Capítulo 8

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— Filha, o que aconteceu? Por quê Adrian e Alexandre brigaram? E por quê você dormiu na casa de Adrian? Você por acaso...traiu ele? — Mamãe pergunta ansiosa.

Estamos na sala, sentadas no sofá de couro preto, enquanto as coisas lá fora ainda estavam agitadas.

— Ele que me traiu mãe. — Boto pra fora. Pegando meu celular que estava no bolso do shorts de Adrian, que eu ainda estava usando.

Mostrei as mensagens e as imagens que me mandaram. Minha mãe, sem reação, apenas pegou meu celular da minha mão e ficou encarando a tela desacreditada.

Sua reação era evidentemente apavorada.

Ela gostava muito dele, então não foi apenas uma traição para mim, e sim para meus pais que confiaram a filha deles com esse canalha.

— Meu amor...eu sinto muito. — Mamãe larga meu celular e me abraça. Acariciando minhas costas. — Quer saber de uma coisa? Ele mereceu. Adrian deveria mesmo é ter matado esse cafajeste.

— Tem algo de errado comigo mamãe? Por que ele me traiu? Eu não sou o suficiente? — Novamente minhas lágrimas surgem.

— Filha, você é mais do que suficiente. Olhe para mim. Você é forte, não sofra por alguém que não merece suas lágrimas. — A encaro entre soluços. — Suba, tome um banho e relaxe, eu estou aqui, seu pai está aqui, e o mais importante, Adrian está aqui...

As palavras da minha mãe ecoam na minha mente enquanto a realidade se instala. Um nó apertado na minha garganta não desaparecia, e eu me perguntava se conseguiria superar aquilo. Com um último suspiro, levantei-me e fui em direção à escada, sentindo a força e o amor da minha mãe me acompanharem.

Ao chegar no meu quarto, tranquei a porta e me senti mais aliviada. Meu quarto é um refúgio pra mim. É meu cheiro, minha bagunça, meu gatinho Elliot...

Ele ainda estava fechado e escuro, apenas com a luz do abajur que o iluminava minimamente.

As cortinas no tom rosa bebê estavam fechadas.

Decidi ligar para Lana, acho que o melhor para agora será passar um dia com ela para me distrair. Amanhã infelizmente já tem aula, quero estar mais eficaz para tolerar aquele ambiente desagradável.

Enquanto minha amiga estava vindo para a minha casa, resolvi tomar um banho e me arrumar. A água quente escorria pelo meu corpo, levando embora parte da tensão e do desespero que eu sentia.

Sai do chuveiro e me olhei no espelho, percebendo como eu estava péssima. Os olhos inchados, o cabelo bagunçado e a expressão cansada me lembravam da noite tumultuada que havia passado.

Após o banho, vesti uma roupa confortável e fiz uma rápida maquiagem, apenas o suficiente para disfarçar o cansaço. Sentei na cama, tentando organizar meus pensamentos. A raiva e a dor pela traição de Alexandre ainda estavam frescas, mas também havia um fio de esperança em meio ao caos.

Quando a campainha tocou, uma das empregadas da casa veio até meu quarto me avisar. Meu coração disparou. Era Lana. Levantei-me rapidamente, desci as escadas correndo e abri a porta. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto ao vê-la.

— Oi, sua linda! — Ela exclamou, me envolvendo em um abraço apertado. — Como você está?

— Não muito bem, mas vou sobreviver — Respondi, tentando soar mais positiva do que realmente me sentia.

Ela me olhou com um olhar compreensivo e logo a puxei para dentro, fechando a porta atrás de nós.

— Vamos fazer algo divertido para distrair sua mente! Que tal um filme e umas pipocas? — Lana sugeriu.

— Isso seria ótimo — Concordei, um pouco mais animada.

Fomos para a cozinha onde tinha vários armários e uma bancada bem no meio, tudo feito de estruturas metálicas, inclusive a geladeira que é exageradamente grande. Eu não venho muito aqui já que todas as refeições são servidas e raramente estou beliscando uma coisa ou outra.

Fizemos pipoca caramelizada e algumas torradas junto a dois copos enormes de leite com toddy e seguimos para a sala.

Nos acomodamos no sofá, ligando a televisão enquanto Elliot se aninhava ao nosso lado. O filme começou, mas minha mente vagava, lembrando de tudo o que tinha acontecido.

— Ei, você precisa me contar o que rolou com o Adrian e o Alexandre — Lana insistiu, enquanto eu tentava me perder na trama do filme, colocamos um sonho de liberdade.

— Hoje quero apenas ter um momento para me distrair com você. Mas amanhã te conto tudo na escola.

— Promete?

— Prometo.

— De dedinho? — Ela diz levantando seu dedo mindinho.

— Claro. — Rimos enquanto apertamos nossos dedos um ao outro.

Por hoje, decidi que iria tentar esquecer um pouco. Afinal, tinha minha melhor amiga ao meu lado, e isso já era um bom começo.

Enquanto o filme passava, eu me permiti relaxar. Sabia que tinha um longo caminho pela frente, mas por hora, só queria aproveitar aquele momento de alívio. A vida era feita de altos e baixos, e eu estava determinada a encontrar uma forma de me reerguer.

O dia ainda não havia terminado, e a luta estava longe de acabar, mas ao lado de Lana, comecei a sentir que talvez tudo pudesse ficar bem novamente.

Durante o filme não pude deixar de pensar em Adrian.

"Oque ele está fazendo?"
"Ele está pensando em mim?"
"Se machucou?"

Eu só queria poder vê-lo, ficar do lado dele, a companhia, o calor do seu corpo perto do meu, seu abraço e seu acolhimento faziam eu me sentir confortável.

● ● ●

Após algumas horas, Lana precisou ir embora, a mãe dela não deixa ela voltar muito tarde quando é um dia antes de ir pra escola.

— Fica bem amiga, qualquer coisa me manda mensagem entendeu? — A mesma fala andando até a porta.

— Mando sim. — Respondo indo atrás.

Lana me deu um beijo no rosto e um abraço.

Pedi para Victor levá-la em bora em segurança e assim que partiram olhei em direção a casa de Adrian.

Está tudo escuro, sem indícios de que tenha alguém, além disso, o carro dele também não está.

Voltei para dentro e subi para o meu quarto.

O dia hoje não começou muito bem, mas pelo menos depois disso Lana esteve comigo o tempo todo e é isso que importa, ela fez eu me sentir melhor e esquecer um pouco dos problemas.

Já Adrian, não o vi o resto do dia, o que é uma pena pois eu realmente queria vê-lo nem que seja um pouco.

Assim que tranquei a porta do meu quarto, fui para o banheiro escovar os dentes e lavar meu rosto. Me sequei com minha toalha azul e em seguida me deitei na cama com Elliot.

Não demorou muito para mim capotar.

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