Capítulo 11

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Depois de um dia longo e cansativo na escola, finalmente era hora de ir embora.

Ao chegar em casa, em torno das 17:30, soltei um suspiro de alívio. O ambiente familiar, meu refúgio, sempre me acalmava. Subi direto para o meu quarto, meus pais não estavam, apenas as funcionárias.

Joguei minha mochila no chão e tirei meus tênis, me deitando na cama ainda de uniforme.

Peguei meu celular para ver se havia alguma mensagem, mas nada, nem mesmo de Adrian, foi mais pela mensagem dele que eu estava ansiosa.

Faço bico.

— Senhorita, as roupas já estão lavadas. — Olho para a porta que estava aberta, e uma das nossas funcionárias estava com as roupas de Adrian nas mãos.

— Minha mãe que pediu pra lavar? — Me levanto indo pegar.

— Sim. Com licença. — Ela diz apenas isso e se retira.

Fechei a porta e cheirei as roupas, estavam cheirosas, mas sem o cheiro dele...

As coloquei em cima da minha cama e fui até a janela, ver se tinha algum movimento em sua casa, mas nada. Seu carro nem está aí, ele deve ter saído, então, resolvo mandar mensagem.

As roupas são uma ótima desculpa pra isso.

ainda estou com suas roupas.

A mensagem vai, mas nada dele visualizar. Ele deve estar bem ocupado mesmo.

Larguei meu celular na penteadeira e desci comer alguma coisa.

Fiz um misto quente e leite com cacau, é uma delícia.

Me sentei na bancada e comecei a me deliciar. Enquanto comia, vejo Victor entrar com algumas compras.

— Trouxe alguma coisa pra mim? — Pergunto como uma criança.

— Desculpa senhorita, não trouxe, comprei apenas oque estava na lista que sua mãe me deu. — Bufo.

— Mas se quiser podemos ir agora mesmo comprar alguma coisa pra você. — Penso. Não seria uma má idéia, não tenho nada pra fazer mesmo.

— Vamos ao shopping?! — A animação em minha voz é evidente.

— Claro.

— Mas eu quero que coloque uma roupa social. Não quero que pensem que eu ando com segurança por ai.

— Mas senhorita, eu estou em horário de trabalho, não posso andar por ai como se estivesse de férias. Não se preocupe, posso andar a alguns metros de distância de você. — Ele é tão sério que chega a me dar preguiça. Victor é um homem muito bonito, é alto e bem forte, não tem uma tatuagem sequer, pelo menos é oque parece. Seu cabelo é bem curtinho, castanho escuro, é muito bonito, combina com seu maxilar largo. E também, ele está sempre de terno pra lá e pra cá, pelo amor.

— Lógico que não, você vai se trocar sim, eu me resolvo com meus pais qualquer coisa. Até mais tarde, te encontro lá fora jaja! — Falo e corro da cozinha, apenas com meu misto quente nas mãos, sem deixar ele se negar.

Subi as escadas as pressas e me tranquei no quarto.

Assim que terminei de comer, me troquei, coloquei um vestido tubinho preto, um shorts por baixo, e soltei meu cabelo.

Penteei ele, passei um óleo e em seguida fiz uma maquiagem básica, sem muito exagero.

Desci as escadas depois de me arrumar, animada para sair e espairecer um pouco. Victor já estava na entrada, com um olhar sério, mas vestido com uma roupa casual, jeans escura e uma camiseta branca. Era estranho vê-lo assim, quase como uma pessoa comum e não o segurança/motorista rigoroso que sempre estava de terno.

— Uau, até parece que você é normal. — Brinquei ao me aproximar, sorrindo ao ver seu olhar um pouco surpreso.

Ele deu um leve sorriso, o que já era raro.

— Não se acostume com isso, senhorita. — Ele respondeu, mas percebi o tom de brincadeira em sua voz.

Entramos no carro e seguimos para o shopping. No caminho, fiquei pensando se Adrian veria minha mensagem em algum momento. Um lado meu estava feliz pela saída com Victor, mas, ao mesmo tempo, uma parte queria que Adrian mandasse uma resposta logo. Tentei afastar esses pensamentos e focar em aproveitar a noite.

No shopping, decidimos ir direto para a praça de alimentação. Queria um sorvete e algo doce para começar. Com o Victor ao meu lado, não me preocupei com os olhares curiosos, mas era difícil passar despercebida com ele por perto, quando eu disse que é bonito, é porque realmente é.

— Sorvete ou milk-shake? — Pergunto.

— O que preferir. Estou apenas acompanhando, lembra? — Ele disse, com o mesmo jeito sério.

Revirei os olhos e optei pelo sorvete. Peguei um de chocolate com pedaços de brownie e ele, hesitante, acabou pegando o mesmo.

Sentamos para comer, e, entre uma colherada e outra, comecei a me abrir.

— Sabe, Victor, às vezes acho que estou vivendo um filme. As coisas parecem acontecer tão rápido... É como se minha vida tivesse mudado de uma hora para outra.

Ele me olhou com atenção.

— A adolescência é assim. Mudanças vêm de repente, e tudo parece ser mais intenso. É normal se sentir confusa.

Fiquei surpresa com o conselho sincero e sensato.

— Você tem quantos anos?

— 21. — Me engasgo. OI?!

— Não brinca! Sério?

— Não entendi a surpresa, senhorita. Pareço ser tão velho assim?

— Não...mas, sei lá, nunca imaginaria que você tivesse 21 anos. — Ele se dá ao luxo de dar mais um mínimo sorriso.

— Pois é.

— Por que trabalha de segurança e motorista? Mais de motorista né? Quer ser meu segurança?! — Pergunto empolgada.

— Não sei se seus pai iriam concordar. E, eu trabalho com isso para ajudar meus pais, não tenho condições de fazer uma faculdade, seus pais me pagam bem o suficiente para manter minha casa. Isso já é o suficiente pra mim. — Suas palavras soam dolorosas. Eu vejo nele um futuro lindo, mas infelizmente a desigualdade é algo muito triste, e isso me deixa ainda mais melancólica, pois tenho tudo de mão beijada.

— Vou conversar com meus pais, a partir de amanhã mesmo você vai ser meu segurança. E mais uma coisa, quero que converse comigo normal, não precisa dessa formalidade toda.

Ele concordou.

Assim que tomamos nosso sorvete fomos dar uma volta pelo shopping. Entramos em várias lojas, de roupas, cosméticos, maquiagem, jóias, tudo...

Meu pai vai me matar por estar gastando tanto em tão pouco tempo, mas sinceramente, não ligo, não é sempre que saio assim.

— Vamos comprar algo pra você? - Pergunto animada.

— O que?! Não preciso senhorita. E não devo aceitar nada que venha de você, não tenho essa permissão.

— É uma regra isso? — Ele pensa.

— Não. Mas, você é minha chefinha.

Bufo. Ele não me escapa, ainda vou dar algo a ele.

Depois de mais algumas lojas que visitamos, compramos duas água de coco e voltamos para o carro.

Victor estava cheio de sacolas, coitado.

Já era oito e pouco da noite, ficamos esse tempo todo apenas indo de loja em loja.

Mas, se parar para ver não ficamos tanto tempo. A hora passa voando. Oque são duas horinhas no shopping, né?

Guardamos tudo no porta-malas e fomos para a minha casa.

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