Acordei no dia seguinte com um sorriso bobo no rosto, lembrando da noite anterior. O quarto estava levemente iluminado pela luz da manhã, e ao meu lado estava Adrian, ainda dormindo, com a respiração tranquila e o braço passado ao redor da minha cintura. Ele tinha um jeito despreocupado até dormindo, e uma sensação de conforto e calor me envolvia com ele tão perto.
Ainda sonolenta, me virei para ele devagar e passei os dedos suavemente pelo cabelo dele, observando cada detalhe do seu rosto. Ele era lindo de um jeito que me fazia perder as palavras, e mesmo sabendo o quanto podia ser malicioso, eu não conseguia resistir àquele lado mais leve e tranquilo que ele revelava às vezes, como agora.
Aos poucos, ele foi despertando, abrindo os olhos devagar. Quando nossos olhares se encontraram, um sorriso de canto apareceu em seu rosto.
— Bom dia, pitchuca - Disse ele com a voz rouca de sono, enquanto me puxava para mais perto e me beijava levemente. — Dormiu bem?
— Melhor impossível - Respondi, rindo, e senti o rubor subir no meu rosto ao lembrar de tudo o que tinha acontecido.
Ele riu, me observando com uma expressão divertida, como se pudesse ler meus pensamentos.
— Gostei da sua cama. Acho que vou começar a invadir seu quarto com mais frequência — Disse ele com uma piscadela, me fazendo rir.
— Eu ainda não acredito que dormimos juntos.
— E eu não acredito que não estava com camisinha para te comer. O que é pior?
— Você é impossível. — Falei, me levantando da cama.
Ele me observou enquanto eu procurava por uma roupa para vestir, ainda deitado, e com o olhar descarado que parecia estar avaliando cada movimento meu.
— O que foi? — Pergunto me vestindo.
— Nada. Só estou admirando o show — Respondeu ele, brincando. Antes que eu pudesse responder, ele se levantou, vestiu a camiseta e veio até mim, puxando-me pela cintura. — E agora? Vai me expulsar ou me deixar tomar café com você?
Sorri, incapaz de resistir ao seu charme.
— Só se você pular a janela de novo e entrar pela porta da frente, fora isso meus pais te matariam. E, talvez até Victor. — Ele franza o cenho.
— Victor?
— É meu segurança a partir de hoje, mas não se preocupe, ele vai cuidar muito bem de mim.
— Eu espero mesmo, não é sempre que vou estar com você, então isso até me deixa mais tranquilo. Bom, agora vou ir e entrar pela porta da frente. Te vejo no café minha linda. — Um beijo foi instalado em minha testa.
Assim que Adrian saiu, corri para o banheiro tomar um banho bem rápido, apenas para tirar o suor da noite passada.
Depois disso, coloquei meu uniforme, penteei meu cabelo o deixando solto, e passei um corretivo.
Já estava pronta.
Mas antes de descer passei um perfume, óbvio.
Com o perfume suave envolvendo meu corpo, peguei minha mochila e desci as escadas com o coração acelerado. O aroma de café fresco preenchia a casa, e assim que entrei na cozinha, meus pais e Adrian já estavam sentados à mesa.
— Bom dia filha. — Meus pais falaram juntos.
— Bom dia mamãe, papai.
— Olha que legal filha, Adrian veio tomar café com a gente. — Mamãe diz inocentemente.
O encaro, que me encara de volta, fixamente com seu olhar sapeca.
Ao olhá-lo, automaticamente a noite passada passou pela minha mente, sua língua em meu clitóris, seus dedos dentro de mim, sua boca colada na minha...
Eu me sentei à mesa em frente ao garoto, tentando manter a expressão neutra, mas ao cruzar olhares com Adrian, senti um arrepio percorrer minha espinha. Ele sorria de um jeito sem vergonha, mas a malícia escondida no seu olhar só nós dois sabíamos.
Então, Adrian, como foi a sua noite? — perguntou meu pai, interessado, enquanto servia mais café para ele.
Adrian deu de ombros, mantendo o tom casual.
— Melhor do que eu esperava, senhor. A companhia foi... maravilhosa — disse, lançando um olhar rápido para mim. Me engasgo com meu café, tirando uma risada disfarçada do infeliz.
— Eu imagino mesmo, Sofia parece ser uma ótima companheira. — Mamãe diz, com sua xícara de chá nas mãos. Respiro fundo, tentando não falar que quem ele estava quase fodendo na noite passada era eu, não aquela azeda.
— Ah...bom tia, não sei se sabe, provavelmente não, mas eu e Sofia terminamos. — Meus pais se encaram ao mesmo tempo desacreditados.
— Assim do nada? Oque houve? — Papai pergunta.
— Ela era muito interesseira, não estava comigo por amor e sim pelo meu dinheiro, não é esse tipo de pessoa que quero do meu lado.
— Você está certo então. Mas não se preocupe, ainda é novo, vai achar a pessoa certa. — Mamãe tenta confortá-lo, fazendo nós dois nos olharmos novamente.
— Claro. Mas enfim, eu preciso ir agora, agradeço pelo café, virei mais vezes. — Ele se levanta, indo até meu pai dando um aperto de mão e em seguida até minha mãe, depositando um beijo em seu rosto.
Após, Adrian andou até mim e depositou um beijo também em meu rosto. Mas, antes que ele pudesse se afastar, aproximou sua boca do meu ouvido e sussurrou:
— Nos vemos mais tarde?
— Não vejo a hora. — Sussurro de volta.
— Até mais, pitchuca. — Ele finalmente se afasta, se mantendo natural.
— Você e ele se dão tão bem né filha? — Mamãe sorri.
— Sim... — E como nos damos bem, nossa. — Eu vou indo também, não quero me atrasar.
Me levanto indo dar um beijo em meus pais.
Com a mochila em meu ombro, vou até a saída, e ao sair vejo Victor me esperando.
Ele está todo sério me encarando, está de terno como sempre.
Vou até ele com um sorriso em meu rosto, feliz pelos meus pais deixarem ele ser meu segurança particular.
Mais pra motorista na verdade, não corro perigo algum, pelo menos até onde eu sei.
— Bom dia, chefinha.
— Chefinha? Apelido novo?
— Acho que sim, você vai ser minha chefinha agora. Não acredito que uma mocinha de 16 anos vai mandar em mim.
— Mandar? Eu não vou mandar em você nunca Victor. Você não é meu cachorro, é meu motorista, segurança, tanto faz. Só vai me fazer companhia, e eu tô feliz com isso. — Tiro um pequeno sorriso dele.
— Vamos então? — Ele diz abrindo a porta do passageiro pra mim.
— Vamos! — Entro animada. — Bom dia, inclusive. — O olho pela janela.
Victor entrou no carro e não demorou para dar partida. Hoje vai ser um ótimo dia, tô animada para falar com Lana sobre tudo que aconteceu ontem, e ainda tenho que ir comprar o presente de Victor.
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Além Do Tempo
RomanceDesde a infância, Katherine e Adrian eram inseparáveis, devido serem vizinhos e seus pais terem empresas associadas. Brincadeiras no quintal, segredos compartilhados e sonhos de um futuro juntos marcaram seus primeiros anos. Mas, como o tempo e a vi...