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[ARIADNE]

O ar ficou pesado, e a temperatura ao meu redor pareceu cair repentinamente. A figura que eu não podia ver, mas sentia tão próxima, emanava um poder que pulsava com uma energia perturbadora. Ele não era apenas o Deus do Amor; havia algo mais sombrio em sua presença, algo que me fez sentir como se estivesse sendo puxada para um abismo.

Era um sentimento de vulnerabilidade absoluta. Eu estava sozinha, sem meu arco, sem ninguém acordado. Claro, eu ainda tinha poder de telecinese, mas, como havia apenas descoberto essa habilidade poucos meses atrás, eu não fazia ideia de como controlá-lo. E a escuridão parecia se agitar ao meu redor, como se estivesse viva, esperando para engolir-me.

— O que você quer de mim? — desafiei, mas minha voz vacilou mais do que eu esperava.

Uma risada suave, mas gélida, cortou a escuridão, e um arrepio gelado percorreu meus braços.

— Eu não quero nada de você, querida. Estou aqui para te fazer um favor. A você e a Leo Valdez.

Meu coração disparou, batendo contra o peito como um tambor descompassado.

— Eu não pedi nenhum favor! — rebati, tentando soar firme, mas batendo o pé com uma mistura de impaciência e medo.

A voz, agora mais séria, respondeu: — O amor não é algo que se pede, Ariadne Chase. E você, que nunca amou antes, não sabe como é lidar com isso. Você realmente sabe o que é estar apaixonada?

Suas palavras me atingiram como uma lâmina. Ele estava certo. Eu nunca tinha amado ninguém de verdade... até Leo.

— Claro que sei — insisti, a voz saindo mais alta do que eu pretendia. — É o que sinto no peito toda vez que estou com o Leo.

Cupido soltou uma risada fria, o tipo de riso que faz o estômago afundar, como se eu tivesse acabado de contar a pior piada do mundo.

— Isso que você sente é adrenalina — ele rebateu, o tom gélido e cruel. — Você não ama ele.

Se eu tivesse os poderes de Leo, sabia que, naquele momento, meu corpo inteiro estaria envolto em chamas de raiva. Como ele ousava dizer algo assim? Como se entendesse melhor do que eu os meus próprios sentimentos.

— Eu amo ele! — gritei, furiosa, meus olhos vasculhando o chão à procura de algo, qualquer coisa, para me defender. Meus dedos encontraram uma pedra grande, pontuda e surpreendentemente leve. A agarrei com força, pronta para atacar a direção de onde vinha a voz.

Mas Cupido não se abalou. Ele apenas tossiu, antes de perguntar, com uma frieza cortante: — Você o ama? Ou ama o fato de que alguém, finalmente, ama você?

A pergunta pairou no ar, congelando tudo ao redor. A pedra que eu segurava com tanta força caiu de minhas mãos. O eco de sua queda parecia ressoar dentro de mim, tão pesado quanto o silêncio que se seguiu. Ele tinha me desarmado com uma simples verdade.

Claro que eu amava Leo, mas... a pergunta de Cupido me fez vacilar. Eu sempre fui daquele tipo de pessoa que precisava ser a melhor. A melhor arqueira, a conselheira mais esperta, a campista mais dedicada, a semideusa mais corajosa. E até então, eu tinha conseguido ser boa em tudo — exceto no amor. Nunca havia namorado. Nunca havia amado alguém de verdade. E ninguém nunca tinha me amado. Leo foi o primeiro... ou pelo menos era isso que eu acreditava. Será que, na verdade, eu só não estava acostumada a ter alguém ao meu lado? Depois de tantos anos sendo independente, acostumada a contar apenas comigo mesma, será que eu estava confundindo essa nova sensação com amor?

— Posso te ajudar a encontrar as respostas que procura — disse Cupido, em um tom quase tranquilizador, como se quisesse me guiar por um caminho que eu relutava em seguir.

𝐀 𝐅𝐋𝐄𝐂𝐇𝐀 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 | 𝐿𝑒𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑑𝑒𝑧Onde histórias criam vida. Descubra agora