caminhos cruzados

você tem certeza?

Naquela manhã, acordei com a luz suave do sol invadindo meu quarto através das persianas entreabertas. Suspirei profundamente, sentindo o frescor do início do dia enquanto espreguiçava os braços e me levantava. Meus pensamentos estavam dispersos, e a primeira coisa que me veio à mente foi o pedido de namoro do Danton. As palavras dele ainda ecoavam em minha memória, deixando uma mistura de surpresa e apreensão.

Com um movimento leve, saí da cama e segui para o banheiro. Precisava de um banho para organizar a mente, para deixar a água quente cair sobre meus ombros e lavar não só o corpo, mas também aquela inquietude que me acompanhava. Entrei no boxe, e assim que a água começou a escorrer, fechei os olhos, tentando me concentrar na sensação de cada gota de água tocando minha pele.

Enquanto massageava o couro cabeludo, sentia a espuma perfumada escorrendo pelo meu cabelo e deslizando suavemente pelo meu corpo. Permiti-me relaxar, ainda imersa nos meus pensamentos. O pedido de namoro do Danton havia surgido de forma tão inesperada, como se ele tivesse revelado um lado dele que eu desconhecia até então. Danton era jovem, vibrante, cheio de ambições, e, ao mesmo tempo, tão determinado. Eu me perguntava se aceitar seria justo, se ele não estaria se comprometendo cedo demais, perdendo a liberdade de explorar mais a vida. Era uma decisão complicada, e eu sabia que não poderia tomá-la de forma impulsiva.

Terminei o banho e enrolei uma toalha no corpo, sentindo o ar mais fresco ao sair do boxe. Caminhei até o quarto e peguei uma roupa aconchegante, um moletom macio e uma calça confortável. Precisava desse aconchego, algo que me fizesse sentir tranquila enquanto eu continuava refletindo. De volta ao banheiro, segui para o meu ritual de skincare matinal. Apliquei o tônico, depois o sérum hidratante e, por último, o creme nutritivo, sentindo a pele absorver cada camada com calma. Passo a passo, minha pele se sentia mais cuidada, e, aos poucos, eu também começava a me sentir mais leve.

Já de volta à sala, liguei a televisão e busquei por um seriado qualquer, só para ter o barulho de fundo. O silêncio absoluto me deixava inquieta, e o som suave da TV me trazia um conforto sutil. Sentei-me no sofá, com o celular em mãos, perdida em pensamentos enquanto mexia distraidamente nas redes sociais. Não queria me sentir sozinha naquele espaço, então aquele som de fundo era como uma companhia silenciosa, que me permitia relaxar sem pressões.

Foi nesse momento que o celular vibrou com uma ligação. Olhei para a tela e vi o nome de Matthew, meu irmão mais velho, aparecer. Atendi com um leve sorriso, feliz em ouvir a voz dele.

— Ei, Matt! Bom dia! — cumprimentei, e ele respondeu no mesmo tom descontraído.

— Bom dia, Tata. Como você está? — ele perguntou, e logo percebi que ele queria conversar sobre algo específico.

Matthew me contou que iria viajar no próximo dia, e que o voo estava marcado para o fim da tarde, por volta das quatro ou cinco horas. Eu escutava atenta, imaginando o ritmo agitado que ele enfrentava diariamente, e, então, ele mencionou algo que me deixou surpresa: ele tinha duas passagens de avião. Sabia que eu estava um pouco receosa com a ideia de ficar sozinha no apartamento, e a sugestão dele era clara — ele queria que eu o acompanhasse nessa viagem para Orlando.

Por um instante, hesitei. Sempre tive uma independência forte, mas, ultimamente, ficar sozinha no apartamento parecia um desafio maior do que eu esperava. Era como se a ausência de companhia amplificasse as dúvidas e incertezas que estavam me rondando. Além disso, a ideia de ir para Orlando, de espairecer em um novo ambiente, me pareceu tentadora. Acabei aceitando a proposta dele, com um sorriso que, naquele momento, senti como um peso saindo de mim. Seria bom mudar de ares, ver o mundo sob uma nova perspectiva.

Matthew, sempre observador, percebeu que algo mais me afligia e perguntou com gentileza:

— Talita, está tudo bem mesmo? Você parece meio pensativa.