Capítulo 15

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Ao soar o sinal para o fim da última aula, eu e Lana pegamos nossas coisas e saímos apressadas. Era como se estivéssemos finalmente livres, mas ainda falta uns dias cansativos de aula, e a idéia de passar o resto da tarde no shopping parecia refrescante.

— Finalmente! Já estava começando a achar que esse dia não acabaria nunca. — Lana comentou enquanto descíamos as escadas.

— Você que apressou tanto o relógio mental, agora aguenta. — Provoquei, rindo.

Passamos pelo portão da escola e encontramos o irmão de Lana, Léo, esperando por nós no carro. Ele sorriu e acenou para nós, enquanto andávamos em sua direção e nos acomodavámos no banco de trás.

Não estava nos meus planos ele vir nos buscar, eu só tinha dito isso para Victor para que ele não desconfiasse tanto, mas Lana disse que seria melhor ele nos levar então apenas concordei.

Lana é idêntica a ele, eu tenho certeza que são gêmeos mas eles insistem em dizer que não. Os dois tem a pele parda, cabelos pretos e olhos cor de mel, até as pintinhas no canto da boca e no nariz são idênticas.

— Oi Kat, quanto tempo em. — Léo disse ao dar partida.

— Pois é, você ta bem sumidinho.

— Sou um homem de negócios agora. — Ele fala em um tom de se gabar.

— Deixa de ser ridículo Leonardo. — Lana o refulta, me fazendo rir.

— Credo maninha, já saiu da escola o próprio capeta. Essa fase de aborrecente é triste.

O trajeto até o shopping foi marcado por risadas e provocações, com Léo e Lana trocando farpas como só irmãos sabem fazer. Eu estava me divertindo com o jeito dos dois. Léo continuava com seu ar de “homem de negócios”, mas Lana logo cortava o barato dele com comentários sarcásticos, arrancando de mim risadas a cada instante.

— Então, que tal um cineminha? — O garoto perguntou de repente, desviando os olhos da estrada para nos encarar pelo retrovisor.

— Nem pensar! — Lana se apressou em responder. — Temos muito o que fazer. Compras, fofocas… essas coisas importantes.

— Claro, claro, as “grandes obrigações” de vocês. — Ele brincou, revirando os olhos, mas sorriu.

Chegamos ao shopping e descemos do carro, agradecendo a carona. Léo se despediu com um aceno e prometeu passar para nos buscar mais tarde, caso precisássemos. Assim que ele saiu, eu e Lana entramos no shopping, animadas com o resto da tarde que nos esperava.

Primeiro, fomos direto até a praça de alimentação, compramos dois capuccinos de nutella ao leite e nos sentamos por ali mesmo.

— Pode ir falando, quero saber tudo. — Lana diz, já tomando sua bebida.

— Bom...Ontem Adrian foi pro meu quarto, mas ele não entrou pela porta da frente, foi pela janela. — Começo, já tirando uma expressão surpresa da garota.

— Meu Deus amiga parece aqueles filmes onde o cara entra pela janela pra ver sua amada. — Rimos.

— Essa parte nem é o melhor, nós nos beijamos! — Faço a mesma cuspir um pouco da bebida que ainda estava em sua boca.

— Como é Katherine?! Meu Deus não estou acreditando! Você deu pra ele? Usou camisinha né? Fala que sim. — Sua exaltação começa a expandir, e várias perguntas surgem.

— Não dei pra ele Lana. Infelizmente ele estava sem camisinha, então evitamos. Mas mesmo assim, ele me tocou, e sério foi tão bom que eu gozei nos dedos dele. E outra, antes disso ele ainda chupou minha larissinha. — Seus olhos estão totalmente arregalados e a mesma segue sem reação alguma.

— Nossa...minha amiga é uma vagabunda mesmo. — Começamos a rir. — Mas, eu achei que você não estava pronta pra isso. Você nunca deixava Alexandre fazer esse tipo de coisa com você. — Penso.

— Pois é, mas eu não sei oque houve, eu só quis sentir Adrian dentro de mim, foi como se pra ele eu já estivesse pronta, entende?

— Entendo amiga, nossa quando será minha vez, em? — Ela diz com sua face sarcasticamente entristecida enquanto mexe a colherzinha em seu capuccino.

Eu e Lana terminamos de tomar nossas bebidas e colocamos mais alguns assuntos em dia.

Logo após, decidimos ir fazer nossas compras, eu estou muito indecisa sobre o que dar para Victor, quero dar algo especial, algo que ele olhe e pense em mim, algo que ele olhe e se sinta bem, quero que esteja sempre com ele.

— O que você acha que devo dar de presente para o meu motorista? — Pergunto para Lana enquanto andávamos pelos corredores do shopping.

— É aniversário dele?

— Não. — Ela franze o cenho.

— Por que vai dar um presente pra ele sem data comemorativa?

— Bom, ele merece. Sei lá, ele é um homem muito bom, passa por muita coisa e trabalha duro pelos pais dele, eu quero dar esse agrado a ele. Mas quero algo que ele sempre carregue onde for.

— Já sei! — Ela se empolga. — Um relógio! Vai sempre estar com ele e ainda vai ser bem útil. — Penso.

— Pior que você tem razão.

Concordei com a sugestão de Lana, e começamos a procurar uma loja que vendesse relógios. A ideia de dar algo assim para Victor me empolgava, era discreto, elegante e, mais importante, ele poderia usar no dia a dia, sempre lembrando de mim.

Depois de alguns minutos, encontramos uma loja que parecia perfeita. Os mostruários brilhavam com diversos modelos de relógios, desde os mais simples até os mais sofisticados. Observei cada um atentamente, tentando escolher algo que combinasse com a personalidade de Victor: algo prático, mas com um toque especial.

— Esse aqui parece perfeito — Lana disse, apontando para um modelo prateado, de design minimalista. — É bonito e discreto.

Peguei o relógio nas mãos, avaliando-o. O mostrador era limpo e moderno, sem muitos detalhes exagerados, exatamente o tipo de acessório que eu imaginava que Victor usaria.

— É, acho que esse é o ideal. — Sorri, satisfeita com a escolha.

Pedi para embrulhar para presente e assim uma das atendentes fez.

Saímos da loja felizes pela escolha do relógio, não vejo a hora de Victor ver.

Eu e Lana passamos em algumas outras lojas e compramos maquiagens, eu comprei bastante coisa ontem mas tive que comprar outras coisas que vi e deixei passar.

Quando finalmente saímos do shopping, Leo já estava nos esperando no carro, como prometido. Entramos, e ele logo perguntou:

— E aí, acharam o que queriam?

— Achar, achamos. Mas gastar, gastamos mais ainda. — Lana respondeu, arrancando risadas de nós três.

Já são sete e pouco da noite, eu estou exausta, mas espero que Victor esteja em casa ainda.

Durante o trajeto de volta, eu olhava pela janela, segurando a sacola com o presente de Victor no colo. Uma sensação boa me envolvia, e a ansiedade só aumentava.

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