Decisões e promessas

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Talita on

A semana depois da festa foi um turbilhão. Aquela ligação inesperada do pai de Danton, Philip, ainda ecoava na minha cabeça. Ele havia sido direto, quase severo, quando me fez a proposta para conhecer o Titan Athletics Club. Mesmo a milhares de quilômetros de distância, ele conseguiu me deixar agitada e cheia de dúvidas.

Jogar ali era o tipo de chance que todos os atletas de todas as modalidades sonha em ter, mas a ideia de lidar com Philip sem o matt por perto me enchia de receio. Será que eu estava pronta para essa responsabilidade, Será que eu estou pronta para resolver as coisas e abandonar meu irmão logo agora quando eu finalmente consegui ficar perto dele de novo?

Revivo cada palavra dita na conversa com Philip, cada instrução sobre o clube, cada expectativa que ele parecia colocar em mim. Meus pensamentos logo se voltam para minha lesão e os conselhos do meu médico. A dor constante era um lembrete de que o caminho de volta seria árduo. No entanto, sentir essa oportunidade tão perto acendia uma faísca de motivação, algo que há tempos não sentia. Talvez fosse o impulso que eu precisava. E a minha dor não era tão forte da pra voltar ainda...

Decido ligar para o meu médico ainda naquela tarde. A chamada é direta e comedida, mas o receio na voz dele é perceptível. Eu explico que fui convidada para o Titan e que essa chance não esperaria por mim, e, apesar de ele entender a minha urgência, insiste em que eu não posso forçar uma recuperação rápida.

"Talita, entenda que forçar um retorno antes da hora pode comprometer sua carreira a longo prazo," ele diz, num tom sério.

"Eu sei, doutor, mas preciso dessa oportunidade. Não há alguma forma de acelerar isso com segurança?"

Ele respira fundo e menciona algumas possibilidades de fisioterapia intensiva e acompanhamento especializado, mas é firme: "eu vou rever os exames vou utilizar todos os meus aparelhos possíveis e vou fazer mais e mais exames para verificar se você vai conseguir, mas lembre-se Talita é provável que se você começar a jogar novamente não cicatrize do jeito que queremos e você sabe que isso significa parar por muito mais tempo do que eu desejo. Cuidado!

Ele desliga a chamada e eu respiro fundo repensando em todas as decisões, mas eu não vou desistir do vôlei agora!

Eu não vou deixar uma lesão que o Gabriel fez em me prejudicar, eu nunca vou deixar isso acontecer, eu prefiro ficar o resto da minha vida sofrendo com essa dor do que ter que parar com vôlei por causa desse imbecil que me machucou.

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Dois dias depois, tomo um voo rápido para visitar o Titan Athletics Club. Sinto que ver o clube com meus próprios olhos me dará a certeza que preciso, mesmo sem Danton ao meu lado. Quando chego, sou recebida com um nível de profissionalismo que transparece em cada gesto e sorriso dos funcionários uniformizados.

O ambiente é impecável, e há uma organização meticulosa em cada canto, como se tudo estivesse pensado para inspirar e motivar. Os espaços de treinamento têm um brilho especial, com equipamentos de última geração e detalhes cuidadosamente planejados, desde os tons das paredes até o piso antiderrapante. Atletas em ação se movem com precisão, corpos disciplinados e concentrados, como se a própria energia do lugar pulsasse com a promessa de conquistas e vitórias. A atmosfera é tão envolvente que é impossível não se sentir parte do espetáculo de dedicação e alto desempenho, onde o espírito do esporte está presente em cada detalhe.

Philip me aguarda e conduz pessoalmente a visita. Ele é detalhista ao me mostrar a academia, as quadras, a área de reabilitação e o centro médico. Ouço tudo com atenção, absorvendo cada palavra sobre a estrutura do clube e o que eles esperam de alguém que venha a integrar o time. Durante a visita, ele me fala sobre o sonho dele para o futuro do Titan, mencionando como querem transformá-lo em um dos maiores centros de formação de atletas.

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