4

249 24 25
                                    

[LEO]

— Sério, Piper, de novo com esses cremes? — reclamei, enquanto ela passava mais uma camada de algo gosmento no meu rosto.

Ela riu, enrolando mais uma mecha do meu cabelo no cacheador e parecendo completamente concentrada. O brilho da lua entrava pela janela do chalé de Afrodite enquanto eu era o refém de Piper.

— Para de reclamar, Leo. Isso aqui vai te deixar com uma pele incrível. Você deveria estar me agradecendo por ser meu manequim favorito — disse ela, dando uma piscadinha.

Eu revirei os olhos, mas sabia que resistir não ia adiantar. Piper adorava usar meus cabelos e minha cara como campo de testes para seus produtos. De um jeito estranho, até já tinha me acostumado a ser o "experimento" da filha de Afrodite.

— Ainda não entendo como você passou de "garota rebelde que odeia maquiagem" pra... isso — comentei, olhando ao redor do chalé, cheio de frascos e potes brilhantes, cada um com uma promessa mais extravagante que o outro. — Quer dizer, a uns anos atrás, você nem podia ouvir a palavra 'creme facial' sem revirar os olhos.

Piper deu de ombros, puxando outra mecha do meu cabelo.

— As coisas mudam, Leo. Talvez a Annabeth tenha me influenciado um pouco, e a Ariadne, com aquela obsessão por rituais de skincare, também. E, claro, a Hazel... sempre tão elegante. Não tinha como não ser influenciada.

— Certo, mas você não acha que colecionar trilhares de cremes é um pouco... demais? — perguntei, franzindo o nariz enquanto ela aplicava algo com cheiro de flores no meu queixo.

— Cada um tem sua obsessão — Piper respondeu com um sorriso, quase sem prestar atenção. — E, por acaso, a minha é te deixar apresentável.

— Tá, mas eu já sou apresentável — resmunguei, tentando me esquivar de mais um creme.

— Leo, você vive com a cara cheia de graxa e cabelo bagunçado. Eu só estou tentando te ajudar a explorar seu potencial.

Eu ri, porque, no fundo, ela estava certa. Ela enrolou outra mecha no cacheador e sorriu.

— E aí? O que você acha dessa minha nova obsessão? — ela perguntou, erguendo as sobrancelhas enquanto me analisava, como se esperasse minha aprovação.

— Bom, desde que você não tente me obrigar a usar sombra ou batom, acho que consigo sobreviver. — sorri, sabendo que, por mais que reclamasse, no fundo eu apreciava essas sessões improvisadas com Piper. Era uma das poucas vezes em que ela parecia se divertir sem preocupações.

Ela riu, dando um tapinha no meu ombro.

— Isso é o que você pensa.

Piper deu uma última ajeitada no meu cabelo, desligando o cacheador, mas não saiu de perto. Seu sorriso divertido foi lentamente diminuindo, substituído por uma expressão mais séria, um olhar de quem estava prestes a mudar de assunto.

— Ei, Leo... — ela começou, mexendo distraidamente nos frascos sobre a penteadeira. — Sobre aquela sensação que você mencionou... no Central Park... ainda tá sentindo isso?

Eu congelei por um segundo. Tentei disfarçar, mas sabia que não ia adiantar muito com Piper. Ela era perspicaz demais, e, quando se tratava dos amigos, ela sempre sabia quando algo estava fora do lugar.

— Ah, isso? — tentei rir, mas soou meio forçado. — Já passou. Sabe como é... acho que eu só tava estressado.

Ela se virou de frente pra mim, cruzando os braços e me encarando de um jeito que dizia claramente "não me enrola, Leo".

𝐀 𝐅𝐋𝐄𝐂𝐇𝐀 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 | 𝐿𝑒𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑑𝑒𝑧Onde histórias criam vida. Descubra agora