3

590 77 96
                                    

[LEO]

Felizmente, não acordei atrasado no dia seguinte, o que já foi um milagre, considerando que fiquei acordado até tarde na noite anterior.

Fui visitar Ariadne na enfermaria, como prometido. Levei algumas coisas para ela se distrair: doces, um tabuleiro de xadrez... e, bem, éramos mestres nesse jogo — pelo menos, ela era. Eu basicamente só servia para perder de maneira humilhante, mas tudo bem, fazia parte do charme.

Mesmo com a perna ferrada e o cansaço evidente, ela ainda tinha energia de sobra pra me dar aqueles beijos, como se estivesse totalmente recuperada. Se dependesse dela, provavelmente já estaria correndo uma maratona. Ah, e ainda conseguiu fazer piada sobre o "incidente da espada".

Mas, sabe, mesmo assim, aquela culpa de tê-la machucado continuava ali, me cutucando. E o fato de que eu não consegui carregá-la até a enfermaria? Isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. Sei que parece uma coisa pequena, mas... pra mim, fez toda a diferença. Eu deveria ser o cara que a resgata, não quem precisa de ajuda pra isso.

De qualquer jeito, não dava pra ficar me lamentando o tempo todo, mesmo que parte de mim quisesse.

Levantei da cama e me vesti: camiseta laranja do acampamento e minha clássica bermuda jeans verde militar. Os óculos de solda, claro, estavam pendurados no meu pescoço como sempre. Nunca se sabe quando uma emergência de construção vai surgir, né? Pode ser consertar um canhão explosivo ou, sei lá, uma máquina de fazer churros.

Com isso resolvido, me mandei pro pavilhão pra garantir o café da manhã. Ariadne tinha prometido aparecer por lá, dizendo que já estava bem o suficiente pra comer com a gente, mesmo que fosse de muletas. Sempre teimosa. A verdade é que eu estava meio ansioso pra ver se ela estava melhor — e, ok, talvez eu estivesse esperando mais uns beijos também, mas ninguém precisa saber disso.

Ao chegar lá, porém, Ariadne não estava. Ignorei o atraso — ela tinha motivos de sobra. Enquanto esperava, me sentei na mesa com meus amigos. Piper e Annabeth estavam lado a lado, assim como Jason e Percy. Decidi me juntar aos garotos também, para que Ariadne pudesse se acomodar ao lado das meninas e ficar por dentro das fofocas matinais. E, claro, eu também estava curioso sobre o que estavam comentando.

Piper exibia uma pena de harpia trançada em seu cabelo, enquanto Annabeth mantinha seu clássico rabo de cavalo louro e cacheado. No entanto, as duas pareciam envolvidas em uma conversa mais séria. Fiquei me perguntando sobre o que poderiam estar falando, mas decidi não me intrometer.

Dividia waffles azuis com Percy — claro, uma ideia dele, já que azul era a sua cor favorita. Se fossem waffles da minha escolha, teriam que ser vermelhos.

Já havíamos devorado tudo, e nada de Ariadne aparecer. A preocupação começou a me consumir. Era uma besteira, eu sabia, mas, ultimamente, eu estava mais assustado do que nunca. Essa vulnerabilidade nova me deixava inquieto, como se um bicho-papão estivesse me observando de canto de olho.

A sensação ruim que havia sentido no Central Park, e mais recentemente ao sair da enfermaria, parecia sempre à espreita. O que havia de errado comigo? Eu tinha que parar de ser tão paranoico. O que poderia acontecer de tão ruim em um dia ensolarado no acampamento?

Talvez o problema fosse que, desde a missão, Ariadne e eu nos tornamos inseparáveis. A ideia de que ela estava em perigo me deixava mais nervoso do que qualquer monstro que já havia enfrentado.

Sempre fui a sétima vela do meu grupo de amigos. O cara que estava lá, mas que ninguém notava. Sozinho, assim como sempre fui desde que perdi minha mãe em um incêndio quando era criança. As coisas melhoraram quando conheci Piper e Jason, é claro. Eles eram um casal perfeito e me acolheram, mas a verdade é que eles tinham um ao outro. E eu? Bem, eu não era a prioridade de ninguém — até Ariadne aparecer.

𝐀 𝐅𝐋𝐄𝐂𝐇𝐀 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 | 𝐿𝑒𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑑𝑒𝑧Onde histórias criam vida. Descubra agora