A Sweet Dream [ Yuuji Itadori]

Capítulo 29

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Era escuro, um lugar que todas aquelas sombras pareciam invadir cada vez mais a sua mente e a sua alma. Facilmente poderia se entregar a ela, você já parecia ter perdido todos de alguma forma então pouco importaria.
Não, você não podia se entregar. Tudo importava.

Talvez a culpa de não ter se despedido, mesmo contando o plano, a assombrava. Você não queria que te impedissem e sabia que tentariam de toda forma, aquilo parecia ser o seu destino. Salvar quem importava, como uma arma, fazendo com que ficasse sozinha. 
Era isso no final, esse era o seu destino.

—Para uma criança, você aprende rápido. —A voz sombria do Sukuna aparece novamente e de alguma forma a presença dele a esmagava cada vez mais. —Para ser forte, você precisa ser solitário e assim que entendeu esse recado, abandonou todos.

—Eu não os abandonei, eu os salvei. —O seu tom de voz era baixo e então sente o Sukuna virar você com o pé, não havia nenhuma reação em seu corpo. —Eu mereço ficar sozinha, não eles. 

—Argh, vocês humanos me dão nojo, para quê todo esses sentimentos? Aliás, você consegue fingir com essa máscara falsa. —Ele a levanta pelo o pescoço, era a sua própria imagem e aquilo não a assustava, não mais. —Acha que eu não consigo reconhecer uma assassina? Não ouse me enganar, eu sei que gostava de tirar cada uma daquelas vidas.

Houve novamente uma risada saindo de você, mesmo que não tivesse tanto fôlego por ele estar apertando cada vez mais a sua garganta.

—Enfim, saiba que terei o prazer de matar um a um. —Ele aproxima os seus rostos.—Farei questão de acordar a sua alma para que isso aconteça.

—Sabe de uma coisa? Mesmo que eles percam...não serão fracos como você. —Você sorri e percebe ele ficar com ainda mais ódio. —Pelo menos estarão utilizando os próprios poderes, diferente de você. Patético.

Provavelmente ele havia feito a sua alma apagar novamente, pelo menos era o que sentia assim que toda aquela escuridão a invadiu por inteiro.
Não havia muito o que fazer, não até o seu plano dar certo.

Havia uma parte de sua mente que talvez ainda não tivesse sido explorada pelo o Sukuna, talvez ele não teria achado tão interessante e você torcia por isso, então não poderia pensar tanto para que ele não roubasse certos tipos de informações.

Principalmente aquela conversa.

...

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...

—Yuuji, volta aqui. —Sensei Gojo revira os olhos mais uma vez e percebe Itadori praticamente bufar. —Para que tudo dê certo, eu preciso que vocês acreditem no plano da Nami, vocês conhecem as estratégias dela e sabem como isso pode dar certo.

—Eu não vou participar disso, eu vou tirar aquele verme de dentro dela de outra forma. —Yuuji ainda estava de costas para todos, havia uma certa frieza dentro de suas palavras ao mesmo tempo que sentia todo o seu corpo tremer e suas mãos suarem.—Eu não posso perder ela e sei que isso...ela não vai resistir.

—Não fale como se fosse o único a se preocupar, se ela nos deu as peças para traçar a estratégia para que o Sukuna não descobrisse o plano, então assim faremos. —Maki alcança Itadori e fica de frente para ele. Ela o empurra e mesmo com a força, o corpo dele pareceu não mexer um centímetro. —Se você se arriscar, poderá matá-la também e se você sair por essa porta, eu vou te espancar até mudar de ideia.

Nesse momento, os dois pareceram se fuzilar pelo o olhar, talvez Yuuji realmente tivesse considerado aquela ideia por não aceitar que alguém achasse minimamente um plano bom por você estar com o Sukuna em seu corpo e que todos iriam para cima de você, e para piorar a luta contra Sensei Gojo seria no outro dia e tudo resultava em um único resultado para ele: perder você.

Em silêncio, Yuuji se retira daquela sala e deixa todos ali em dúvida de qual seria a sua decisão final. Era muito para mastigar e o pior para engolir, talvez os nós que haviam em sua garganta tivessem ganchos que dificultavam ainda mais para engolir.
Enquanto encosta a testa na parede e sentia uma certa dificuldade para engolir novamente o choro, as imagens de você sorrindo desde quando eram crianças, de vocês estudando juntos, brincando e indo para a escola juntos, invadiam a sua mente enquanto aquelas lágrimas desciam por todo o seu rosto. 

Os soluços invadiam a sua respiração enquanto tentava ainda chorar quase que de forma silenciosa, a dor de pensar que você poderia morrer e ele não a ter mais ali estava o rasgando de dentro para fora. Sem controlar a força, ele começa a socar aquela parede com tanta força que ao mesmo tempo que era destruída, suas mãos sangravam. 

—Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio! —Yuuji começa a falar baixo enquanto diminuía o ritmo dos socos, até finalmente parecer perder as forças. —Eu vou te amaldiçoar se você morrer, por ter me deixado quando prometeu ficar sempre do meu lado. Eu vou te amaldiçoar se você me deixar sem o seu sorriso todos os dias, eu prometi para mim mesmo que faria você sorrir todos os dias apenas para o ver. —Yuuji pega aquela pulseira que havia o seu nome e a joga no chão. — EU TE ODEIO!

Ele finalmente perde as forças nas pernas, pouco importava quem estava o escutando, a sua respiração estava tão ofegante que era como se estivesse dentro de uma bolha, a sua visão totalmente turva vai em direção novamente aquela pulseira enquanto ele a pega e leva em direção ao seu peito, o seu coração de alguma forma parecia que ia explodir.

—Me desculpa...—Yuuji consegue sussurrar mais uma vez enquanto coloca a pulseira de volta em seu pulso. —Eu não te odeio, eu te amo tanto que não consigo...como você pôde ser tão idiota? Eu que sou o idiota da nossa relação e você fez isso. —A respiração finalmente parecia voltar ao normal e então ele percebe que Megumi se aproximava pelo o corredor. 

Ele tenta se levantar mas as pernas ainda pareciam não o responder, aqueles olhos castanhos apenas acompanham o amigo sentar em sua frente, os dois ficam em um certo silêncio por um momento.
Os dois sabiam o que iriam discutir.

—Ela é única, não é? —Megumi finalmente quebra o silêncio mesmo que não pudesse o encarar diretamente, Itadori o olhava diretamente dessa vez. —Quando você morreu naquele dia, eu tentei cuidar dela mesmo quando ela não parecia querer ajuda. Tiveram dias que nós quatro ficávamos na porta por horas enquanto escutava ela chorar por você, mesmo que não chorasse durante o dia. Até um dia que ela trocou as lágrimas por treino e pelo menos conseguíamos a acompanhar. —Ele finalmente olha o amigo nos olhos, mesmo segurando as lágrimas em seus olhos para minimamente parecer mais forte.—Sabe o que eu sei? Que ela sempre lutaria por você, por te amar. Algo que nunca teríamos, mesmo que desejasse o mesmo. — Ele percebe Itadori o olhar com certa seriedade e então suspira, era um alívio finalmente poder estar falando aquelas palavras mesmo que não fossem para você. —Itadori, se ela pensou nisso é porquê está contando com você, por saber que nunca desistiria dela. Não desista.

Megumi levanta enquanto ignora aquele olhar, até perceber Itadori levantar e ir com um passo em sua direção.

—Fushiguro, obrigado por cuidar dela. —Ele suspira e então levanta a mão em direção ao amigo e dá, pela a primeira vez, um pequeno sorriso. —Vamos trazer ela de volta, não vamos? Eu sei que posso contar com você.

—Sim, nós vamos. —Ele aperta a mão de Itadori e logo os dois voltam para a sala. 

Mesmo que ainda houvesse uma luta interna, os dois sabiam que fariam o que pudesse.
Todos aqueles que você sempre protegeu, iriam lutar para a trazer de volta.

...