Depois Do Fim. | LIVRO 2 - SEQUÊNCIA ANTES QUE ACABE.

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ELLA

Lucas me deixou em frente ao dormitório e desligou o motor, me lançando um olhar gentil. Ficamos em silêncio por um momento, e eu queria expressar o quanto aquela pequena fuga tinha sido importante para mim, mas as palavras pareciam não alcançar o que eu sentia.

— Obrigada por isso — consegui murmurar, minha voz saindo mais baixa do que esperava. — Eu nem sabia que precisava, mas... ajudou muito.

Ele sorriu, aquele sorriso calmo e honesto que tornava tudo mais fácil de lidar.

— Não foi nada, Ella — ele respondeu com uma simplicidade que só ele parecia ter. — Se precisar de um "resgate" de novo, só mandar mensagem.

Sorri de verdade dessa vez, um sorriso genuíno, sem o peso que vinha carregando. Era bom ter alguém ao meu lado que não conhecia todos os detalhes, que não fazia parte do drama e que me dava espaço para respirar.

— Pode deixar — respondi, tentando guardar a tranquilidade que ele me transmitia.

Ele me ofereceu um abraço antes de eu sair, e eu aceitei, me permitindo esse momento de conforto. Quando me afastei, agradeci mais uma vez com um aceno e desci do carro, sentindo-me um pouco mais leve. Mas, assim que abri a porta do dormitório, meu coração deu um salto.

Chase estava ali.

Ele estava sentado na beira da minha cama, os ombros curvados e o olhar perdido. Sidney estava ao lado dele, mas, ao me ver, ela se levantou com um olhar cheio de compreensão e se aproximou.

— Vou deixar vocês dois conversarem — disse Sidney, colocando a mão no meu ombro antes de sair. Quando a porta fechou, Chase e eu ficamos em silêncio. Era o tipo de silêncio tenso e cheio de palavras não ditas que só nós dois conseguíamos criar.

Eu cruzei os braços, me sentindo desconfortável e protegida por esse gesto, enquanto ele olhava para mim, como se tentasse encontrar as palavras certas.

— Ella, eu queria te ver. Precisamos conversar — ele começou, a voz rouca e baixa.

— Conversar sobre o quê, Chase? — respondi, com mais amargura do que planejava.

Ele suspirou, parecendo tão perdido quanto eu me sentia. Ele, que sempre parecia tão seguro de tudo, agora estava ali, um pouco quebrado, tentando encontrar uma maneira de nos consertar.

— Sobre nós... sobre tudo isso — ele disse, hesitante. — Eu sei que errei. Eu sei que fui um idiota, mas... eu pensei... pensei que você tinha me traído também.

Senti uma dor amarga surgir no peito e respirei fundo, tentando manter a calma.

— Você achou que eu tinha te traído e, por isso, decidiu me trair de volta?

Ele abaixou a cabeça, o rosto tenso.

— Eu estava confuso, com raiva... pensei que estava me protegendo. Mas no fundo... — Ele hesitou, parecendo lutar com as palavras. — No fundo, eu sabia que não tinha motivo para desconfiar de você, mas fui covarde demais para admitir isso.

Suas palavras se misturaram aos meus pensamentos, e por mais que doessem, eu sabia que ele não era o único a culpar. Eu também havia me afastado, me calado quando deveria ter sido honesta sobre o que sentia.

Suspirei e me forcei a encará-lo de frente.

— A verdade, Chase, é que acho que a gente não daria certo — comecei, escolhendo as palavras com cuidado. — Não por falta de sentimento, mas porque temos tantas feridas... tantas inseguranças que nunca lidamos. A gente trouxe essas coisas para dentro do relacionamento, e sem confiança e diálogo, não dá pra seguir em frente.