outro sem nome. Era como se eles estivessem no primeiro ano de novo, só que, dessa vez, Potter tinha se virado para Weasley e dito: "Sabe de uma coisa, talvez esse tal de Malfoy tenha alguma razão, afinal". Toda a decepção (a de improviso que foi esta noite? - como se ele não soubesse muito bem) - e a ideia de que Potter poderia ficar sabendo - fez seu estômago revirar. Draco não deveria ser melhor do que isso, hoje em dia? Potter não merecia mais do que isso?
Se ao menos ele tivesse conseguido ver o rosto de Potter...
Sempre foi um pouco viciante estar perto de Potter. Depois de tanto tempo gasto apenas com sua própria companhia – e seus pais mal contam, com a mãe tão ocupada com o trabalho e voando de um compromisso social para outro, e o pai fora fazendo campanha metade do tempo – Draco provavelmente ficaria lisonjeado em ser o objeto da atenção de alguém. Mas ser Potter – com sua abertura, sua curiosidade, seu aparente prazer genuíno em aprender com Draco – bem, é mais do que Draco poderia ter sonhado. Então Draco pensou que estava imaginando a princípio, quando Potter começou a se aproximar, lançando-lhe esses pequenos meio-sorrisos engraçados como se estivessem compartilhando piadas particulares. Ele disse a si mesmo que estava interpretando mal os sinais – afinal, Potter era hétero, certo? – e que provavelmente era um efeito colateral da solidão prolongada. Ele tentou ignorar a excitação vertiginosa que começava a borbulhar dentro dele sempre que imaginava suas mãos se tocando, o desejo que ficava mais febril à noite, sensações há muito esquecidas se espalhando por seu corpo inquieto.
E então Potter apareceu naquele dia quando Draco estava alimentando os Grindylows, e Draco o pegou olhando, e então Draco soube com certeza. Ele sempre conseguia sentir quando as pessoas queriam algo dele, e cara, Potter quer.
Draco precisa da amizade de Potter. Ele precisa dela de mais maneiras do que ele poderia explicar, e ele acha que Potter pode precisar dela também. Mas ele escreveu o bilhete de qualquer maneira e o enviou, porque no fundo ele é uma pessoa egoísta, e sua curiosidade levou a melhor sobre ele. E Potter veio, deixou seu par na mesa de jantar para ficar com Draco. Potter brincou com ele, e se inclinou para Draco, e o chamou de amigo, embora Draco tenha certeza de que sentiu a mão de Potter descansando perto demais para amigos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Kept in Cages | Drarry
FanfictionBem no coração do Ministério fica a Divisão de Feras: uma sala escondida onde bestas antigas vagam, e criaturas aladas voam alto, e furões gigantes rabugentos comem todos os seus biscoitos, a menos que você os mantenha bem escondidos. Draco Malfoy s...