a vida de crime

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Otávio estava diante de várias telas, suas mãos suadas repousando sobre o teclado enquanto ele tentava decifrar a última camada de segurança do sistema. O ambiente ao seu redor era de uma tensão quase palpável. As luzes fracas da sala escura, iluminada apenas pelos monitores, destacavam os rostos ansiosos dos membros da gangue, todos esperando pelo momento certo para avançar.

O som dos dedos de Otávio batendo nas teclas era quase ensurdecedor na quietude pesada. Do outro lado da sala, o Cabeça, aguardava impassível, seus olhos fixos na figura de Otávio. Após várias tentativas frustradas e erros que fizeram o suor escorrer por sua testa, Otávio finalmente conseguiu

— A última barreira cedeu, e o sistema esta comprometido.  — gritou um dos caras presentes na sala Otávio suspirou aliviado e um leve sorriso de triunfo surgiu em seu rosto, mas logo desapareceu, substituindo por uma expressão de cansaço e algo mais profundo, uma inquietação que ele tentava ignorar.

— Conseguimos! — Alguém gritou, e em um instante a sala se encheu de murmúrios de alívio e comemorações.

— Você é o cara, Otávio! — declarou um de seus companheiros

— Meu ídolo! — Exclamavam os outros, alguns dando tapas amigáveis em suas costas, enquanto outros expressavam seu alívio por meio de piadas e risadas nervosas.

— Esse é meu garoto — Declarou Cabeça o dando dois tapas no ombro com um sorriso orgulhoso, Otávio devolveu um sorriso fraco, enquanto todos ao seu redor comemoravam o sucesso da operação, ele não conseguia se sentir parte daquilo. As palavras de elogio que recebia pareciam ecoar em sua mente de maneira distorcida, e ele sentiu um peso esmagador em seu peito.

— Como vim parar nessa situação? — questionou Otávio em um sussurro, seguido de um suspiro frustrado, ele questionava o que havia acontecido com o garoto que sonhava com um futuro diferente? Essa pergunta o levou de volta a um passado doloroso.

Sua mente o transportou para o momento em que tudo começou a desmoronar. Ele tinha apenas vinte anos e estava em um cativeiro, preso como um animal. A sala era fria, escura e o cheiro de mofo e sujeira era quase insuportável. Otávio estava encurralado, seu corpo enfraquecido, sua mente atormentada pelas lembranças da acusação que pairava sobre ele: como o principal suspeito pela morte do próprio pai.

A porta do cativeiro se abriu com um rangido alto, e um moreno tatuado de porte Atlético, com dread no cabelo, na casa dos trinta anos, adentrou ao local, seguido por dois brutamontes que carregavam uma bandeja de comida, que entregaram nas mãos de Otávio

Cheio de raiva e desesperança, ele lançou a bandeja contra a parede, fazendo o conteúdo se espalhar pelo chão. Os brutamontes avançaram com ameaças, mas o Cabeça os conteve com um simples gesto de mão. A calma em seu olhar era quase perturbadora.

— Até quando pretende me manter aqui? — Otávio perguntou, com a voz carregada de desespero e raiva.

— Isso depende de você, garoto — respondeu o Cabeça com um tom enigmático. Otávio, sentindo-se ainda mais confuso e furioso

— O que você quer de mim? — Exasperou

— Um favor — Cabeça respondeu com uma calma fria e calculista

— E por que eu faria um favor pra alguém como você? — Rebateu Otavio sem se deixar intimidar, com uma ousadia que ainda não havia sido quebrada pelas circunstâncias

— Ora, Otávio, você deveria ser mais agradecido, afinal quando te encontrei você não passava de só mais um Noia, com dias contados prestes a sucumbir a loucura, olha pra você agora, já não sente mais necessidade delas não?

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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