Danton on
O hospital parecia um labirinto de silêncio.
As horas avançavam com um peso quase tangível, e os ruídos esparsos dos corredores faziam com que eu me mantivesse desperto. Eu tentava não tirar os olhos de Talita, que dormia em sua cama de hospital, ainda se recuperando do ataque. Mesmo com a tranquilidade em seu rosto adormecido, eu via os traços da dor e do trauma refletidos em sua expressão, como se ela ainda estivesse presa a tudo o que Gabriel a fez passar. Saber que ele estava desaparecido, provavelmente do outro lado do mundo, trazia algum alívio, mas me deixava inquieto.
Desde que Matt e eu a encontramos no apartamento naquela noite, o medo que senti não me abandonou. E agora, minha cabeça estava cheia de perguntas e dúvidas. Por que Gabriel desapareceu? Isso significaria realmente o fim dos problemas dela? Eu sabia que havia prometido a ela que ele não voltaria a incomodá-la, mas a imprevisibilidade dele não me deixava em paz. E, mais do que nunca, eu estava disposto a protegê-la de qualquer forma.
Enquanto pensava em tudo isso, o celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de meu pai, Philip. Claro que ele não perderia a oportunidade de entrar em contato, especialmente agora que eu e Matt fomos convocados para a seleção americana. Era um marco na minha carreira e algo pelo qual trabalhei desde que me entendo por gente, mas a convocação também significava que a pressão aumentaria, e Philip sabia como ninguém colocar o peso de expectativas nos meus ombros.
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Eu sabia que voltar ao clube após as Olimpíadas com Matt seria um divisor de águas para nós dois. Não era só por causa do torneio ou das medalhas; era o que isso representaria para o clube e para as nossas carreiras. E, claro, Philip estava de olho. Ele sempre fazia questão de lembrar que oficialmente era ele quem estava no comando, mas a verdade era que o clube já era meu. Uma decisão que ele mantinha em segredo, talvez esperando que, ao longo dos anos, eu fosse me moldando conforme suas próprias expectativas. E, embora Matt soubesse da verdade, quase ninguém mais sabia.
E então tinha Talita. Ela estava se recuperando, mas, de algum modo, eu já podia ver que, quando estivesse pronta para voltar às quadras, o potencial dela seria ainda maior. E eu queria estar ao lado dela para ver isso acontecer. Queria que ela tivesse todas as oportunidades e o suporte que merecia. Talita me fazia sentir algo novo e ao mesmo tempo me motivava a ser alguém que ela pudesse admirar. E isso trazia uma pressão que eu não estava preparado para admitir. A verdade era que, enquanto observava ela dormir, me via cada vez mais preso ao desejo de protegê-la e mantê-la perto de mim.
Meu pai havia mencionado em sua mensagem sobre a possibilidade de Talita se juntar ao clube. Ele a tinha visto em ação, pelo que parecia, e estava intrigado. A ideia de que ela pudesse integrar nosso time me agradava mais do que eu queria admitir. Mas a relação de negócios com meu pai era complicada e cheia de detalhes que eu jamais teria coragem de explicar a ela. Philip não era o tipo de pessoa que aceitava nada abaixo da perfeição, e eu temia que ele visse Talita apenas como mais um recurso para suas ambições.
Minutos depois, percebi que Talita acordava lentamente, piscando os olhos e me procurando com um leve sorriso. Era estranho como aquele simples gesto fazia tudo ao redor parecer menos complicado. Sorri de volta, aproximando-me da cama e puxando uma cadeira para me sentar ao lado dela.
- Bom dia... - Ela murmurou, a voz rouca pelo cansaço. - Você ainda está aqui.
Assenti, tentando esconder o peso que minhas palavras carregariam. - Sim. E tenho algumas novidades, mas quero que fique calma.
Ela parecia preocupada, mas acenou com a cabeça, me incentivando a continuar.
- É sobre o Gabriel - comecei, vendo a expressão dela mudar imediatamente, tensa e alerta. - Ele desapareceu. A última notícia que tive dele foi que estava na Austrália.
A surpresa e o alívio em seu rosto eram evidentes, mas havia também uma sombra de dúvida. Ela finalmente respirou fundo, como se estivesse processando a informação.
- Então ele... ele foi embora? - A voz dela estava cheia de alívio, mas também de apreensão.
- Sim. Por enquanto, ao menos, você está segura. Mas eu ainda quero garantir que nada aconteça com você. Gabriel é imprevisível, e não vou deixar que ele te machuque de novo.
Talita assentiu, e vi a tensão diminuindo em sua expressão. Enquanto isso, sentia minha mente girar com as outras informações que precisava compartilhar com ela.
Logo depois eu adormeci na cadeira
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caminhos cruzados
FanfictionAos 27 anos, Danton Ezra busca se reinventar após deixar uma carreira de sucesso no vôlei nos Estados Unidos, retornando ao Brasil em busca de novas oportunidades e respostas sobre si mesmo. Em meio à sua jornada de autoconhecimento, ele cruza o cam...